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sexta-feira, 3 de maio de 2013

O GRANDE NAUFRÁGIO

Capa da Revista "Ilustração Portuguesa" de 25 de Abril de 1904
  
A gravura que a antiga publicação editou nada tem a ver com Portugal.
A imagem configura um trágico aspecto da batalha de Porto Artur entre russos e japoneses mostrando o afundamento de um dos barcos.
A gravura, porém, tomada dentro da liberdade criadora da imaginação do homem que não tem limites - fala de uma outra batalha bem chegada aos nossos dias - admitindo-se que  o barco a afundar-se nos mostra a ré, pode a nossa imaginação concluir que no casco da proa tinha o nome de Portugal já imerso nas águas revoltas da tal batalha começada no dia 25 de Abril de 1974 - curiosamente, a data da edição da "Ilustração Portuguesa" - e que, tudo tivemos para a ganhar não fora o desastre de estarmos em vias de nos afundarmos no grande barco que alegremente levou, no cais de partida, quase a totalidade do povo português.
A grande tragédia é, que, neste momento, os comandantes que deviam ser os últimos a abandonar o barco, se assemelham aos que, na gravura dão o salto para um mar que tem tudo menos o de ser revolto.
Espero que todos se salvem.
Espero, também, que todos nos salvemos, muito embora a posição instável em que se encontra o barco "Portugal".
Tenho esperança, contudo, que num esforço colossal havemos de erguer a proa - não deste barco que caminha para o fundo, mas doutro e equilibrar-mo-nos por forma a não sermos de novo engolidos nas águas revoltas em que alguns comandantes, dos quais omito o nome por não terem merecido a confiança que o povo lhes deu - descuidados ou inaptos - meteram o barco sem cuidar que nas águas andavam uns tubarões sedentos que eles não souberam prevenir.
Tenho a certeza que não nadaram com eles, mas que, na campanha alegre foram seus parceiros imprevidentes.
Razão, porque, vendo alguns deles a comentar, agora, com ares doutorais o que  ajudaram a acontecer, se não fosse o momento angustioso que vivemos havia de rir, o que não faço por vergonha de mim mesmo.
Por me arriscar a fazer figura de palhaço, ou seja, rir sem ter vontade.
E isso não faço.
Mas tenho vergonha - isso tenho -  de ter andado embarcado num barco que também  ajudei a afundar.
Espero que eles, também tenham vergonha!
  

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