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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Os criadores de deuses


                                       Um certo Demétrio que construía santuários de Artemis                                        em prata e proporciona aos artífices lucrativos negócios(...) (1) 


S. Paulo, que havia aprendido na escola rabínica de Gamaliel (2) tornara-se, antes da sua conversão num estimado doutor de Leis, sendo na sua juventude um apóstolo do farisaísmo e comparsa do ourives Demétrio, de quem se demarcara, depois de ter entendido que há apenas um Deus e eram falsos todos os deuses criados pelas mãos dos homens.
Passaram, entretanto, milhares de anos e muita água correu debaixo das pontes e, no entanto, ainda no nosso tempo – parece, até com redobrada incidência – os homens não se cansam de construir para si mesmos falsos deuses, donde sobressaem: a ânsia de ter, o automóvel do último modelo, o fato sempre na moda, quando não são, imagens ou ícones que se adoram em vez do Deus verdadeiro, pondo antes de tudo o lucro fácil a troco de tudo o que o possa conduzir aos seus desígnios.
A honra e a moral passaram a ser figuras ultrapassadas. Meras figuras de estilo.
Demétrio, no tempo de S. Paulo é bem o exemplo de como tudo isto faz subverter o homem, levando-o até à soleira mais baixa do comportamento humano.
Desconfiado, que ele, pela verdade que apregoava quando dizia que não havia deuses feitos por mãos humanas, lhe estragaria o negócio, deu  em vociferar, querendo a todo o custo impor a sua verdade, que mais não era que um embuste criado pela sua falta de escrúpulos.
Enfureceu-se o falso criador de deuses.
E deu-se, então. para quem o ouviu, aquilo que hoje chamamos um fenómeno de massas. Alertados pelos gritos do trapaceiro, juntou-se uma multidão que juntou a sua voz à do ourives.
Ontem, como hoje, a voz das trevas fez-se ouvir. Acontece, assim, muitas vezes... vezes demais!
E um grito, uníssono, cortou os ares: - Grande é a Diana (Artemis) (3) dos efésios.
E reinou a confusão.
Demétrio teve a arte de chamar à sua causa em primeiro os seus pares e, logo, o povo pagão que ele enganava facilmente.
Serve esta reflexão para os tempos de hoje.
De vez em quando, o mundo, faz renascer homens como o velho ourives. 
Pseudo-líderes de causas enganosamente afirmadas de deuses que tudo dão.
É preciso todo o cuidado com as afirmações que produzem.
É que, há Demétrios por aí. Basta ler certos jornais ou ouvir  certos meios audio-visuais.
Tocam todos os sinos a anunciar os falsos deuses que querem fazer passar por verdadeiros e o que espanta, muitas vezes é que o povo se deixa enganar, ficando do lado dos embusteiros.
Atenção, por isso, aos falsos deuses que nos quer impor esta sociedade mercantilista que tendo perdido a honra e a vergonha nos quer vender gato por lebre.
E o Deus único onde está?
Onde está a consciência individual e colectiva onde Ele faz morada e sobre a qual – tantas vezes - se agigantam negócios sujos, de vil ganância e repugnantes à nossa honra e moral.
 Pesem, no entanto, os falsos deuses que andam por aí à solta, todos temos de estar alerta, porque é preciso impor a Lei verdadeira do único Deus que trazemos preso à nossa consciência de homens grandes, não no tamanho, mas na força interior que há-de impor  a verdade em cima de tantas mentiras e atropelos à nossa dignidade de viver que não pode deixar de estar acima de todos os falsos deuses que nos querem impor descaradamente.


       (1) - Act 19, 24
       (2) - Trata-se da deusa da mitologia grega Artemis, irmã gémea de Apolo, filha de Júpiter e de Latona. Protótipo de beleza  e de moral, protegia os mancebos e as donzelas. Era a deusa da Lua. Mais tarde foi identificada pelos romanos como a sua Diana. Demétrio produzia fac-similes do templo e da estátua.
    
(3) - Mestre uma importante escola de leis, em Jerusalém


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