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domingo, 26 de outubro de 2014

Parábola do grão de mostarda






6 – Parábola do grão de mostarda
Sobre o modo de como é possível
crescer para a glória de Deus


Texto do Evangelho de S. Mateus 13, 31-32
(concordâncias em Mc 4, 31-32)


Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo; o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos.



A mostarda (sinapis nigra) é uma planta arbustiva que existe abundantemente em terras da Palestina, sobretudo nas margens do lago de Tiberíades onde Jesus se encontrava, chegando naquele local a atingir entre três a quatro metros de altura, sendo dotada de uma envergadura lenhosa e de ramagens densas, muito procuradas pelos pássaros em busca de debicarem os grãos escondidos nas folhas.

 Estava na origem uma sementeira de grãos pequeníssimos que serviam na gíria popular de comparação, quando se queria falar de coisas ínfimas ou insignificantes.
Era o grão de semente mais pequeno que era semeado pelos lavradores nos campos da Galileia
Jesus, mais uma vez espanta os seus ouvintes, falando do grão de mostarda e comparando a ele o Reino messiânico nascente e prefigurando-o como uma realidade que em breve haveria de crescer e expandir-se sobre o mundo.
Era a realidade do momento.

No princípio o Reino era modesto, com aparência impotente, o que não deixava de ser motivo de gáudio para muitos que seguiam com escárnio as pregações de Jesus, troçando desta parábola e perguntando a si mesmos, enquanto faziam das afirmações contidas deste ensinamento de Jesus, perguntas carregadas de intenção maldosa, como estas:
O que poderia fazer um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo? 
Que relação de grandeza poderia ter com o reino dos céus?
Como era possível que fosse assim o reino dos céus que era anunciado daquela maneira?
A arrogância dos chefes das seitas político-religiosas não aceitavam as palavras de Jesus, porque na óptica distorcida das vaidades humanas que ostentavam, qualquer obra, mesmo no princípio deveria apresentar-se com modos de grandeza e não assim, sem importância e desprezível.

Era este o entendimento que havia dos inimigos da Boa Nova.
Estavam longe de perceber a maneira como se apresentava a Obra nascente e que falava de um Reino de Deus que se apresentava sem qualquer ostentação humana.
Desconheciam – porque desprezavam os sinais e as acções que não deixavam de acontecer perante os seus olhos - que os arautos haviam sido enviados como ovelhas para o meio dos lobos (1), com o conselho avisado de terem cuidado, tendo em conta que por aquilo que anunciavam corriam o risco de serem entregues aos tribunais sinedritas, estando no entanto fortalecidos, sabendo que naquela hora o Espírito de Deus falaria por eles. (2)

Eles não sabiam – só mais tarde, quando a Crucifixão já estava consumada viriam a ter consciência disso – que Jesus falava como profeta e para O qual o futuro não tinha qualquer Mistério e cujo desejo maior, era o de incumbido como estava de levar a cabo a Missão, rasgar aos homens caminhos novos, donde esta parábola é um sinal evidente para os que criam n’Ele, e um escândalo para os maldizentes que procuravam desgastar os seus ensinamentos.
A parábola, no entanto, era muito clara e, mais uma vez se situava no domínio dos campos da Palestina e das suas realidades agrícolas.
Por outro lado havia na semente do grão de mostarda uma característica que a diferenciava de todas as outras.
Era a semente que mais depressa crescia em tamanho.

Nem o trigo, a aveia ou a cevada ou outra planta que o lavrador lançava na terra atingia as proporções desta.
O cerne da parábola residia nesta realidade agrícola.
Jesus era um Mestre.
Ensinava, com estes exemplos os seus seguidores, preparando-os para os princípios pouco expressivos do Reino que anunciava, contrariando a vontade de muitos judeus, onde havia alguns que O seguiam que na expectativa de verem erigido um reino rápido e poderoso, molestando-se, vendo-o confrontados com a comparação ao desenvolvimento de uma pequena semente, mas com a capacidade de crescer num processo progressivo, embora lento.

Era uma fala algo extravagante.
Estranha e complexa para aquelas mentalidades práticas e pouco afeitas a este novo tipo de linguagem.
De tal sorte que muitos dos próprios discípulos não a entenderam e foi isto que de modo algum entrou no entendimento dos inimigos que seguiam os passos de Jesus e cuja atenção se virava, não para o que Ele dizia de ensino doutrinal e profético, mas para aquilo que Ele dizia e o pudesse entretecer na teia que maldosamente lhe iam tecendo.




(1)  - Mt 10, 16
(2)  - cf. Mt 17-20

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