Porque um menino nos nasceu,
um filho nos
foi dado;
a soberania repousa sobre seus ombros,
e ele se chama Conselheiro
admirável,
Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz. (Is 9, 5)
Por mais
voltas que o paganismo dê na desconsideração do facto maior da História dos
homens, um Menino nasceu e todos, antes e depois daquele acto transcendente
estão inevitavelmente marcados, porque tal acontecimento mudou a corrente do
Tempo, estando perfeitamente identificado 700 anos antes na profecia de Isaías.
De pouco
importa saber a data certa do dia em que Jesus nasceu, mas importa reter que a
data de 25 de Dezembro, fixada pelo Papa Júlio I (337-352), serviu para marcar
um sinal comemorativo de tão magno evento predito por Deus enquanto aliança que
era preciso estabelecer com os homens, a que devem atender, apenas, como um
pormenor de calendário, enquanto o acontecimento é que deve ser exaltado pela transcendência
que encerra enquanto nascimento d’Aquele
que era Deus e se fez homem para morrer por todos nós, razão porque a data do
nascimento de Jesus, para os cristãos tem de ficar prejudicada a favor do
cumprimento da promessa de Deus de resgatar o homem através do Libertador, do
Profeta, do Grande Sacrificado.
É, deste modo,
que o Dia de Natal nos deve lembrar, que foi na matéria de
um Santíssimo Corpo que se fundiu, espiritualmente, o Amor de Deus revelado aos
homens e capacitando-os a entrar pela porta celeste do Reino.
Que este Natal
do Ano da Graça de 2014 a
par de celebrarmos o nascimento de Jesus, a nossa meditação não fique sujeita,
apenas, a este acto, impondo-se-nos que ela suba até Àquele Homem que o
salmista lembra no Salmo 18, 9-10: Ele
abriu os céus e desceu; nuvens escuras estavam sob os seus pés. Montou um
querubim e voou, deslizando sobre as asas do vento, para se fazer presente
no mundo e, sendo, embora, o próprio Deus tomou carne humana para viver
connosco.
Lembrando-O em mais um Dia de Natal, não
esqueçamos que foi Ele mesmo, que um dia, prefigurado pelo salmista, diria aos
homens: Mas eu sou verme, e não homem,
motivo de zombaria e objecto de
desprezo do povo. Caçoam de mim todos os
que me vêem; balançando a cabeça, lançam insultos contra mim, dizendo: "Recorra ao Senhor! Que o Senhor o
liberte! Que ele o livre, já que lhe quer bem!" Contudo, tu mesmo me tiraste do ventre; deste-me
segurança junto ao seio de minha mãe. Desde que nasci fui entregue a ti; desde
o ventre materno és o meu Deus. Não fiques distante de mim pois a angústia está
perto e não há ninguém que me socorra. (Sl 22, 6-11)
Porque, hoje,
como então, se continua a desprezar Jesus em tantas partes do Mundo, que nós
que O seguimos e nos dizemos cristãos, não queiramos jamais voltar a vê-lo
ferido por causa das nossa iniquidades, porque éramos ovelhas desgarradas e Ele
nos juntou no seu aprisco de Amor.
Assim, que
este tempo de Natal não seja só uma lembrança do calendário, mas seja,
sobretudo, lembrar o Grande Sacrificado e todo o seu percurso humano imbricado
na natureza divina que O fez andar com os homens, comendo e bebendo com os
pecadores, porque Ele não veio para os sãos - isto é, para os que acreditaram
na sua doutrina - mas veio, para os doentes - para todos os que sofriam as
dores da ausência do Seu Nome - em todos os caminhos por onde passou deixando o
lastro da Boa Nova.
Olhemos, pois,
o Presépio e rezemos:
- Amo-te, Menino-Deus que és nossa Força, nossa Fortaleza e nosso Libertador. Força da nossa salvação, Fortaleza que é nosso escudo e Libertador, porque em Teu refúgio encontramos a paz.
- Porque Tu, Menino-Deus baixaste dos Céus e vieste até nós e do resplendor da Tua presença saiu para todos os homens que andavam em trevas as claridades da Tua Palavra.
- Porque Tu, Menino-Deus fizeste das trevas o teu retiro secreto, por saberes que era nas regiões das sombras que mais falta fazia a tua Luz e, porque, das espessas nuvens das malquerenças em que andavam - e continuam a andar os homens - mostras a todos a concórdia do Amor que apenas se encontra em Ti.
- Porque Tu, Menino-Deus nos deste um Mundo onde é possível a Paz por amor da Tua Justiça e, porque, tornaste mais puras as nossas mãos e mais límpido o nosso pensamento.
- Porque Tu, Menino-Deus nos ensinaste que comer e beber com s pecadores não é desonra, mas um dever que trazias da parte do Pai e, porque, com o Teu exemplo aplainaste o ódio onde cresciam os montes da indiferença entre os homens.
- Porque Tu, Menino-Deus nos alargaste os caminhos e conseguimos ver mais longe e, porque, deste modo os nossos pés caminham mais seguros por saberem que caminham para Ti.
Exaltado sejas,
Menino-Deus!
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