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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Liberdade e Ordem Social




Não chega partir as algemas



    Um dos erros extremos da liberdade é a libertinagem sem peias para o qual ela significa direito de falar, pensar ou fazer aquilo que o homem quer.
É um erro grosseiro, porque ao estar-se livre de algumas coisas – ou de todas, que é uma atitude mais comum do que parece -  os homens esquecem-se que o facto de terem esse direito implica que a liberdade deva servir para algo que tenha a ver com o outro, que tanto pode ser o companheiro mais perto, como a colectividade de que faz parte.

A vida e a ordem social que ela implica para o seu correcto funcionamento e onde se move o homem, há-de ser sempre a busca da verdade – seja ela qual seja, porque o mundo não avança em cima de mentiras - mas esta,  só se alcança através do uso pleno da liberdade, supondo isto que tenha de se bater à porta onde ela mora, mas  não para ouvir o ruído das próprias pancadas que se dão como se fossem as mais sonoras e mais importantes, mas para ouvir as dos outros, que podem bater de leve mas serem mais eficazes e portadoras de verdades mais importantes que as nossas.

Cada homem tem de aprender a ouvir o outro homem, pois, só assim, a liberdade e a ordem social encontram caminhos de convergência, para que, em vez de destruir, o homem possa construir e edificar a Vida e o Futuro, porque o facto dos homens avançarem com dados falsos, impelidos pela violência ou pelas paixões desordenadas – fazendo mal uso da liberdade – redunda sempre em retrocessos e caminhadas insensatas.
Nestes senões que mancham a liberdade estão sempre as faltas graves dos atentados à Família e à Moral, atendendo-se que ela é, acima de tudo, um poder moral e não um poder de ordem física, constituindo-se, então,  como um dever social e não como um qualquer poder arbitrário.

     - Para que quero eu a liberdade?
Alguém dirá, por exemplo,  “para constituir uma família feliz ”; Um outro dirá: “para enriquecer de qualquer jeito”; e, ainda, um outro, dirá: “para ser uma pessoa de bons costumes”.
A resposta porém, não é esta. Não se trata de responder no singular.

 A resposta correcta tem de ser, quando Portugal no seu todo, embora com o respeito que têm de merecer as várias tendência políticas, for um povo esclarecido.
“Eu quero a liberdade para que a colectividade de que faço parte seja feliz”, no pressuposto que o homem ao ser um animal social tende à felicidade do todo e não só da pequena parte que é, procurando por isso, quer a verdade, quer o amor e, tudo isto, não para durar uma hora, mas a vida inteira.
Pois de que serve ser livre para fazer todas as coisas – sem qualquer proibição a coberto de  moralidades antigas – se depois de ter usado essa liberdade sem regras, o homem acaba escravo  dessas coisas, como a bebida, o sexo, a droga e outros malefícios?
E, ainda, que o homem no uso do seu livre arbítrio, continue livre para refazer costumes, muitas vezes, o que acontece é que estando quebradas as resistências morais acaba por vencer a liberdade que o conduz à escravidão.

Em Portugal, aquando do derrube do Estado Novo, as forças políticas mais à esquerda deram aso àquilo que passou à história como a conquista das “mais amplas liberdades” para um povo, que na sua maioria estava na menoridade política, donde, ainda hoje, existirem franjas sociais onde a liberdade continua a ser um campo vasto de atitudes atentatórias do indivíduo perante a sociedade responsável, parecendo um direito a ignorância da lei moral – que é uma lei natural – e, como tal, pertencendo esta a todo o homem pela sua condição humana, desobedecer-lhe, o coloca de imediato a agir contra os mais altos interesses da sua própria natureza. 


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