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quarta-feira, 29 de maio de 2013


ANTÓNIO FELICIANO DE CASTILHO
 
 
 
 
Nasceu em Lisboa a 28 de Janeiro de 1800, onde também faleceu a 18 de Junho de 1875.  Era filho do Dr. José Feliciano de Castilho e de sua mulher, D. Domicilia Máxima de Castilho.
Era criança quando adoeceu gravemente, manifestando sintomas de tuberculose, receando-se muito que não pudesse salvar-se. Resistiu, porém, e já lia e escrevia quando aos 6 anos o sarampo o prostrou novamente no leito. Teve a fortuna de resistir, mas com a infelicidade de ficar privado da vista.
 Acompanhado por seu irmão Augusto Frederico de Castilho, quase da mesma idade, com ele estudou e se instruiu no conhecimento dos poetas latinos, que foram sempre os seus estudos predilectos, e com ele se matriculou na Universidade de Coimbra, na faculdade de Cânones, em que ambos se formaram. 0 seu talento poético começou a desenvolver-se, sendo ainda criança.
    Versejava com facilidade e os seus primeiros versos tinham já o cunho melodioso e bocagiano que foi característico na sua poesia. Tinha 16 anos quando escreveu uma poesia dedicada à morte da rainha D. Maria I.
    Esta poesia causou a maior surpresa por ser firmada por um poeta de tão tenra idade e sobretudo por ser cego.
Em 1818 publicou outro poemeto, intitulado: Á Faustíssima Aclamação de S. M. o S. D. João VI ao Trono. Estas duas composições granjearam-lhe o despacho da propriedade duma escrivaninha de ofício de escrivão e promotor do Juízo da Correição da Cidade de Coimbra.
Em 1820 publicou uma ode á morte de Gomes Freire. No sarau realizado na sala dos capelos da Universidade em 21 e 22 de Novembro de 1820, recitou várias composições, que andam insertas na Colecção então publicada em Coimbra. Em 1821 imprimiu o seu poema Cartas de Echo e Narciso, dedicadas à mocidade académica.
Traduziu as Metamorfoses e os Amores de Ovídeo, que escreveu muitos dos versos que depois se incorporaram nas Escavações Poéticas. Compôs dois poemetos: A Noite do Castelo e os Ciúmes do Bardo. A publicação das Cartas de Echo e Narciso motivou ao poeta uma aventura romanesca. Uma dama reclusa no convento de Vairão, D. Maria Isabel Baena Coimbra Portugal, escreveu-lhe dando-se como uma nova Echo e perguntando se ele procederia como Narciso.
Esta intriga galante deu em resultado a série de quadras do Amor e Melancolia que o poeta compôs e publicou em Coimbra no ano de 1828. Esta senhora veio a ser sua esposa, realizando-se o casamento em 29 de Julho de 1834. Pouco durou este idílio, porque D. Maria Isabel faleceu em 1 de Fevereiro de 1837.
No ano de 1840 acompanhou seu irmão Augusto à ilha da Madeira e assistiu à sua morte em 31 de Dezembro desse ano.
Castilho escreveu sobre a História de Portugal, uma publicação por fascículos intitulada Quadros Históricos de Portugal. Nesse mesmo ano casou em segundas núpcias com D. Ana Carlota Xavier Vidal, natural da ilha da Madeira, que viria a falecer em 1871.
Nos primeiros dias de 1841 voltou da ilha da Madeira e em 1 de Outubro publicava-se o 1.º número da Revista Universal Lisbonense, por ele fundada e dirigida, uma publicação que prestou serviços prestou à agricultura, à industria, às artes, à historia, à moralidade e às letras. Deixou a direcção da Revista em 17 de Junho de 1845 e nesse ano e no seguinte, de colaboração com seu irmão, o conselheiro José Feliciano de Castilho, deu principio à Livraria Clássica Portuguesa.
Em 1846 fez uma rápida passagem pela política, militando no partido de Costa Cabral, no movimento político que a história regista como o “cabralismo”.
Por esse tempo começou também a luta em que empenhou uma grande parte da sua vida, para fazer adoptar o seu método de leitura, contra o qual se levantaram grandes polémicas.
Depois, duma luta intensa que só venceu em parte, porque se o governo o nomeou comissário para a propagação do seu método e lhe deu um lugar no conselho superior de instrução pública, nunca o adoptou o seu Método de leitura oficialmente. Em 1847, desgostoso pelo modo como fora tratado, partiu para os Açores, onde se demorou até 1850.
Em Ponta Delgada escreveu o Estudo Histórico-Poético de Luis de Camões.
Fundou uma tipografia, onde se imprimiu o jornal o Agricultor Micaelense, sendo Castilho o redactor principal. Estabeleceu conferências e fundou a sociedade dos Amigos das Letras e das Artes; escreveu a Felicidade pela Agricultura, o Tratado de Mnemónica, o Tratado de Metrifìcação, as Noções Rudimentares para Uso das Escolas, e traduziu os Colóquios Aldeãos, de Timon.
    No dia 22 de Fevereiro de 1850 regressou a Lisboa e embrenhou-se acérrimamente na luta contra os adversários do seu método de leitura, do qual se publicaram duas edições em 1850 saindo a 3.ª em 1853, refundida e com o titulo de “Método Português Castilho”. Esta propaganda também motivou grandes polémicas, em que por vezes Castilho se excedeu, como na Tosquia de um Camelo, carta a todos os mestres das aldeias e cidades, em 1853; O ajuste de contas em 1854, e Resposta aos Novíssimos Impugnadores do Método Português, de 1854, publicando neste mesmo ano a 4.ª edição do Método. Em 1853 foi nomeado comissário geral de instrução primária.
      Por sua iniciativa foram abertos cursos públicos em Lisboa, Leiria, Porto e Coimbra, para instruir adequadamente os professores.
      Em 1865 foi ao Brasil com o intuito de propagar o seu Método donde voltou nesse mesmo ano, sendo recebido amigavelmente por D. Pedro II, a quem dedicou o seu drama Camões, e de quem foi sempre dilecto amigo até à morte.
      Em 1861 publicou se a nova edição do Amor e Melancolia aumentada com a Chave do Enigma, parte complementar desenvolvida com a autobiografia do poeta até 1837.
      Em 1862 publicou-se a tradução dos Fastos de Ovídeo, em 6 volumes.
Em 1863 foi publicado o Outono, colecção de poesias.
Em 1866 foi a Paris na companhia de seu irmão José Feliciano de Castilho, tendo sido apresentado ao escritor, então muito em voga, Alexandre Dumas, de quem era um grande admirador.
Nesse ano – 1867 -  publicou em Paris a Lírica d'Anacreonte.
Igualmente, em Paris, apareceu urna edição luxuosa da tradução das Geórgicas de Virgílio.
Em 1868 foram publicados os Ciúmes do Bardo .
Castilho empreendeu, ainda, a tradução do Fausto de Goethe.
O titulo de Visconde de Castilho foi-lhe concedido em duas vidas por decreto de 25 de Maio de 1870.
A sua morte foi muito sentida e no seu funeral viram-se representadas todas as classes da sociedade, ministros, colegas da Academia,  representantes das letras e os homens mais grados do exército, da magistratura, do professorado e da armada.
Dele apareceram biografias subscritas pelo Dr. Teófilo Braga, na Encyclopedia Portugueza Illustrada, em publicação no Porto, vol. 2.°, pág. 639 e 640 e outra por Latino Coelho, na Revista Contemporânea tomo 1, pág. 297 a 312, 353 a 360. 453 a 459, continuando no vol. II. de pág. 177 a. 183. e de pág. 321 a 336.
Para comemorar o centenário do nascimento do notável homem de letras colocou-se em 28 de Janeiro de 1900 uma lápide na casa onde nasceu, Alcântara, Lisboa.
 

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