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terça-feira, 14 de outubro de 2014

Nem forte... nem fraco!





O Estado não pode ser nem forte... nem fraco!
Paul Valéry,  que nos inspirou estas palavras morreu em 1945.

Vale isto por dizer, que o Poeta que pelas suas qualidades intelectuais e humanas foi eleito em 1935 sócio componente da classe de Letras da Academia das Ciências de Lisboa, atravessou no seu tempo, uma sociedade, onde em muitos lados, o poder era forte e, até, por vezes, despótico, donde se entende a sua exclamação amargurada: Se o Estado é forte, esmaga-nos; se é fraco, perecemos.

Alguns séculos antes, o nosso épico Luís de Camões, diz-nos que o remisso e sem cuidado algum,  rei D. Fernando, perdido de amores por Leonor Teles, se tornara mole, indolente e desleixado e, com ele, sofria o Estado, a tal ponto que o levou a exclamar num verso que havia de ficar célebre: Que um fraco Rei faz fraca a forte gente .

Vem isto a propósito de um certo laxismo que vemos implantado na actual sociedade, onde os deveres e direitos de quem governa ou dirige instituições do Estado deviam ser um exemplo para a sociedade ao contrário do que tem acontecido, vezes  demais, quando se tornam causa de descrédito algumas atitudes pouco cuidadas, a ponto de o povo sentir que o exemplo não vem de cima, o que por fim, conduz à existência de um Estado fraco ou de instituições a merecer outra credibilidade.

O que se passa, actualmente, com a Justiça e a Educação, dois pilares fundamentais do Estado, não é aceitável.

E se como constatou Paul Valéry, não é recomendável um Estado de tal maneira forte que o leve a tornar-se injusto para os cidadãos, um Estado que se demite, faz fraca a forte gente, como aconteceu com D. Fernando, que pelo seu casamento, viciado logo no princípio, perdeu o norte que havia herdado do pai, o justo e duro Pedro, no dizer de Camões.

Conclui-se deste modo, que aquilo que falta ao Estado desatento que temos em muitos aspectos da nossa vida comunitária é, precisamente, ser justo e duro, que não é o mesmo de ser forte de tal jeito que nos esmague, nem de tal modo brando que nos torne fracos.



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