Gravura de Jan Luyken, ba Bíblia de Bowyer
(in, Wikipédia)
7
- Parábola do Fermento
Sobre o modo de como é possível
explodir com o poder da graça de Deus
Texto do Evangelho de S.
Mateus 13, 33
(concordâncias em Mc 4, 31-32 – Lc 13, 21)
Outra parábola
lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e
misturou com três medidas de farinha, até ficar tudo levedado.
Jesus havia acabado de proferir a parábola do grão de mostarda e, de seguida, compara
o Reino do Céu ao fermento que a dona de casa utiliza para levedar a massa.
O significado é em tudo semelhante, tendo no
entanto, cambiantes diferentes.
Ao falar da mostarda, Jesus frisou com pertinência o
facto dela provir de uma semente pequenina e ter um desenvolvimento constante e
consistente, deixando perceber a robustez do seu porte.
Neste caso chamou a atenção para uma diferença de
natureza física, imperceptível, mas
real.
O fermento, por seu lado, opera na massa e ao
levedá-la produz, como é sabido, uma reacção espontânea e de crescimento
rápido.
Os profetas que antecederam Jesus falaram
abundantemente do triunfo absoluto do Reino messiânico, a ponto de Isaías ter
afirmado que nos tempos futuros, este se ergueria nos cumes do montes e se levantará no alto das colinas o monte do
templo do Senhor, ao qual afluirão todas as nações e muitos povos acorrerão e
dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor, ao templo do Deus de Jacó; (1)
Daniel, explicando a Nabucodonosor o sonho que ele
tivera sobre a estátua de quatro metais
disse ao rei babilónico, que existia um Deus que lhe daria a conhecer os tempos
vindouros, acrescentando-lhe o facto de quando ele estava a olhar a estátua se
ter desprendido uma pedra de uma montanha
e ao atingi-la em seus pés de ferro e de
argila a ter desfeito.
Então o ferro,
o barro, o bronze, a prata e o ouro pulverizaram-se num instante e tornaram-se
como a palha miúda das eiras no verão; foram arrebatados pelo vento, de sorte
que deles não ficou vestígio algum; mas a pedra que tinha atingido a estátua,
transformou-se numa grande montanha que encheu a terra inteira. (2)
Esta grande montanha que havia de encher a terra
inteira é uma prefiguração do Reino de Deus, que Jesus aflora nesta parábola
muito breve, passada a época dos reinos de forças contrárias ao plano de Deus,
como o da Babilónia, dos Persas, de Alexandre e o dos Diádocos.
S. Mateus e S. Lucas registam-na com associação
imediata à parábola do grão de mostarda, deixando ver, em ambas, o modo como o
Reino se expandiria, mas enquanto a primeira é uma força interna (a semente)
que cresce para o exterior (arbusto), o fermento é sempre uma força interna que
ao expandir-se não perde essa qualidade até
ficar tudo levedado, ou seja, assumindo-se como uma força poderosa de
natureza espiritual na expansão do Reino, mas invisível aos olhos do mundo.
S. Lucas, a este propósito, refere que Jesus ao ser
interrogado pelos fariseus sobre quando chegaria o Reino de Deus, refere que o
Mestre respondeu deste modo: O Reino de
Deus não vem de maneira ostensiva. Ninguém poderá afirmar: ei-lo aqui ou ali,
pois o Reino de Deus está dentro de vós. (3)
Jesus ao falar deste modo queria provocar uma
revolução radical no coração humano ao fazer que explodisse por acção do
fermento a que Ele alegóricamente comparou o Reino dos Céus, um mundo novo e
renovado, de ordem espiritual.
A obra do fermento de que Ele falou era, de facto,
uma acção interna e invisível como deve ser toda a obra operada pelo poder da
fé.
E o movimento de uma força assim, não deve ser
ruidosa, nem clamorosa.
Antes, deve ser firme e determinado, criando por
dentro a grande montanha de Deus,
onde Ele mesmo se assume como fermento, não só pela divindade da sua condição
sobrenatural, como da Pessoa destinada pelo Pai a entrar no coração dos homens
de todos os tempos.
(1)- Is 2, 2-3
(2) - Dn 2, 35
(3) - Lc 17, 20-21
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