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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O incognoscível que existe na alma humana!



in, Citador


Quem Poderá Calcular a Órbita da sua Própria Alma? 

As pessoas cujo desejo é unicamente a auto-realização, nunca sabem para onde se dirigem. Não podem saber. Numa das acepções da palavra, é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento. Mas reconhecer que a alma de um homem é incognoscível é a maior proeza da sabedoria. O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios. Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma?

Oscar Wilde, in 'De Profundis'


Oscar Wilde foi certeiro no que disse, quanto ao incognoscível que existe na alma humana, porque o homem - que foi criado à imagem e semelhança de Deus - transporta com ele a marca do Criador e, logo, a sua alma por ser uma imagem de Deus é um espírito que se assemelha a Ele - que ninguém conhece - estando esta verdade de igual modo assente no homem, por muito que custe a entender aos agnósticos ou ateus, que apesar dela ser um atributo imaterial, é através do influxo que o corpo recebe da alma que o bem e o mal se tornam perceptíveis, como se fossem coisas a gerir por este mas sob o seu comando, que representa no homem a expressão da sua vontade.

Eis, porque, a maior proeza da sabedoria humana prende-se ao facto do homem por ser uma imagem de Deus na sua dimensão terrestre que o leva a ocupar espaço físico, jamais poderá saber o espaço que a sua alma ocupa, razão que leva o homem consciente da sua finitude temporal a admitir que o espaço que a sua alma ocupa está entre ele e Deus e que ficará imortal, porque a alma de quem acredita na união dela com o Criador da vida jamais deixará de existir.

Uma imagem simples pode ser o espelho do que fica dito.

Um tronco cortado duma árvore, não deixa, no aspecto físico de ser um tronco, mas só o é, enquanto a seiva que o prendia se não esgotar, porque, verdadeiramente, desde o momento da cisão deixou de o ser, motivo forte que nos leva a entender o que Oscar Wilde quis expressar, quando disse que o derradeiro mistério somos nós próprios, porquanto, ele sabia que a alma do homem, embora conhecendo - pela ciência -  o peso do Sol, dos passos que dava a Lua e dos movimentos da estrelas, restava para ele -  ele próprio.

Que o belo pensamento de Descartes que a gravura ilustra, sendo como foi o defensor de que a dúvida era o primeiro passo para se chegar ao conhecimento, ajude a elevar tão alto a alma do homem, que este, não lhe sabendo medir o espaço, entenda que ele é igual à distância que existe entre ele e Deus.


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