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domingo, 21 de dezembro de 2014

Este Histórico-Divino Jesus Cristo!




Não tarda aí o Dia de Natal que desde o ano 350 o Papa Júlio III, após uma aturada investigação proclamou como data oficial celebrativa do nascimento de Jesus, elevada a feriado nacional pelo Imperador Justiniano, em 529.
Para os não crentes neste evento histórico que, contra a sua aceitação, virou a maior página da História da Humanidade há, contudo, fontes importantes que convirá fixar.

Em primeiro lugar, fontes não cristãs que assentam as suas teses no judaísmo, no grego e no hebraico.

Nota: Para a escrita deste texto servimo-nos do Livro "Deus, o Homem e o Universo" edição da Livraria Tavares Martins e, nele, do Cap, VIII "O Problema de Cristo" da autoria de Henri Fehner


Flávio Josefo, historiador judaico-romano, contemporâneo da era apostólica, segundo alguns autores é a personagem melhor situada para nos informar. Tendo nascido em 37-38, bem perto da morte de Jesus, é autor de duas obras de grande valor: "Antiguidades Judaicas" e "A Guerra Judaica", mas é no primeiro dos livros mencionados que nos deixa algumas notas referentes a Jesus que têm merecido consenso.
Numa delas refere o seguinte: Hanan (então sumo sacerdote) reuniu o Sinédrio em conselho judiciário e fez comparecer diante dele o irmão de Jesus, chamado Cristo (Tiago era o seu nome), com alguns outros..." in, Ant., XX, p.1)

Depois, em (Ant., XVII, 3, 3), declara: Foi nessa altura (da insurreição contra Pilatos, que se queria servir do tesouro do Templo para trazer a Jerusalém, a água de uma nascente afastada) que apareceu Jesus, homem sábio, "se na verdade se pode dizer homem falando dele". Porque ele fez coisas maravilhosas e foi mestre para aqueles que aceitam a verdade com prazer. Atraiu a si muitos Judeus e também muitos Gregos. Foi ele o Messias. E quando Pilatos por denúncia dos notáveis da Nação o condenou a ser crucificado, aqueles que o tinham amado, persistiam no sentimento, "porque lhes apareceu novamente vivo ao terceiro dia, consoante os divinos profetas tinham predito"

Sem deixar de afirmar que este texto é tido, por alguns, como suspeito, o autor chama para a sua defesa homens de cultura como; C. Burkitt, Emery Barnes e Harnack, tidos como sábios eméritos.

E o autor continua, afirmando que além de Flávio Josefo, encontram-se "na parte mais antiga da tradição talmúdica" alusões precisas à existência de Jesus, ao seu ascendente sobre o povo, por causar dos "seus actos de encantamento" à sua crucificação na vigília da Páscoa (cf. Tratado do Sinédrio 43 a, citado em Klausner, pág, 27).
Os Tanains, doutores de Israel, que sucederam aos Fariseus, no fim do 1º século da era cristã e durante o segundo, testemunharam à sua maneira em favor da existência de Jesus. Tal é, por exemplo, um dos mais ilustres de entre eles, Eliezer ben Hyrcanos, que vivia pelo fim do 1º século. 

E vêem à liça as fontes latinas. 
Escreve o autor Henri Fehner:

Tácito fala em termos claros de Jesus, nos seu "Anais" compostos no tempo de Trajano entre 115-120 após Cristo: "Para apagar o rumor (que o responsabilizava pelo incêndio de Roma), Nero acusou de culpados e infligiu tormentos requintadíssimos àqueles cujas abominações os faziam detestáveis e a quem a multidão chamava cristãos. "Este nome vem-lhes de Cristo, a quem sob o principado de Tibério, o procurador Pôncio Pilatos tinha entregado ao suplício." (...) Anais, XV, 44)

Suetónio, na "Vida dos doze Césares" publicada entre 115. 122, mas redigida anos antes, alude ao cristianismo e, certamente, ao seu Fundador. Diz ele de Cláudio(Imperador de 41 a 54 depois de Cristo) que "expulsou de Roma os Judeus transformados, devido à instigação de Chestus em causa permanente de desordem"; e na "Vida de Nero", sucessor de Cláudio, acrescenta: "Condenaram aos suplícios os cristãos, casta de gente dada a uma superstição  nova e perigosa" (Suetónio, "Vida dos doze Césares", Cláudio, nº 25)

Admite-se, geralmente que o "Chestus" a que Suetónio se refer, é Jesus Cristo. E se compararmos Suetónio (Cláudio XX) com os Actos dos Apóstolos (17, 2) e com a "História" de Orósio (VII, 6, 15), onde a expulsão dos Judeus de Roma se refere ao 9º ano de Cláudio (49-50) parece, poder-se afirmar que, no seio da comunidade judaica de Roma existiam dissenções, devidas à pregação cristã e à propagação da crença em Jesus.

E o autor continua, afirmando:

A expansão do cristianismo é mais amplamente afirmada por Plínio o Moço, numa carta dirigida ao Imperador Trajano, aí por 111-113 (Epístul., lib. X, 96). (...) para concluir, com o seguinte parágrafo:
Tais são os testemunhos gregos e latinos, judeus e pagãos. Não há neles grandes informações sobre a pessoa de Jesus, mas são mais que suficientes - mesmo que não houvesse mais nenhuns - para estabelecer que Jesus pertence de direito, não à lenda, mas à História.

Eis, porque - e agora é a minha vez de concluir - que, por tudo quanto foi exposto, tal é de per si suficiente para situar Jesus num tempo e num espaço vivo entre os homens sem termos de recorrer às fontes cristãs do Novo Testamento, pelo que o evento natalício que vamos viver dentro de dias nos dá a certeza desta Vida Maior que Jesus trouxe da parte de Deus que O fez nascer em Belém e que tem em si mesmo a Fonte Eterna daquela água "estranhamente salvífica" que num certo dia, junto ao poço de Sicar, a samaritana lhe pediu.

Que este Natal ajude todas as criaturas a entrar um pouco mais por dentro de todo este Mistério, que é, pela sua profunda Natureza algo que tem de sublimar em nós o dom da Fé com esta acompanhada pela Razão alicerçada nos testemunhos escritos e que chegaram até nós pelas penas insuspeitas de sábios historiadores.

De todas estas afirmações da existência de Cristo como personagem histórica, convém reter pelo seu sentido esotérico uma fase de Flávio Josefo, quando ao referir-se ao homem- Jesus, deixou escapar esta frase: "se na verdade se pode dizer homem falando dele", o que prova que aquele conceituado historiador judaicoromano viu naquela personagem que ele situava dentro da história dos homens, alguém, que pela sua diferença comportamental o colocava acima dos homens vulgares, pertencendo-lhe, portanto, a aceitação de se tratar de alguém, que veio ao mundo cumprir o que os velhos profetas - cujos relatos conhecia - anunciaram.

Efectivamente, de Jesus não se pode falar de um um homem vulgar, mas de Alguém que tendo assumido a natureza humana a trazia fundida pelo poder da Graça com a natureza divina. Flávio Josefo pressentiu-o e, embora fosse pagão, neste aspecto interpretou Jesus em toda a verdade da sua identidade real.

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