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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Uma história exemplar!




Um homem trabalhava numa fábrica de distribuição de carne.
Um dia, quando terminou o seu horário de trabalho, foi a um dos frigoríficos para inspeccionar algo. Mas, de repente, a porta fechou-se e ele ficou trancado lá dentro. Ainda que tenha gritado e batido na porta com todas as suas forças, jamais o poderiam ouvir. A maioria dos funcionários já tinha ido embora, e era impossível ouvir os gritos de dentro da arca frigorífica.
Cinco horas mais tarde, quando o homem já se encontrava à beira da morte, alguém abriu a porta. Era o segurança da fábrica, que lhe salvou a vida.
O homem logo perguntou ao segurança como foi possível ele passar e abrir a porta, se isso não fazia parte da sua rotina de trabalho, e ele explicou:
— Eu trabalho nesta fábrica há 35 anos. Centenas de trabalhadores entram e saem a cada dia, mas você é o único que me cumprimenta pela manhã e se despede de mim à noite. Os restantes tratam-me como se eu fosse invisível.
E concluiu:
— Hoje, como todos os dias, você disse-me “Olá” à entrada, mas não ouvi o seu “até amanhã”. Espero o seu “olá” e o seu “até amanhã” todos os dias. Para si eu sou alguém! Ao não ouvir a sua despedida, eu sabia que algo tinha acontecido...

in, "O Astrolábio"
ANO II - Nº 35 - 25 de Janeiro de 2015
Paróquias de Cabril, Dornelas do Zêzere, Fajão, Janeiro de Baixo,
Machio, Pampilhosa da Serra, Portela do Fôjo, Unhais-o-Velho e Vidual


A história é exemplar!

É um retrato da nossa sociedade apressada, esquecida por demais, das boas maneiras, fruto de uma educação que nas próprias famílias algo descristianizadas do nosso tempo nem sempre é atendida como o devia ser, com reflexos evidentes nas Escolas que recebem os educandos nos primeiros anos do despertar para as normas comportamentais do civismo que as devia nortear.

Este valor, esquecido da moral dos costumes cedeu o seu lugar a uma mentalidade competitiva, algo libertária, nascida de um laxismo imbricado no desenvolvimento das ciências puras e das técnicas avançadas que tiraram, no todo ou em parte, quando não são cumpridos - os antigos conceitos de ordem espiritual que estão subjacentes nas saudações de chegada ou despedida "olá!" - "até amanhã!" quando nos cruzamos com o nosso semelhante - pelo que, esta falta educacional nos leva a perguntar qual o interesse que vai ter o mundo futuro cerceado do valor destes cumprimento afáveis.

O "olá" da manhã substitui o "bom-dia", porque nele está a carga afectiva de alguém que se compraz com o encontro  do outro nas primeiras horas do dia, como se transmitisse a alegria e o agradecimento a Deus por mais um dia de vida.
"Olá", que bom é ver-te de novo!
É um cumprimento. 
Uma saudação fraterna.
O desejo que o outro tenha um bom dia.

O "até amanhã" se tem a mesma carga de amor fraterno, tem algo mais. 

O desejo de se voltar a ver o outro num novo dia, pelos facto de ninguém ser dono dos seus próprios dias, pertencendo a sua sucessão a Deus que tudo ordena, pelo que o cumprimento que se faz na despedida de um dia que acaba é o desejo entrevisto de desejar ao outro a graça de o voltar a ver. De tal modo assim é, que muitas vezes ouvimos dizer a certas pessoas: "Até amanhã, se Deus quiser" o que é uma forma de maior afectividade humana.

Por tudo isto, a história que se transcreve "ipsis-verbis" e com a devida vénia daquela folha de carácter eclesial que nos chegou, deve merecer todo o aplauso por constituir um dever humanizado e civilizacional que de modo algum podemos deixar de cumprir, sem o que corremos o risco de tendo perdido a espiritualidade que está implícita no cumprimento ao outro, perdermos de nós mesmos aquilo que em nós tem a valia acrescida de sermos elos de uma corrente que une os homens - crentes ou não - na fraternidade universal de que todos somos agentes e, especialmente dotados para o sermos em plenitude em cada dia que passa.


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