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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Parábola do Pai de Família ou do Senhor de Casa Virtuoso





11 – Parábola do Pai de Família
ou do Senhor de Casa Virtuoso

Sobre o uso das coisas antigas à luz da coisas novas,
que sem as abrogar as tornam mais válidas

Texto do Evangelho de S. Mateus 13, 51-52

Entendestes todas estas coisas? Disseram-lhe eles: Entendemos. E disse-lhes: Por isso, todo o escriba que se fez discípulo do reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que tira da sua despensa coisas novas e velhas.


Este texto é uma conclusão do famoso Sermão em Parábolas que S. Mateus regista no capítulo treze do seu Evangelho, onde cabem as seguintes: a do semeador, a do trigo e o joio, a do grão de mostarda, a do tesouro escondido e a da pérola preciosa e a da rede.

 Existe nele –sendo embora pequeno - algo de doutrinário pelo doseamento que deve ser feito entre as coisas velhas que não podem deitar-se fora, todas elas, e as novas que se traduzem por uma mudança, como aconteceu com a Mensagem de Jesus.
É uma mensagem fundamental.
Assim, antes de terminar O Sermão –    dos mais concorridos de toda a Sua pregação - Jesus que havia falado em sete parábolas, todas elas de tramas diferentes e, necessariamente, de conceitos enquadrados nessas mesmas diferenças, perguntou de um modo directo com o jeito de quem queria obter uma resposta adequada a tudo quanto havia dito desde o barco para onde subira, falando para aquela multidão apinhada nas margens do mar da Galileia.

Entendestes todas estas coisas?

Jesus fazia questão de ser entendido, porque nisso residia a certeza de que a Sua Mensagem estava a atingir os fins propostos.
Ouvindo aquele Entendemos, dito com modos de quem sabia ouvir e discernir, fez questão de acentuar algo que fez muitas vezes durante o seu ministério, para que os que o ouviam, especialmente os seus discípulos entendessem definitivamente o que Ele se propunha fazer.
Concretamente, acentuou o seguinte conceito:
Não viera para abolir a Lei antiga, mas tão só para integrá-la, aperfeiçoando-a na Lei Nova de que era portador, com a missão de a realizar concretamente com a Sua Vida, Paixão, Morte e Ressurreição.

Nele se cumpriam todos os vaticínios dos profetas que ao longo dos séculos haviam predito a vinda do Filho de Deus.

que Ele viria da tribo de Judá (Génesis 49.10).
que Ele descenderia da casa de Davi (Isaías 11.1; Jeremias 33.21).
que Ele nasceria de uma virgem (Isaías 7.14).
que Ele viria ao mundo em uma pequena aldeia chamada Belém (Miquéias 5.1-2)
que Ele morreria em sacrifício (Isaías 53.1-2).
que Ele perderia Sua vida através de crucificação (Salmo 21.1-21).
que Ele ressuscitaria dos mortos (Salmo 16.8-11; Isaías 53.10-12).
que Ele voltaria à terra (Zacarias 14.4).
que Ele apareceria nas nuvens do céu (Daniel 7.13).

Era nisto que residia a Promessa.
Ele era o Messias anunciado e que desde um dado momento, tendo-se apresentado aos homens como tal, fez das parábolas um meio eficaz para dar a conhecer a doutrina do Pai.
Nesta parábola, Jesus utiliza sabiamente a figura patriarcal de um pai de família – ou senhor de casa virtuoso – que, naturalmente, tem nos seus armários e guarda-roupas os mais variados objectos e vestes precisas para poderem ser usados e usadas em tempos julgados convenientes.

E como sempre acontece, tem à sua guarda coisas novas e velhas, que mais não são que as riquezas doutrinais da Velha e da Nova Lei.
Jesus e a Sua doutrina são universais.

Como o pai de família usa o velho quando este se coaduna com uma dada situação, do mesmo modo trata o novo. E com isto queria dizer que os homens durante a vida terrena deveriam utilizar para se comportarem como justos e rectos perante Deus, os preceitos antigos que não tivessem sido abolidos e todos os outros inaugurados pela sua pregação.
Assim, enquanto na parábola de rede – a última do Sermão - estamos já na fase do julgamento com os maus a merecem o castigo adequado, nesta parábola o uso das coisas novas e velhas é algo querido por Deus, tendo em vista a salvação dos homens.

O pai de família, cumprindo isto, é um senhor virtuoso.
É para aqui que aponta a parábola.
É uma chamada de atenção para nós, viventes e para o modo como gerimos a nossa vida

  

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