11 – Parábola
do Pai de Família
ou do
Senhor de Casa Virtuoso
Sobre o uso
das coisas antigas à luz da coisas novas,
que sem as
abrogar as tornam mais válidas
Texto do Evangelho de S. Mateus 13, 51-52
Entendestes
todas estas coisas? Disseram-lhe eles: Entendemos. E disse-lhes: Por isso, todo o escriba que se fez discípulo do reino dos céus é semelhante a um homem,
proprietário, que tira da sua despensa coisas novas e velhas.
Este texto é uma conclusão do famoso Sermão em Parábolas que S. Mateus
regista no capítulo treze do seu Evangelho, onde cabem as seguintes: a do semeador, a do trigo e o joio, a do grão de
mostarda, a do tesouro escondido e a da pérola preciosa e a da rede.
Existe nele
–sendo embora pequeno - algo de doutrinário pelo doseamento que deve ser feito
entre as coisas velhas que não podem deitar-se fora, todas elas, e as novas que
se traduzem por uma mudança, como aconteceu com a Mensagem de Jesus.
É uma mensagem fundamental.
Assim, antes de terminar O Sermão – dos mais concorridos de toda a Sua pregação -
Jesus que havia falado em sete parábolas, todas elas de tramas diferentes e,
necessariamente, de conceitos enquadrados nessas mesmas diferenças, perguntou
de um modo directo com o jeito de quem queria obter uma resposta adequada a
tudo quanto havia dito desde o barco para onde subira, falando para aquela multidão
apinhada nas margens do mar da Galileia.
Entendestes
todas estas coisas?
Jesus fazia questão de ser entendido, porque nisso
residia a certeza de que a Sua Mensagem estava a atingir os fins propostos.
Ouvindo aquele Entendemos,
dito com modos de quem sabia ouvir e discernir, fez questão de acentuar
algo que fez muitas vezes durante o seu ministério, para que os que o ouviam,
especialmente os seus discípulos entendessem definitivamente o que Ele se
propunha fazer.
Concretamente, acentuou o seguinte conceito:
Não viera para abolir a Lei antiga, mas tão só para
integrá-la, aperfeiçoando-a na Lei Nova de que era portador, com a missão de a
realizar concretamente com a Sua Vida, Paixão, Morte e Ressurreição.
Nele se cumpriam todos os vaticínios dos profetas
que ao longo dos séculos haviam predito a vinda do Filho de Deus.
que Ele viria da tribo de Judá
(Génesis 49.10).
que Ele descenderia da casa de
Davi (Isaías 11.1; Jeremias 33.21).
que Ele nasceria de uma virgem
(Isaías 7.14).
que Ele viria ao mundo em uma
pequena aldeia chamada Belém (Miquéias 5.1-2)
que Ele morreria em sacrifício
(Isaías 53.1-2).
que Ele perderia Sua vida através
de crucificação (Salmo 21.1-21).
que Ele ressuscitaria dos mortos
(Salmo 16.8-11; Isaías 53.10-12).
que
Ele voltaria à terra (Zacarias 14.4).
que Ele apareceria nas nuvens do céu (Daniel 7.13).
Era nisto que
residia a Promessa.
Ele era o
Messias anunciado e que desde um dado momento, tendo-se apresentado aos homens
como tal, fez das parábolas um meio eficaz para dar a conhecer a doutrina do
Pai.
Nesta
parábola, Jesus utiliza sabiamente a figura patriarcal de um pai de família – ou senhor de casa virtuoso –
que, naturalmente, tem nos seus armários e guarda-roupas os mais variados
objectos e vestes precisas para poderem ser usados e usadas em tempos julgados
convenientes.
E como sempre acontece, tem à sua guarda coisas novas e velhas, que mais não são
que as riquezas doutrinais da Velha e da Nova Lei.
Jesus e a Sua doutrina são universais.
Como o pai de família usa o velho quando este se coaduna com uma dada situação, do mesmo modo
trata o novo. E com isto queria dizer
que os homens durante a vida terrena deveriam utilizar para se comportarem como
justos e rectos perante Deus, os preceitos antigos que não tivessem sido
abolidos e todos os outros inaugurados pela sua pregação.
Assim, enquanto na parábola de rede – a última do
Sermão - estamos já na fase do julgamento com os maus a merecem o castigo
adequado, nesta parábola o uso das coisas
novas e velhas é algo querido por Deus, tendo em vista a salvação dos
homens.
O pai de
família, cumprindo isto, é um senhor
virtuoso.
É para aqui que aponta a parábola.
É uma chamada de atenção para nós, viventes e para o
modo como gerimos a nossa vida
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