6
– Parábola do grão de mostarda
Sobre o modo
de como é possível
crescer para
a glória de Deus
Texto do Evangelho de S. Mateus 13, 31-32
(concordâncias em Mc 4, 31-32)
Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um
grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo; o qual é realmente
a menor de todas as sementes; mas, depois de ter crescido, é a maior das
hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos
seus ramos.
A mostarda (sinapis
nigra) é uma planta arbustiva que existe abundantemente em terras da
Palestina, sobretudo nas margens do lago de Tiberíades onde Jesus se
encontrava, chegando naquele local a atingir entre três a quatro metros de
altura, sendo dotada de uma envergadura lenhosa e de ramagens densas, muito
procuradas pelos pássaros em busca de debicarem os grãos escondidos nas folhas.
Estava na
origem uma sementeira de grãos pequeníssimos que serviam na gíria popular de
comparação, quando se queria falar de coisas ínfimas ou insignificantes.
Era o grão de semente mais pequeno que era semeado
pelos lavradores nos campos da Galileia
Jesus, mais uma vez espanta os seus ouvintes,
falando do grão de mostarda e comparando a ele o Reino messiânico nascente e
prefigurando-o como uma realidade que em breve haveria de crescer e expandir-se
sobre o mundo.
Era a realidade do momento.
No princípio o Reino era modesto, com aparência
impotente, o que não deixava de ser motivo de gáudio para muitos que seguiam
com escárnio as pregações de Jesus, troçando desta parábola e perguntando a si
mesmos, enquanto faziam das afirmações contidas deste ensinamento de Jesus,
perguntas carregadas de intenção maldosa, como estas:
O que poderia
fazer um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo?
Que relação de
grandeza poderia ter com o reino dos céus?
Como era
possível que fosse assim o reino dos céus que era anunciado daquela maneira?
A arrogância dos chefes das seitas
político-religiosas não aceitavam as palavras de Jesus, porque na óptica
distorcida das vaidades humanas que ostentavam, qualquer obra, mesmo no
princípio deveria apresentar-se com modos de grandeza e não assim, sem
importância e desprezível.
Era este o entendimento que havia dos inimigos da
Boa Nova.
Estavam longe de perceber a maneira como se
apresentava a Obra nascente e que falava de um Reino de Deus que se apresentava
sem qualquer ostentação humana.
Desconheciam – porque desprezavam os sinais e as
acções que não deixavam de acontecer perante os seus olhos - que os arautos
haviam sido enviados como ovelhas para o
meio dos lobos (1), com o conselho avisado de terem cuidado,
tendo em conta que por aquilo que anunciavam corriam o risco de serem entregues
aos tribunais sinedritas, estando no entanto fortalecidos, sabendo que naquela
hora o Espírito de Deus falaria por eles. (2)
Eles não sabiam – só mais tarde, quando a Crucifixão
já estava consumada viriam a ter consciência disso – que Jesus falava como
profeta e para O qual o futuro não tinha qualquer Mistério e cujo desejo maior,
era o de incumbido como estava de levar a cabo a Missão, rasgar aos homens
caminhos novos, donde esta parábola é um sinal evidente para os que criam
n’Ele, e um escândalo para os maldizentes que procuravam desgastar os seus
ensinamentos.
A parábola, no entanto, era muito clara e, mais uma
vez se situava no domínio dos campos da Palestina e das suas realidades
agrícolas.
Por outro lado havia na semente do grão de mostarda
uma característica que a diferenciava de todas as outras.
Era a semente que mais depressa crescia em tamanho.
Nem o trigo, a aveia ou a cevada ou outra planta que
o lavrador lançava na terra atingia as proporções desta.
O cerne da parábola residia nesta realidade
agrícola.
Jesus era um Mestre.
Ensinava, com estes exemplos os seus seguidores,
preparando-os para os princípios pouco expressivos do Reino que anunciava,
contrariando a vontade de muitos judeus, onde havia alguns que O seguiam que na
expectativa de verem erigido um reino rápido e poderoso, molestando-se, vendo-o
confrontados com a comparação ao desenvolvimento de uma pequena semente, mas
com a capacidade de crescer num processo progressivo, embora lento.
Era uma fala algo extravagante.
Estranha e complexa para aquelas mentalidades
práticas e pouco afeitas a este novo tipo de linguagem.
De tal sorte que muitos dos próprios discípulos não
a entenderam e foi isto que de modo algum entrou no entendimento dos inimigos
que seguiam os passos de Jesus e cuja atenção se virava, não para o que Ele
dizia de ensino doutrinal e profético, mas para aquilo que Ele dizia e o
pudesse entretecer na teia que maldosamente lhe iam tecendo.
(1) - Mt 10, 16
(2) - cf. Mt 17-20
Sem comentários:
Enviar um comentário