Pesquisar neste blogue

domingo, 26 de outubro de 2014

"A prendinha do avô"





Foi o melhor momento da reunião de família.

O Filipe é o "benjamim" do lindo grupo dos meus netos.
No dia dos meus anos entrou-me em casa com um sorriso de "orelha a orelha" - o que nele é natural - e disse, prazenteiramente, ao mesmo tempo que me dava, algo escondida, a riqueza que trazia na mão, apresentando-a:

A prendinha do avô.


Era uma simples folha de papel branco onde ele, artisticamente, desenhou um motivo àlacre, muito significativo pelo seu valor plástico atendendo à sua idade, porquanto, com a arte que a sua tenra idade lhe proporcionou, não se esqueceu do desejo de "Feliz Aniversário", do bolo tradicional onde colocou os dois números que somam os meus anos a simbolizar as velas, do "Parabéns Avô!", da necessária assinatura do artista com a respectiva data e com o enfeite - lindíssimo - de três balões supostamente cheios de ar.

Ao desenhar os balões daquele jeito, como se quisessem subir para o alto, o que o meu querido Felipe quis dizer na plástica daquele desenho, é o desejo que ele tem do avô não se deixar cair pela idade - que já é bastante -  mas continuar a ter sonhos de altura.

Esta é a leitura que aquela belíssima gravura traduz.

Abracei o Filipe e comovi-me como ele, que na sua pouca idade me conseguiu dizer tanto, razão porque este apontamento que eu incluo no meu blog na rubrica " A Fonte e a Reflexão" faz todo o sentido, porque de um motivo que tenha "mensagem" como tem o seu desenho, se pode considerar que pela sua força intencional, ele é a FONTE que permite a REFLEXÃO, pelo que, respeitosamente, eu "tiro o meu chapéu" ao meu "benjamim" e agradeço-lhe o desfiar destas palavras de que ele é o feliz causador.

Peço a Deus, em quem acredito, que o proteja sempre ao longo da vida e que ele nunca se esqueça de ser FONTE, para obrigar os que com ele hão.de conviver pelos caminhos da vida, a reflectir nas suas atitudes, que tenho a certeza hão-de ser sempre nobres, porque ele é água de uma fonte de bons costumes.

Olha Filipe: o teu avô gosta muito de axiomas populares, porque eles não tendo dono, pertencem à inteligência colectiva. Há um deles que diz assim: "Amor com amor se paga".

Por esse motivo o teu avô fui buscar ao baú onde guarda as riquezas que tem e, de lá, tirei muito bem guardada uma riqueza que começou por ser tua, e o teu papá, num certo dia me mandou - e também passou a ser minha - o que permite, que hoje, retribua a tua gentileza com a gentileza que eu tive - se me permites usar a mesma palavra - guardando com muito amor, aquela lembrança, pela qual tu podes avaliar os sentimentos de amor do avô por ti.

O facto que e vou recordar, aconteceu contigo no dia 27 de Novembro de 2009, dia que assinala o usufruto da tua primeira riqueza, ou seja, a tua primeira avaliação de um ponto de Matemática, no Papião.
Lembras-te  que a tua Professora de classificou de "Excelente" e te deu 99%?

Não calculas como, naquele dia, ao ter conhecimento desta tua tão bela classificação, eu fiquei contente e orgulhoso de ti e, por isso, não julgues desajustado que eu te diga que esta foi a tua primeira riqueza, porque foi!
Feliz começo o teu nas lides do saber!

Assim desejo que prossigas sempre: não um entre os outros, mas um que se distingue dos outros, mas com cuidado, para que a riqueza de estares um furo acima nunca te tire o que é preciso cultivar, ou seja, o companheirismo sadio, porque ninguém faz, no mundo, o caminho isolado dos outros.


Vai longa a exposição do avô.

Vai tão longa, como longa é, na sua mensagem, "A prendinha do avô" que me deste neste dia e como longo - longuíssimo - é o meu desejo de ter ver erguer para um futuro risonho, onde possas viver e expandir a alegria contagiante do teu belo sorriso de criança, para o qual. eu peço a Deus, não o percas nunca.

Para terminar envio-te uma quadra que escrevi há muitos anos - era um pouco mais velho que tu - subordinada a um pensamento que me tem acompanhado pela vida e, que desejo, te possa servir. 

Ela faz parte de um livro de poesia que um dia ofereci ao teu papá e vem logo no princípio, como a marcar o rumo, que é algo, que um dia compreenderás, tens de fazer, porque ninguém pode caminhar sem ter o desejo de alcançar uma meta.




Linha de Rumo


Eu peço a Deus humildade
Para ser em todo o lado
Um fio de água - verdade
E nunca um rio inventado!


Vê o que originou a "prendinha" que me trouxeste e como ela teve o condão de despertar em mim sentimentos antigos, e o modo como compartilho contigo a felicidade que sinto por ter um neto como tu, que tiveste a arte de, com uma prenda tão simples, enriqueceres o teu avô.

Muito obrigado, Filipe, por teres dado aos anos do teu avô um motivo inesperado de beleza e de amor!

Um beijo agradecido para a tua bondade em me teres presenteado, em primeiro lugar com o teu sorriso e, depois, com a grande riqueza que me deste... sobretudo, no sentido que tu quiseste dar aos balões a subir, demonstrando o desejo que tens de, apesar da minha idade, eu continue a subir!

Muito obrigado, Filipe!

O avô Doro.


1 comentário: