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terça-feira, 14 de outubro de 2014

O Forte do Bugio






Situado sobre uma esplanada rochosa que imerge do fundo das águas à entrada amplo estuário formado pelas águas do rio Tejo e a 1,5 milhas a Sul do Forte de S. Julião da Barra, situa-se o actual Farol do Bugio.

A confluência do Rio Tejo, com o abraço do seu amplo estuário às águas do Atlântico, dando acesso às populações das margens, foi desde tempos imemoriais, um convite a assaltos perpretados pela pirataria dos mares que não davam descanso, chegando a penetrar no Tejo com todo o à vontade, pondo em sobressalto a própria capital do Reino.
No ano de 1389, D. João I, após ter acordado as tréguas com Castela, volta-se para os problemas internos, cabendo-lhe a honra de ter sido o primeiro monarca a interessar-se pela sorte das gentes ribeirinhas e dos seus percalços, procurando dar-lhes apoio com meios de defesa, tarefa que teve continuadores nos reis que se seguiram.
O Forte do Bugio – ou de S. Lourenço, de seu nome inicial – foi, finalmente, mandada edificar por D. Sebastião, iniciando-se as obras em 1578 .

Segundo, parece, a ideia inicial, tendo em conta o local – um cômoro de alguma amplitude – passou por se estabelecer em círculo uma cerca de prumos de madeira, dentro da qual se descarregou entulhos e pedras de grande porte destinadas a fazer uma fundação consistente, sobre o qual se construíu um forte totalmente construído em madeira, que no entanto, a breve prazo, foi dizimado pelos fortes temporais e pelas alterosas vagas.
O plano seguinte, em pleno domínio filipino, foi concretizado em 1586, segundo o plano do arquitecto italiano, Frei Giovanni Vincenzo Casale, que para aquele local idealizou uma construção em alvenaria, que veio a ser interrompida aquando da guerra da restauração da independência, cabendo a D. João IV a tarefa de dar um novo impulso às obras.

 Em sua honra, o forasteiro que venha a visitar o Forte do Bugio, encontra logo à entrada uma placa onde se anuncia que a obra recomeçou no ano de 1643.
Aconteceu, entretanto, que as muitas catástrofes havidas no mar, à entrada da Barra, levaram o Marquês de Pombal a decretar em 1775 a instalação de um farol com torre em alvenaria de forma cónica, sendo o clarão produzido, como era então costume, pela incandescência de labaredas produzidas pela queima de fogueiras de lenha resinosa, carvão de pedra ou alcatrão inflamado em potes de ferro ou, ainda, por archotes de resina ardendo ao ar livre.

Sendo de pouca eficiência a luminosidade produzida por aqueles meios, em 1836 foram colocados no farol 16 “candeeiros de Argand”  cuja luz iluminava até 16 milhas.
Uma beneficiação posterior, operada em 1895, originou que a luz branca, fosse intercalada de 20 em 20 segundos de uma luz de cor vermelha.
Em 1933 a fonte de energia passou a ser o gás, que em 1959 deu lugar à electricidade.
Muitas gerações de faroleiros passaram pelo velho farol até ao ano de 1982, quando passou a ser totalmente automatizado.

Há quem afirme que este é o mais belo farol português, advindo esta classificação pelo local onde se encontra, o qual, apesar da beleza que lhe dá e o tornou famoso, não deixará jamais de lhe ofender a estrutura envolvente, pelo facto de estar exposto à força colossal das marés que criam instabilidades nas funduras do assento e das nortadas que ao longo dos tempos vão deixando as suas mazelas na esplanada que sustém a construção.
Daí, a necessidade imperiosa de obras de conservação, como as últimas realizadas na década de oitenta do século XX, tendo-se encarregado das mesma a Administração do Porto de Lisboa, de quem depende aquela sentinela da Barra portuguesa.

As últimas ocorreram recentemente, no ano de 1997, com a colocação de milhares de metros cúbicos de camadas espessas de betão ciclópico ao redor da esplanada, tapando fendas e dando-lhe mais robustez, na procura de lhe dar a consistência perdida para resistir aos temporais.
O antigo Forte, hoje conhecido por Farol do Bugio é justamente considerado um Monumento Nacional.
       

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