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segunda-feira, 13 de maio de 2013

O MEU "QUARTO DE SENTINELA"


Fazer um "quarto de sentinela" significa, na vida militar, o cumprimento de duas horas de vigia. Imitemos a sentinela e, como ela, fiquemos vigilantes para que não entreguemos - nunca mais - de mão beijada aos políticos que elegemos o cumprimento da sua missão sem que, da nossa parte, sigamos a lei militar fazendo o nosso "quarto de sentinela" mas extensivo às 24 horas do dia.
O que acontece, actualmente, em Portugal é que após o 25 de Abril de 1974 têm faltado por demais as sentinelas de serviço e, quando vemos, como agora, o Chefe do governo a tentar gerir uma crise para a qual, directamente, não contribuíu e o responsável pelo maior partido da oposição, que antes da entrada da Troika - entre quinze anos esteve quase treze anos no poder - a esgrimir farpas incendiárias, quando os Partidos de um e outro, não cumpriram, verdadeiramente, com o "quarto de sentinela" que o povo lhes pediu com o voto que alternadamente lhe foram dando, julgamos de má fé o discurso de António José Seguro, que com raras excepções, assistiu do alto da sua bancada parlamentar José Sócrates, que devia ter sido castigado pelo "Comandante" - que é, por inerência do cargo o Chefe Supremo das Forças Armadas - pelo facto de se ter deixado "adormecer " no cumprimento do seu "quarto de sentinela" José Sócrates, na ilusão de um País que não tinha meios para viver como ele sonhou.
Penso, aliás, que até o próprio "Comandante" devia ser castigado pelo facto de ter deixado alastrar por tempo demais a bancarrota que nos espreitava e só ter feito avisos do perigo, quando já pouco ou nada havia a fazer.
Por isso, agora, tarde demais - admito - vou fazer o meu "quarto de sentinela", porque antes conhecia o "santo-e-senha" isto é, o sinal como ser reconhecido, mas agora, porque esqueci as palavras do sinal, desconfio politicamente, de todos, embora no meu posto de sentinela, por amor de um Deus em quem acredito, eu me sinta , humanamente, irmão de todos e a todos dizer como Miguel Torga fez no seu poema Santo e Senha:

Deixem passar quem vai na sua estrada.
Deixem passar
Quem vai cheio de noite e de luar.
Deixem passar e não lhe digam nada.


Deixem, que vai apenas
Beber água de Sonho a qualquer fonte;
Ou colher açucenas
A um jardim que ele lá sabe, ali defronte.


Vem da terra de todos, onde mora
E onde volta depois de amanhecer.
Deixem-no pois passar, agora
Que vai cheio de noite e solidão.


Que vai ser
Uma estrela no chão.


Deixem-me passar e não me digam nada, como pediu o Poeta.
Vou a caminho de cumprir o meu "quarto de sentinela", cheio de noite e solidão, com a certeza de não ser mais a estrela sonhada num céu prometido após uma longa noite de sombras, mas uma estrela no chão, o que é doloroso para quem sonhou com as alturas onde uns maus políticos nos colocaram, e agora - estranhamente - colocados bem rentes a um chão ingrato que não merecemos!

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