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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Deus: Um valor acima do Mundo



Mais do que nunca o mundo de hoje se nega à aceitação de algum valor que não esteja nele. Mais do que nunca o homem actual está convencido de que deve resolver as suas questões na sua casa, sem aguardar um auxílio extra.
Zacarias de Oliveira
in, Deus para que serve?
Eis um dos pecados actuais do mundo actual: não aceitar algum valor que não esteja nele, advindo isto do facto de muitos  homens andarem tão cheios de si mesmos, que Deus – a aceitar-Se, o que faz, segundo pensam - é complicar-lhes a história que eles querem escrever á sua maneira, esquecendo deliberadamente que Ele jamais foi e nunca será um factor estranho à História, porque está dentro dela por direito próprio.
Também ao homem religioso não se lhe pode aceitar o pensamento de lhe caber algum mérito, quando pensa que é a ele e à sua acção que se deve a intromissão de Deus no mundo, ou mais concretamente, no seu ambiente, porque Deus não é um dado externo que se põe ou não, consoante a vontade do homem, porque está lá desde o princípio dos tempos.
Deus é o clarão luminoso que cobre todos os homens e não o clarão que alumia, isoladamente, cada um.
O que acontece, é que há os que na sua humildade de procura e de afecto O encontram, fazendo d’Ele um companheiro de jornada a quem transmitem as suas mais íntimas preocupações, conscientes de se tratar de um valor único, exterior, imutável e transcendente,  guia e timoneiro, sentindo-O comprometido com os seus destinos.
Assim o declarou Isaías:
Mesmo que as montanhas oscilassem e as colinas se abalassem, jamais meu amor te abandonará e jamais meu pacto de paz vacilará, diz o Senhor que se compadeceu de ti, (54,10).
 É assim, porque  Ele ama o homem e sente-Se comprometido com a Sua Palavra, mas na espera de receber deste um acto de fidelidade, porquanto a Aliança requer um compromisso mútuo estendido através das gerações.
Realizou-se isto em plenitude através de Jesus Cristo ao permitir a vida eterna a quem aceitar o mandato do Pai, alertando-nos, por intermédio de S. Paulo, que somos uma carta d’Ele, redigida por nosso ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações. (2 Cor 3, 3).
Acontece, porém, que no mundo actual parece haver falta de corações de carne, tendo-os destituído de valores espirituais, donde imergem – quando tal acontece –  concepções de um Deus feito à medida das mentalidades, não raro mergulhadas num ataque feroz aos ditames evangélicos de princípios que não podem mudar à mercê das conveniências de cada um, porque o Deus da História é um Deus que não se deixa, de modo algum, mergulhar no chafurdo das mais vãs catilinárias.
Tenhamos a certeza de um facto.
Nunca um Deus atirado pelo homem controverso de fora para dentro da história que ele deseja escrever e autografar, servindo-se d’Ele para lhe dar prestígio, poderá dar-lhe, senão passageiramente, uma aura que se esvairá ao primeiro sopro de um vento contrário, porque só o Deus verdadeiro que está dentro do coração do homem e lhe molda a  história, é que faz que ela perdure e seja um exemplo a seguir.
É este Deus que tem de ser reconhecido como Alguém que se meteu dentro do coração do homem, que na sua fraqueza, sabe que só com Ele é que pode construir a sua casa.

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