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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Olavo Bilac e as duas Primaveras!





              Primavera


Ah! quem nos dera que isto, como outrora,
Inda nos comovesse! Ah! quem nos dera
Que inda juntos pudéssemos agora
Ver o desabrochar da primavera!

Saíamos com os pássaros e a aurora.
E, no chão, sobre os troncos cheios de hera,
Sentavas-te sorrindo, de hora em hora:
"Beijemo-nos! amemo-nos! espera!"

E esse corpo de rosa recendia,
E aos meus beijos de fogo palpitava,
Alquebrado de amor e de cansaço.

A alma da terra gorjeava e ria...
Nascia a primavera... E eu te levava,
Primavera de carne, pelo braço!

Olavo Bilac, in "Poesias"




Só aos poetas - àqueles que verdadeiramente o são, como Olavo Bilac - é que é dado o dom de poderem "pintar" no mesmo quadro literário duas Primaveras: a da estação do ano, propriamente dita e da estação da idade, em que a Primavera de carne, até parece, que se iguala - senão supera - na alma do Poeta a outra  que fazia a terra gorgear nas muitas flores em que se abria, mas sem deixar que elas ensombrassem a beleza da que ele levava pelo braço...

A poesia tem destas coisas e é, por isso, que há Poetas que o são e outros que o julgam ser, não o sendo!


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