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terça-feira, 14 de outubro de 2014

O sentimento do Amor





Conta-se que numa ilha imaginária viviam - como adiante de verá numa aparente harmonia -  alguns dos mais nobres  sentimentos humanos, como a Amor, a Emoção, a Alegria, a  Tristeza e a Moralidade a par de residentes acidentais, como a Riqueza.
Um dia, soube-se que uma convulsão da Natureza se preparava para mergulhar a ilha na profundeza das águas, o que originou que todos aqueles sentimentos, depois de "arregaçar as mangas", deram em preparar, sem delongas, os seus barcos para desertar.
E assim aconteceu.

Ficou, apenas, o Amor.

Com fé num milagre qualquer que livrasse a ilha daquele cataclismo anunciado, dispôs-se a arriscar até ao último momento, até que ao pressentir que já nada mais havia a fazer, resolveu partir. Aconteceu, porém, que não encontrou o seu barco, de que resultou ter de pedir ajuda.
Colocado na orla da praia deu em olhar o horizonte.

Viu ao longe o barco da Emoção e acenou-lhe:
- Salva-me...
- Não posso. – ouviu – Estou de tal forma comovida, que a emoção de ter deixado a ilha me tira o desejo de voltar aí...
Viu, depois, o barco da Alegria e pensou: “Esta vem salvar-me”...
- Não vou, não! – disse-lhe de muito longe – Estou tão alegre de ter partido, que já não sei o caminho para chegar ao pé de ti...
Passou a Tristeza e o Amor, angustiado por tantas recusas inesperadas, pensou: “Não vale a pena chamá-la... vai muito triste”...
E não a chamou.
Mas, de repente, apareceu a sulcar as ondas o barco da Moralidade.
E o Amor exultou, na expectativa de ser salvo. Era o que faltava que a Moralidade o deixasse morrer afogado na sepultura daquela ilha onde todos haviam vivido em ambiente de concórdia... que, afinal, era falsa.
Mas a Moralidade desiludiu o Amor, dizendo:
- Não tenho tempo agora. Neste meu novo estádio de vida tenho o tempo todo ocupado a dar lições de Moral...
Veio a seguir a Riqueza.
- Vem salvar-me, pediu o Amor, já em estado desesperado, pressentido que em breve iria ao fundo, já que mal se via a praia e a ilha era, somente, uma mancha em cima do Mar.
Mas a Riqueza - cheia de si mesma e com medo de perder o que levava, nem sequer se deu ao trabalho de responder.

Foi, então, que o Amor ouviu a voz sonora de um ancião, vinda de muito longe, das alturas do Céu e que lhe disse:
- Vem, Amor... anda comigo!
E o Amor acedeu.
Nos braços daquele estranho, de longas barbas e olhar profundo, andaram dias até atingirem terra firme, tendo acontecido, de tão contente que se sentia e emocionado por se saber a salvo que o Amor se esqueceu de lhe perguntar o nome para lhe agradecer, como ele merecia.
Quando o quis fazer, mesmo sem o chamar pelo nome, ao olhar em redor o seu salvador tinha desaparecido. Foi, então, que lhe apareceu, nem sabe de onde, o Saber - uma personagem desconhecida -  a quem perguntou:

- Diz-me o nome de quem me ajudou.
- Foi o Tempo...
- O Tempo... – questionou o Amor – mas porque foi que o Tempo me ajudou?
- Porque só o Tempo é capaz de avaliar como tu és importante na vida.
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 Adaptação livre de uma mensagem evangélica.


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