Mãos em Oração de Albrecht Durer
Estas mãos têm uma história.
Assim ma contaram e assim a vou contar, possivelmente sem a arte do amigo que teve a gentileza da ma dizer.
Conta-se que em Nuremberga, em meados do século XV num dos muitos lares da cidade vivia uma família de parcos recursos que obrigava o chefe da família, pai de vários filhos a trabalhar duramente nas minas para o sustento do lar.
Num certo dia, dois dos filhos manifestaram o desejo de frequentar a Academia de Belas Artes, pois ambos desejavam ter aulas de Pintura dada a veia artística de que haviam sido prendados. Reconhecido isto, mas sabendo ambos das dificuldade económicas dos pais, entre os dois irmãos foi feito o seguinte acordo: deitavam sortes e o que ganhasse ia para a Academia, enquanto o outro, com o seu trabalho ajudaria a pagar os seus estudos, com a promessa de logo que estes fossem cumpridos, seriam invertidos os papéis.
E assim aconteceu.
Deitaram sortes e o ganhador foi Albrecht Durer.
Regressado a casa, cumpriu o prometido, dizendo ao irmão:
- Agora, é a tua vez.
E, logo, este, candidamente, ripostou:
- Agradeço-te, irmão, o cumprimento da promessa... mas agora é tarde. Já não poderei frequentar os estudos. Acabou-se o desejo. As minhas mãos não ajudam.
E mostrou-lhas, deformadas pelo trabalho duro e pela artrite de que sofria.
O célebre quadro que todos conhecemos "Mãos em Oração" são, assim, a pintura das mãos do irmão que Albrecht Durer imortalizou e nas quais, se as fixarmos atentamente, veremos os sinais da deformação de ele que sofria.
Por isso, quando voltarmos a vê-las, oremos por aquele irmão que sacrificou o seu desejo de ser artista, enterrando-o debaixo do solo onde numa outra "academia" - a do trabalho da mina - "pintou" no desmonte do filões os "quadros" que permitiram a Albrecht Durer fazer as pinturas que todo o Mundo admira, ainda hoje, passados que estão alguns séculos.
Sem comentários:
Enviar um comentário