O problema da origem do mudo preocupou sempre o homem capaz de reflectir, visto ser impossível contemplar o espectáculo do
Universo estrelado, sem perguntar como é que ele se formou.
Henri Poincaré
in, Deus, o Homem e o Universo, cap. II.
citado por António Romañá
António Romañá, ao dissertar sobre: “O Mundo, a sua Origem e Estrutura à Luz da
Ciência e da Fé”, começa por citar Henri Poincaré, (1) e a sua asserção de como se pode olhar o Universo sem que o
homem se interrogue sobre o modo, o como e quem o formou.
Romañá,
põe-nos diante do problema cósmico, fazendo-nos reflectir sobre três das grandiosidades
que nos espantam, começando pela Terra, o planeta que habitamos, focando-o como
ele se apresenta: um elipsóide de
revolução isolado no espaço, afirmando – que se fosse possível, podíamos andar
ou correr à sua volta – sem deixar de citar os 6.370 Km . do seu raio e o
conhecimento que os construtores das Grandes Pirâmides, cerca de 4.000 anos a.
C., já tinham desta realidade cósmica, sendo certo que foi deles que aprendeu o
primeiro grande astrónomo, Tales de Mileto, no século VI a. C.
Sobre a Lua, 49 vezes mais
pequena que a Terra, diz o autor que esta, é no espaço a sua companhia, embora
afastada 386.000 Km .,
e girando à sua volta num percurso de 29 dias e meio.
E, finalmente, fala-nos do
Sol, o astro distante de nós cerca de 150 milhões de Km, ao redor do qual
gravitam todos os planetas, sendo que o nosso gravita à sua volta a uma
velocidade de 30 Km
por segundo. Com um raio de 695.000
Km e um volume de 1.300.000 vezes o da Terra, o Sol à
superfície apresenta uma temperatura de cerca de 6.000º C. e está demonstrado
que a sua luz demora cerca de 8min e 18seg. a chegar até nós.
Ao apontar estes dados
fantásticos que constituem realidades impossíveis de conceber e realizar pela
inteligência humana, o autor após ter feito alusões a vários homens do
conhecimento da ciência, passando por Ptolomeu, Copérnico, Kepler, Galileu,
Newton, e Léon Foucault, ao fazer a
apologia do encantamento e do concerto dos planetas e dos astros, refere uma
exclamação de profunda admiração de Voltaire, quando ele, em presença desta
magnífica obra-prima da Criação, exclamou, convicto: “É impossível conceber
a existência do relógio sem a existência do relojoeiro”.
O
homem cujos sarcasmos anti-religiosos chegaram até aos nossos dias, rendeu-se à
concertação estelar e a maravilha intersideral de todos os agentes cósmicos e
reconheceu a existência de um relojoeiro universal
É
por isso que quando vemos homens públicos com responsabilidades sociais e
pigmeus literários ao pé da grande
figura que ele foi, declarar com pompa: graças a Deus sou ateu, fica-nos
uma impressão de tristeza por vermos a cegueira de homens auto-convencidos da
sua sabedoria, parecendo que sabem – mas sem
nada saber – da explicação do
Mundo.
O
grande polemista que era um génio da cultura europeia não se prestou à fácil e
comodista negação de Deus - neste passo da sua vida atribulada - para estar de bem com uma certa sociedade,
que no seu tempo, como hoje, continua a alimentar os vaidosos cheios de si
mesmos.
Como
todos os homens inteligentes não teve pejo em reconhecer o Relojoeiro Universal
que desde o fundo dos tempos dá corda ao grande relógio do Mundo.
(1) - Jules Henri
Poincaré (Nancy, França, 29 de Abril de 1854 - 17 de Julho de 1912, Paris) foi
matemático, físico e filósofo. Entre os
seus muitos trabalhos contam-se a teoria da relatividade
e cosmologia.
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