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sexta-feira, 24 de maio de 2013

O valor do silêncio



Em toda a comunidade cristã deveria fomentar-se o culto do silêncio, não no sentido dum silêncio trapista, mas no sentido de saber guardar em silêncio as confidências e notícias fraternas.
Inácio Larrañaga
in, Sobe Comigo
Larrañaga é claro naquilo que nos transmite.
Não nos pede o silêncio do ora et labora dos monges trapistas, mas tão só o silêncio que advém de uma maturidade adulta que aprendeu a manter com o devido resguardo os segredos que se ouvem e até as incorrecções humanas que se espreitam.
O silêncio é uma flor capaz de desabrochar em todo o coração humano, precisando apenas que este entenda que tem todo o sentido fazê-lo quando as palavras que se vão dizer se pareçam a pedradas atiradas ao companheiro de jornada, o que, para não acontecer  implica toda uma aprendizagem humana e cristã.
Como é que começa o dia, em grandes estratos da sociedade de que fazemos parte?
Nem sempre com a Oração de graças devida a Deus por nos ter dado mais um dia, mas com o barulho do rádio-despertador e, logo a seguir, mais barulho, porque não se dispensam as primeiras notícias e, depois, nem mesmo, no emprego quando se tenta um contacto telefónico é resguardado um pequeno silêncio, porque passamos a ouvir o disco da chamada música de ambiente, quando não é, mais um anúncio de publicidade.
Será que causa medo o silêncio à sociedade de que fazemos parte?
Até parece que sim, porque passamos o dia a falar e de tal modo, que deixámos até de fazer silêncio quando nos chega um rumor sobre alguém, indo de caminho transmiti-lo, fazendo outro tanto com a confidência que devia ser terreno sagrado e o não é pela leviandade de uma sociedade sem Deus que por demais estamos a deixar crescer entre nós.
É, talvez, por isso, que o poeta Khalil Gibran nos diz que aprendeu o valor do silêncio no momento em que passou a ouvir os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos... e num remate cheio de sabedoria, pelo facto de ter aprendido a respeitar a confidência e a não deixar que a sua atitude fizesse alastrar o boato, disse: e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores.
Outro tanto nos é pedido.
É preciso que aprendamos a ouvir o silêncio que mais não é que saber guardar a consciência dos ataques soezes de um mundo falador que a todos quer subverter na onda hedonista, cujo fim é o afastamento do homem dos princípios básicos da moral e da honra, por onde passa o respeito pela confidência e a não dar lastro aos rumores do mundo.
Trata-se  de cumprir o axioma bem conhecido o silêncio é de ouro, porque o povo na sua imensa sabedoria colectiva reflecte sempre o sentido das coisas de Deus.
Somos, pela Sua graça, constituídos pela força criadora da linguagem e é ela que nos caracteriza como “seres humanos” acima de todos os outros animais, mas este privilégio tem de ser usado com parcimónia, donde resulta que é necessário fazer um jejum de palavras, especialmente daquelas que magoam e, por isso, não são os tijolos que hão-de ajudar a construção humana que um dia esperamos edificar na grande Casa de Deus.



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