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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Parábola do fermento



Gravura de Jan Luyken, ba Bíblia de Bowyer

(in, Wikipédia)



7 - Parábola do Fermento

Sobre o modo de como é possível
explodir com o poder da graça de Deus


Texto do Evangelho de S. Mateus 13, 33
(concordâncias em Mc 4, 31-32 – Lc 13, 21)


Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar tudo levedado.




Jesus havia acabado de proferir a parábola do grão de mostarda e, de seguida, compara o Reino do Céu ao fermento que a dona de casa utiliza para levedar a massa.
O significado é em tudo semelhante, tendo no entanto, cambiantes diferentes.
Ao falar da mostarda, Jesus frisou com pertinência o facto dela provir de uma semente pequenina e ter um desenvolvimento constante e consistente, deixando perceber a robustez do seu porte.

Neste caso chamou a atenção para uma diferença de natureza física,  imperceptível, mas real.
O fermento, por seu lado, opera na massa e ao levedá-la produz, como é sabido, uma reacção espontânea e de crescimento rápido.
Os profetas que antecederam Jesus falaram abundantemente do triunfo absoluto do Reino messiânico, a ponto de Isaías ter afirmado que nos tempos futuros, este se ergueria nos cumes do montes e se levantará no alto das colinas o monte do templo do Senhor, ao qual afluirão todas as nações e muitos povos acorrerão e dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor, ao templo do Deus de Jacó; (1)

Daniel, explicando a Nabucodonosor o sonho que ele tivera sobre a estátua de quatro metais disse ao rei babilónico, que existia um Deus que lhe daria a conhecer os tempos vindouros, acrescentando-lhe o facto de quando ele estava a olhar a estátua se ter desprendido uma pedra de uma montanha e ao atingi-la em seus pés de ferro e de argila a ter desfeito.
Então o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro pulverizaram-se num instante e tornaram-se como a palha miúda das eiras no verão; foram arrebatados pelo vento, de sorte que deles não ficou vestígio algum; mas a pedra que tinha atingido a estátua, transformou-se numa grande montanha que encheu a terra inteira. (2)
Esta grande montanha que havia de encher a terra inteira é uma prefiguração do Reino de Deus, que Jesus aflora nesta parábola muito breve, passada a época dos reinos de forças contrárias ao plano de Deus, como o da Babilónia, dos Persas, de Alexandre e o dos Diádocos.

S. Mateus e S. Lucas registam-na com associação imediata à parábola do grão de mostarda, deixando ver, em ambas, o modo como o Reino se expandiria, mas enquanto a primeira é uma força interna (a semente) que cresce para o exterior (arbusto), o fermento é sempre uma força interna que ao expandir-se não perde essa qualidade até ficar tudo levedado, ou seja, assumindo-se como uma força poderosa de natureza espiritual na expansão do Reino, mas invisível aos olhos do mundo.
S. Lucas, a este propósito, refere que Jesus ao ser interrogado pelos fariseus sobre quando chegaria o Reino de Deus, refere que o Mestre respondeu deste modo: O Reino de Deus não vem de maneira ostensiva. Ninguém poderá afirmar: ei-lo aqui ou ali, pois o Reino de Deus está dentro de vós. (3)

Jesus ao falar deste modo queria provocar uma revolução radical no coração humano ao fazer que explodisse por acção do fermento a que Ele alegóricamente comparou o Reino dos Céus, um mundo novo e renovado, de ordem espiritual.
A obra do fermento de que Ele falou era, de facto, uma acção interna e invisível como deve ser toda a obra operada pelo poder da fé.
E o movimento de uma força assim, não deve ser ruidosa, nem clamorosa.
Antes, deve ser firme e determinado, criando por dentro a grande montanha de Deus, onde Ele mesmo se assume como fermento, não só pela divindade da sua condição sobrenatural, como da Pessoa destinada pelo Pai a entrar no coração dos homens de todos os tempos.




(1)- Is 2, 2-3
(2) - Dn 2, 35
(3) - Lc 17, 20-21

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