Pesquisar neste blogue

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Esta troca de correspondência...



Gravura de o jornal "O Zé" de 10 de Janeiro de 1911


Dos dois protagonistas o que tem orelhas de burro e olha para o Livro do Código Penal - que não interpreta como o outro quer, é a Justiça - enquanto o outro, com modos ameaçadores e de azorrague na mão, como modos de quem explica o que deve ser feito é todo aquele que quer por entraves na balança da Justiça, desequilibrando-a para o lado que lhe convém.

Os protagonistas são de sempre...
E não há democracia que seja capaz de lhes por juízo!


Resposta de Mário Soares à carta de José Sócrates

A resposta de Mário Soares foi enviada cerca de 15 dias depois e o antigo governante diz a Sócrates que o admira “pela sua honradez, valentia e amizade”, acusando aqueles que “sem qualquer julgamento prévio, o querem destruir política e eticamente”. Soares considera que a intervenção de Joana Marques Vidal de não ter “sentido democrático” e o juiz Carlos Alexandre de tratar “vergonhosamente” o antigo primeiro-ministro. O fundador do PS diz ainda que Sócrates é “uma grande figura do socialismo democrático”.

in. "Observador" 29 de Dezembro de 2014

................................................................................................................

A troca de correspondência foi sempre um gesto salutar e de amizade entre pessoas anónimas que dela não deixaram rasto público, ao invés do que tem acontecido com figuras gradas da Cultura nacional ou não, cujas cartas - quase sempre publicadas postumamente - são um regalo intelectual a sua leitura.

A troca de correspondência entre José Sócrates e Mário Soares, a que acresce o facto anómalo da mesma ser publicada, como aconteceu no Jornal de Noticias desta última segunda-feira, prova à evidência que aquelas cartas - para além da amizade que as une - têm conteúdo político, algo que ficando mal aos dois correspondentes, fica pior em Mário Soares - cujo estatuto, embora não oficializado de senador da República derivado dos altos cargos que desempenhou - o deixa extremamente mal, quando duvida que a Procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal não tem "sentido democrático" e que o Juiz, Carlos Alexandre trata "vergonhosamente" José Sócrates.

Mário Soares, a quem, entre outros, devo o facto de estar a escrever esta "postagem" - e isso não posso esquecer - está a exagerar nos pecadilhos de uma linguagem que pelos vistos, põe a descrédito figuras cimeiras da Justiça que lhe deviam merecer mais contenção, porque todo aquele que não pensa e age como eu quero não pode ser assim tratado, revelando isto, que Mário Soares está a exorbitar mais uma vez ao intrometer-se em campos onde a entrada lhe devia ser vedada, se ele antentasse naquilo que foi e, verdadeiramente - sem ter perdido a honra das funções que desempenhou - perdeu a noção que elas impõem a quem as desempenhou.

Apesar disso, não alinho com certos impropérios e má educação que vejo publicados em alguma "blogosfera", mas não posso - mais uma vez - deixar de apontar o meu desacordo com ele, chamando à colação este velho conceito de Pitágoras: A primeira lei do homem deve ser o respeito por si mesmo, por pensar que neste caso, como noutros bem recentes, Mário Soares , sem eu saber porquê, anda a desbaratar o respeito que devia merecer.

Por esse motivo, embora declare que o meu respeito por Mário Soares do ponto de vista político já não existe, interpretando Henri Amiel, mas sobretudo, respeitando-me a mim mesmo do ponto de vista da espiritualidade a que me sinto solidário, repito o que disse o filósofo suiço : Respeitar em cada homem o homem, se não for aquele que é, pelo menos o que ele poderia ser, que ele deveria ser.

O meu respeito está aqui: no homem que é Mário Soares, pela lei natural um homem igual a mim, mas pela lei secular, lamentar que o meu respeito por aquilo - que ele deveria ser - seja um respeito circunstancial, completamente esbatido pelas suas últimas atitudes, das quais esta última, pese, embora a amizade que possa ter por José Sócrates, que respeito, mas por julgar o facto insólito daquele homem que foi - pelo cargo de Presidente da República, o mais alto magistrado da Nação - dizer o que tem dito por aqueles que agora detêm o poder do exercício da Justiça, de factos, que ainda não transitaram em julgado, o que me parece, é que Mário Soares e José Sócrates querem baralhar a opinião pública, como se ela estivesse a ser lavrada por malfeitores.

Que Mário Soares atente nisto: com estas "jogadas" falsas anda a deitar abaixo o edifício da nossa democracia incipiente, onde falta, ainda, alicerçar melhor as fundações, as paredes e, sobretudo, o telhado, que com atitudes destas - e outras de que nem é bom falar -  sofreu uns rombos e começa a meter água.

Que a inundação não afogue, uma vez mais, o nosso povo.
É o meu desejo neste dia de fim de Ano Velho, na esperança que o Ano Novo assim o seja, não apenas no nome, mas no conteúdo. O mais importante. 
E que José Sócrates seja julgado como merecem sê-lo todos os homens!




Sem comentários:

Enviar um comentário