Ele veio para o que era seu
e os seus não o receberam.
Jo 1,11
Em Belém, no
acto de nascer, Jesus foi considerado um estranho e abertamente ignorado. Pelo
relato que nos é transmitido não houve qualquer acto de violência física contra
sua Mãe e S. José; o que aconteceu é que, não
havia lugar para o Menino nascer com as comodidades que merece qualquer mulher que dá à luz o fruto do seu ventre, o que não deixou de ser
um acto violento contra a Santa Mãe.
Como agora
acontece, as gentes da cidade de David iluminada pela Estrela propícia de Deus
estavam muito ocupados com os seus negócios para poderem entender que havia de ser no
frio daquela noite que a Humanidade encontraria o calor de uma religião
anunciada desde o princípio dos tempos.
Sobre a
Estrela que iluminou os Magos não tardou quem dissesse que esta teria sido um
cometa, e até lhe deram um nome: Halley,
e outros, asseveraram que teria sido uma Dança
de Júpiter, enquanto fenómeno astrológico que considerava Júpiter a estrela real que o vulgo associava a
reinados e coroações e houve, até, quem dissesse que se havia tratado de uma Novae a estrela que subitamente aumenta
o seu brilho e que só pode ser observada com potentes telescópios no espaço de
algumas horas ou dias.
Não disseram
esses entendidos que o Mistério que
conduziu os Magos foi uma acção directa de Deus, começando com eles a desnaturação
da divindade, como se não fosse através da sua acção intercessora começada nas
primeiras auroras do homem, que o Menino que procurava acolhimento - pesasse
embora o fulgor daquela Estrela que tinha o brilho que lhe estava destinado –
não tivesse merecido o calor de uma brasa naquela noite fria de Belém.
Não se
importavam que Jesus nascesse ali desde que não fossem incomodados, razão por
que, indiferentes aos pedidos dos pais, estes que encontrassem lugar para o
Menino nascer. Dentro da cidade não havia
lugar. Do mesmo jeito que haviam rejeitado o Criador, o Menino que fosse
nascer para os subúrbios da cidade onde, no meio dos montes estavam os
estábulos dos animais, deixando ficar as estalagens para todos aqueles que a
tinham procurado para responder ao senso de César Augusto, quando eles estavam
ali para cumprir o mesmo dever cívico.
Se nos debruçarmos
sobre o acontecimento que expulsou para longe dos muros da cidade o Menino-Deus que
ia nascer, colocada num mísero leito de palha, entre um boi e um burro, ressalta
à evidência que é o calor destes animais que retrata, criticamente, a
solidariedade humana que não achou maneira de encontrar lugar para Jesus, numa
só que fosse, das estalagens de Belém.
Esta
indiferença tem cabimento na inimizade que tem existido numa parte considerável
em todas as sociedades – e em todos os tempos – contra a religião que o Menino
viria a instaurar, acontecendo o mesmo no nosso tempo.
Na altura não
O acolheram. Não o queriam dentro de Belém. Agora, há quem O não queira no mundo, o que
é bem pior, fazendo d’Ele um estranho que se intromete nas vidas dos homens que
O rejeitam.
- Foi assim no
começo, e agora que Jesus continue a sofrer a mesma sorte.
Parece ser o que nos
diz esta Europa descristianizada que cerra o punho sempre que o seu nome é ouvido.
A Europa quer estar sem Jesus, fazendo
finca-pé todos os que, não só se orgulham de ser homens sem religião
como se ufanam de ser homens contra a religião, mas entregando-se de bom modo
nos braços de um ateísmo militante que está a corroer as Nações.
Porquê tanta
pilhagem às coisas de Deus?
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