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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

II Estação da Via-Sacra: Jesus leva a Cruz às Costas


Senhor Jesus:
Os sinedriras, finalmente, haviam ganho o processo que te haviam movido.
Flagelado e coroado de espinhos, Pilatos, o zeloso procurador romano
ao olhar o Teu aspecto humanamente desfigurado, mas divinamente composto,
apesar do ceptro de escárnio que a soldadesca havia posto nas Tuas mãos,
ainda tentou demover o povo amotinado, dizendo-lhe uma última vez:

 - Trago-vo-lo aqui, para que saibais que não encontro n’Ele delito nenhum. (1)

Mas... nada havia a fazer. O Teu povo condenara-Te...
não Te prdoou que houvesses dito:

- O meu reino não é deste mundo. (2)

Não percebendo, de que Reino falavas...
Parece, até, Senhor, que o único que percebeu o alcance destas Tuas palavras
foi, precisamente, o estrangeiro... o inqusidor Pôncio Pilatos, que num dado momento
te fez esta pergunta enigmática:

- Donde és?

Como se naquele momento tivesse uma dúvida, se não serias realmente Filho de Deus,
embora, soubesse que Tu eras natural da Galileia, onde ficava a tua longínqua Nazaré.
Estavas, efectivamente, perdido.

- Crucifica-o...

Era o grito ululante daquela turbamulta e o procuradoer entregou-Te nas mãos impiedisas daqueles que haviam jurado a Tua morte.
Foi tudo muito rápido. Tinham muita pressa em se desfazer de Ti - pensavam eles.
Célere, o verdugo apresentou-Te o madeiro vertical da Cruz
e o centurião reuniu os homens do costume, para manter mais que nunca, em ordem
o mar de gente que não deixaria de estar presente ao longo do caminho.

Era, então, meio-dia.
Dobrado sob o peso do madeiro, saíste da torre Antónia, onde se reunira o tribunal
e iniciaste a marcha pelas ruas mais concorridas das cidade. Foi mais uma humilhação
a que os teus algozes Te condenaram, sabendo que naqueles dias
haviam chegado a Jerusalém, cumprindo a tradição do costume,
para além dos peregrinos, gentes de toda a parte. Entre eles, mercadores e  cameleiros
- todos pessoas importantes -
enquanto Tu, o mais importante de todos eles,
caminhavas a custo sobre as lajes do caminho,
e eras causa de troça e das risadas daqueles que se acotovelavam entre portas
e se dependuravam nas janelas, lançando com maus modos injúrias e blasfémias
contra Ti... que eras Rei e arrastavas uma coroa de espinhos que quase tocava o chão.
Soara, com efeito, a hora do Teu supremo sacrifício.

Levaste, Senhor, a Cruz pesada de todos os pecados do mundo
num silêncio comovente,
como se este facto constituisse a aceitação de culpas que não tinhas.
Olha, Senhor:
Se é duro termos de carregar a nossa própria cruz,
pior que isso, é termos de carregar a culpa alheia
tal como Tu fizeste, levando até ao extremo a Tua compaixão
sem uma queixa e sem um grito de revolta.



Peço-Te, Senhor:
quando o peso da minha cruz
exigir de mim um redobrado esforço,
ajuda-me a ter a Tua força... ajuda-me a ser como Tu foste.
Ajuda-me a ter presença de espírito... a ter, sobretudo o Teu silêncio.
E ajuda-me, Senhor, a não atirar pedras contra todos aqueles
que tornavam o meu fardo mais pesado.
Peço-te, Senhor, que me ajudes a recitar a bela Oração do silêncio,
porque - eu sei - que é por aí que se encontram os marcos ao longo do caminho
que vai direito até ao pé da Tua Cruz.
E, onde, finalmente... e só, aí,
é que se encontra a verdadeira redenção,
como se fosse a aurora de um dia novo,
com outro sol,
com outra luz.



       (1) -  Jo. 19, 4
     (2) -  Jo. 18, 36

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