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segunda-feira, 27 de maio de 2013

O sentimento do amor



Paráfrase de uma mensagem evangélica

Conta-se que numa ilha imaginária viviam - como se verá, depois, numa aparente harmonia - todos os sentimentos humanos, como a Amor, a Emoção, a Alegria, a  Tristeza e a Moralidade a par de situações acidentais, como a Riqueza.
Um dia, soube-se naquela ilha que uma convulsão natural se preparava para a mergulhar na profundeza das águas, o que originou que todos arregaçassem as mangas e prepararam os seus barcos para desertar.
E assim aconteceu.
Ficou, apenas, o Amor.
Com fé num milagre qualquer que livrasse a ilha daquele cataclismo anunciado, dispôs-se a arriscar até ao último momento, até que, quando pressentiu, que já nada mais havia a fazer, resolveu partir.
Aconteceu, porém, que não encontrou o seu barco, de que resultou ter de pedir ajuda.
Colocado na orla da praia deu em olhar o horizonte.
Viu ao longe o barco da Emoção e acenou-lhe:
- Salva-me...
- Não posso. – ouviu – Estou de tal forma comovida, que a emoção de ter deixado a ilha me tira o desejo de voltar aí...
Viu, depois, o barco da Alegria e pensou: “Esta vem salvar-me”...
- Não vou, não! – disse-lhe de muito longe – Estou tão alegre de ter partido, que já não sei o caminho para chegar ao pé de ti...
Passou a Tristeza e o Amor pensou: “Não vale a pena chamá-la... vai muito triste”...
E não a chamou.
Mas, de repente, apareceu a sulcar as ondas o barco da Moralidade.
De novo o Amor exultou, na expectativa de ser salvo.
Mas, não aconteceu.
- Não tenho tempo agora. Neste meu novo estágio de vida tenho o meu tempo todo ocupado a dar lições de Moral. – desculpou-se a Moralidade
Veio a seguir a Riqueza.
- Vem salvar-me, pediu o Amor, já em estado desesperado, pressentido que em breve iria ao fundo, já que mal se via a praia e a ilha era, somente, uma mancha em cima do Mar.
Foi, então, que o Amor ouviu a voz de alguém, vinda de muito longe, das alturas do Céu - segundo lhe pareceu - e lhe disse:
- Vem, Amor... anda comigo...
Nos braços daquele ser estranho, de longas barbas e olhar profundo, andaram dias, até atingirem terra firme.
Aconteceu, porém, que de tão contente e emocionado por se saber a salvo o Amor se esqueceu de lhe perguntar o nome, lembrando-se desta falta, quando ao olhar em derredor deu-se conta que o seu salvador tinha desaparecido.
Foi, então, que lhe apareceu, nem sabe de onde, o Saber, a quem perguntou:
- Por favor, tu que sabes tudo, diz-me o nome de quem me ajudou.
- Foi o Tempo...
- O Tempo?... – questionou o Amor – mas porque foi que o Tempo me ajudou?
- Porque só o Tempo é capaz de avaliar como tu és de tal modo importante na vida que não podes morrer!

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