Não chega partir as algemas
Um dos erros extremos da liberdade é a libertinagem sem peias para o qual ela significa direito de falar, pensar ou
fazer aquilo que o homem quer.
É um erro
grosseiro, porque ao estar-se livre de algumas coisas – ou de todas, que é uma
atitude mais comum do que parece - os
homens esquecem-se que o facto de terem esse direito implica que a liberdade
deva servir para algo que tenha a ver com o outro, que tanto pode ser o
companheiro mais perto, como a colectividade de que faz parte.
A vida e a
ordem social que ela implica para o seu correcto funcionamento e onde se move o
homem, há-de ser sempre a busca da verdade – seja ela qual seja, porque o mundo
não avança em cima de mentiras - mas esta,
só se alcança através do uso pleno da liberdade, supondo isto que tenha
de se bater à porta onde ela mora, mas
não para ouvir o ruído das próprias pancadas que se dão como se fossem
as mais sonoras e mais importantes, mas para ouvir as dos outros, que podem
bater de leve mas serem mais eficazes e portadoras de verdades mais importantes
que as nossas.
Cada homem tem
de aprender a ouvir o outro homem, pois, só assim, a liberdade e a ordem social
encontram caminhos de convergência, para que, em vez de destruir, o homem possa
construir e edificar a Vida e o Futuro, porque o facto dos homens avançarem com
dados falsos, impelidos pela violência ou pelas paixões desordenadas – fazendo
mal uso da liberdade – redunda sempre em retrocessos e caminhadas insensatas.
Nestes senões que mancham a liberdade estão sempre
as faltas graves dos atentados à Família e à Moral, atendendo-se que ela é,
acima de tudo, um poder moral e não um poder de ordem física, constituindo-se,
então, como um dever social e não como
um qualquer poder arbitrário.
- Para que quero eu a liberdade?
Alguém dirá,
por exemplo, “para constituir uma família feliz ”; Um outro dirá: “para enriquecer de qualquer jeito”; e,
ainda, um outro, dirá: “para ser uma
pessoa de bons costumes”.
A resposta porém, não é esta. Não se trata de responder
no singular.
A resposta correcta tem de ser, quando Portugal no seu todo, embora com o respeito que têm de merecer as várias tendência políticas, for um povo esclarecido.
“Eu quero a liberdade para que a colectividade de que faço parte seja feliz”, no pressuposto que o homem ao ser um animal social tende à felicidade do todo e não só da pequena parte que é, procurando por isso, quer a verdade, quer o amor e, tudo isto, não para durar uma hora, mas a vida inteira.
“Eu quero a liberdade para que a colectividade de que faço parte seja feliz”, no pressuposto que o homem ao ser um animal social tende à felicidade do todo e não só da pequena parte que é, procurando por isso, quer a verdade, quer o amor e, tudo isto, não para durar uma hora, mas a vida inteira.
Pois de que
serve ser livre para fazer todas as coisas – sem qualquer proibição a coberto
de moralidades
antigas – se depois de ter usado essa liberdade sem regras, o homem acaba
escravo dessas coisas, como a bebida, o
sexo, a droga e outros malefícios?
E, ainda, que
o homem no uso do seu livre arbítrio, continue livre para refazer costumes,
muitas vezes, o que acontece é que estando quebradas as resistências morais
acaba por vencer a liberdade que o conduz à escravidão.
Em Portugal,
aquando do derrube do Estado Novo, as forças políticas mais à esquerda deram
aso àquilo que passou à história como a conquista das “mais amplas liberdades” para um povo, que na sua maioria estava na
menoridade política, donde, ainda hoje, existirem franjas sociais onde a
liberdade continua a ser um campo vasto de atitudes atentatórias do indivíduo
perante a sociedade responsável, parecendo um direito a ignorância da lei moral
– que é uma lei natural – e, como tal, pertencendo esta a todo o homem pela sua
condição humana, desobedecer-lhe, o coloca de imediato a agir contra os mais
altos interesses da sua própria natureza.
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