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quarta-feira, 22 de maio de 2013

CONSELHO DE ESTADO

Dia 20 de Maio de 2013
  
Com uma esquerda à porta a  gritar impropérios, como se a direita não sofra como eles o estado a que Portugal chegou,  reuniu-se o Conselho de Estado, tendo como representante estatutário do povo o Chefe do Estado, enquanto os conselheiros ou se representavam a si mesmos ou as facções políticas a que pertencem ou pertenceram.
Por fim foi lido um comunicado lacónico fixando cinco pontos e sobre o qual, como de costume o povo tem de ler nas entrelinhas e adivinhar o que se passou.
Pessoalmente, penso, que o povo não devia ser posto a fazer papel de adivinho, porquanto o Estado é dele que dimana - e só por isso - devia ser mais respeitado quando se reúnem os dignos conselheiros, dando-lhe conta do detalhe da reunião  e não a mascararem, como agora aconteceu, nos cinco pontos que embora correspondam à agenda escondem nas entrelinhas algo que devia ser dito.
Bem ao contrário existem os documentos históricos dos relatos das Cortes Portuguesas no tempo da Monarquia em que o povo tendo nelas os seus representantes, era informado, algo que agora, no tempo democrático das "luzes" nos escondem.
De adivinho, ou talvez não - mas em nome do povo -  foi o que fez o jornal "Expresso" que afirma que num dado ponto da reunião, bem ao contrário da agenda que a remetia para a discussão do pós-Troika - em Junho de 2014 - três socialistas, José Seguro, Mário Soares e Manuel Alegre, defenderam eleições antecipadas e aqui, não é preciso adivinhar.
É o que eles querem, num acto em que o povo apenas entra a fazer papel de figurante.
Em Portugal isto tem sido apanágio da esquerda radical, mas aqueles senhores deviam ter mais contenção verbal e sentido de Estado, sobretudo, Mário Soares, que como diz o povo, perdeu a tramontana, o que é pena olhando a figura que ele representa,
Quanto a José Seguro - empurrado e eufórico como anda - não admira que tenha posto a questão, em defesa de uma solução que ele sabe, a única alteração que trazia para Portugal era pôr o PS a governar o País, a cumprirem-se as intenções de voto actuais, mas sem se vislumbrarem os benefícios palpáveis que só existem na sua mente populista de que se tem feito paladino, esquecido como anda que durante longos anos apadrinhou no Parlamento - salvo raras excepções - a política de desastre nacional a que o seu Parido conduziu Portugal.
No entanto, dado o desnorte do PSD, vítima de uma crise interna que não pode controlar pelos efeitos internacionais que se abateram sobre Portugal, entende-se, que queira chamar para si os votos dos descontentes, ou seja, daquela franja volátil do eleitorado.
Mas isto não se entende em Mário Soares a quem se deve perguntar - neste momento em que é conselheiro de Estado - o que mais interessa: o seu Partido ou Portugal, sabendo-se que no presente as eleições não iam diminuir o défice e onde a sua e a nossa voz é bem pequena no areópago de Bruxelas, onde quem manda é quem nos emprestou dinheiro.
Não devia ser assim, mas o dinheiro não tem Pátria e como não tem não quer saber da nossa, da qual o que pretende são as contas saldadas, como ele saldou no tempo em chefiou o Governo e nos exigiu os sacrifícios que parece ter esquecido.
Quanto a Manuel Alegre tenho pena de o não ver intrometido, apenas, nas andanças mágicas da sua Poesia, porque como ele, sei e sinto que temos em frente uma batalha a vencer e, hoje, como ontem aconteceu, há estrofes em "A Trova do Vento Que passa" que continuam a ter sentido, porquanto, ele e eu e todos os portugueses lúcidos andamos a interrogar, não o vento da ditadura que vencemos, mas o vento da Democracia que devia dizer muito e pouco diz, porque em muitos lares só o silêncio persiste  o que nos leva a repetir o antigo lamento do Poeta:

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Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
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E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
..................................................

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

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Pois é, meu caro Poeta.
A Pátria que partiu em 25 de Abril de 1974 de vela içada numa nau que se fez a um mar que pareceu bonançoso naquela leda madrugada, não tardou a navegar ao invés da corrente e, em vez de procurar novos mares - porque andou para trás -  parou à beira de um rio triste, e agora, depois da nova madrugada prometida e ela existiu, até pela força dos versos de Manuel Alegre,  eis que a noite cresce por dentro e parece afundar-se como se afundou o País.
E eu, que acreditei num vento novo ando agora a pedir notícias ao vento / e o vento nada me diz porque andámos - e todos temos culpa -  a fazer de cigarras sem cuidar de amealhar para este tempo em que vemos a nossa Pátria parada a pedir-nos o que lhe não podemos dar, que não sejam palavras de cariz revolucionário, do bota-abaixo, como ele mesmo diz no verbo inflamado que é seu timbre e eu respeito.
Mas do Poeta Manuel Alegre, espero mais do que pedir a queda do actual governo.
Que peça aos que o ajudaram a cair um Acto de Contrição. A todos, à direita e à esquerda.

E peço mais. Um poema que nos diga a verdade do que aconteceu. É que, hoje, como no tempo em que o Poeta escreveu "A Trova do Vento Que Passa" rolaram muitos anos e eu vejo - como ele vê - a nossa Pátria crucificada / nos braços negros da fome.
Por culpa de quem?

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