O Estado não pode ser nem forte... nem fraco!
Paul Valéry, que nos inspirou estas palavras morreu em 1945.
Vale isto por dizer, que o Poeta
que pelas suas qualidades intelectuais e humanas foi eleito em 1935 sócio
componente da classe de Letras da Academia das Ciências de Lisboa, atravessou
no seu tempo, uma sociedade, onde em muitos lados, o poder era forte e, até,
por vezes, despótico, donde se entende a sua exclamação amargurada: Se o Estado
é forte, esmaga-nos; se é fraco, perecemos.
Alguns séculos antes, o nosso
épico Luís de Camões, diz-nos que o remisso e sem cuidado algum, rei D. Fernando, perdido de amores por Leonor
Teles, se tornara mole, indolente e desleixado e, com ele, sofria o Estado, a
tal ponto que o levou a exclamar num verso que havia de ficar célebre: Que um
fraco Rei faz fraca a forte gente .
Vem isto a propósito de um certo
laxismo que vemos implantado na actual sociedade, onde os deveres e direitos de
quem governa ou dirige instituições do Estado deviam ser um exemplo para a
sociedade ao contrário do que tem acontecido, vezes demais, quando se tornam causa de descrédito
algumas atitudes pouco cuidadas, a ponto de o povo sentir que o exemplo não vem
de cima, o que por fim, conduz à existência de um Estado fraco ou de instituições
a merecer outra credibilidade.
O que se passa, actualmente, com a Justiça e a Educação, dois pilares fundamentais do Estado, não é aceitável.
E se como constatou Paul Valéry,
não é recomendável um Estado de tal maneira forte que o leve a tornar-se
injusto para os cidadãos, um Estado que se demite, faz fraca a forte gente,
como aconteceu com D. Fernando, que pelo seu casamento, viciado logo no princípio,
perdeu o norte que havia herdado do pai, o justo e duro Pedro, no dizer de
Camões.
Conclui-se deste modo, que aquilo
que falta ao Estado desatento que temos em muitos aspectos da nossa vida
comunitária é, precisamente, ser justo e duro, que não é o mesmo de ser forte de tal jeito
que nos esmague, nem de tal modo brando que nos torne fracos.
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