Reflexão parafraseada sobre uma história de espiritualidade de autor desconhecido
Suzana
com os seus doze anos sobressaía das outras meninas da sua idade pelo seu
temperamento espiritual, considerado misterioso e incompreendido, a começar
dentro da sua própria família.
Era
assídua leitora de livros infantis, sobretudo, de todos aqueles onde o sonho e
a aventura se misturavam com a espiritualidade da sua própria natureza, onde
ela encontrava razões para viver e aprofundar todas as coisas que a pouco e
pouco ia descobrindo.
Era
uma menina de sonho e de sonhos.
Estremecida
pelos pais, estes sentiam no seu comportamento algo que os inquietava, o que
fazia terem por ela uma protecção exagerada, tendo em conta os modos que a filha usava, deixando-os confundidos.
Bem
ao contrário das meninas – e meninos – da sua idade, Suzana adorava noites de
tempestade, com trovões e raios de luz rasgando os Céus e enchendo os ares.
Enquanto
os demais da sua idade se refugiavam em casa, muitos deles agarrados às saias
das mães ou esmagados nos braços fortes dos pais, a Suzana ficava de janela
aberta olhando o Céu e alegrando-se quando este se fendia pelos raios e o seu
quarto se iluminava daquela luz intensa.
Punha
as mãozinhas ao alto e dava graças a Deus pelo espectáculo grandioso que Ele
lhe na Sua Omnipotência lhe oferecia.
Os
pais, sem que ela o suspeitasse, naquelas noites costumavam vigiá-la, sentindo
que na filha morava um anjo de uma espiritualidade ardente que eles agradeciam
por morar dentro do seu lar.
Até
que um dia – alta noite - não contente com a cena que via de janela,
sorrateiramente, saiu de casa e pôs-se a caminhar alameda fora fustigada pela
chuva inclemente, a olhar o Céu e a agradecer a Deus sempre que um raio o
rasgava e lhe iluminava por instantes o caminho.
Em
casa, entretanto, fora dada a sua falta.
Os
pais, aflitos, vencida a primeira estupefacção resolveram sair e correr alameda
fora na esperança de encontrarem a pequena viandante da noite.
Assim
aconteceu.
Num
momento o Céu abriu-se e pareceu querer antecipar a primeira luz da madrugada pela
intensidade dos clarões que rasgavam em zigue-zagues a amplidão dos espaços.
Foi
então, que espantados e incrédulos, deram com a Suzana na posição do costume: -
a olhar o Céu e de mãos postas a agradecer a Deus o espectáculo daquela noite.
-
Que fazes aqui? – perguntaram.
A
menina, serenamente, desfez as mãos postas, caminhou de braços abertos para os
pais e disse: Estava a agradecer a Deus o facto de me ter tirado tantas
fotografias... foram tantas, quantos os raios de luz que iluminaram o meu rosto.
Espero que em todas tenha ficado bonita, porque sorri sempre a todos os raios
que me iluminaram.
Naquela
noite, para a pequena Suzana e seus pais – que aceitaram e compreenderam a
resposta - Deus tinha sido um fotógrafo
único e excepcional e havia dado motivos de sobra à espiritualidade da pequena
Suzana.
Assim
os homens entendessem, que na vida, mesmo sem os raios de luz que anunciam as
tempestades, Deus é sempre o fotógrafo de serviço e ninguém escapa na revelação
das fotografias que Ele nos faz pela vida fora e, um dia, nos apresentará.
Como
estará, cada um de nós, nas muitas fotografias que Deus nos vai tirando pela
vida fora?
A
Suzana, naquela noite ficou muito linda e, segundo se crê, assim aconteceu pela
vida adiante, movida pela sua profunda espiritualidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário