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Quadro de John William Waterhouse
Na antiguidade (413-323) a. C., o filósofo Diógenes de Sinope baseava o seu pensamento através de uma simples frase - "procuro um homem" - andando durante o dia pelas ruas de Atenas, no meio das pessoas de lanterna acesa à procura do homem que vivesse a vida superando as exterioridades convencionais da sociedade, como: comportamento, dinheiro, luxo ou conforto, ou seja, buscava aquele que tivesse encontrado a sua verdadeira natureza, que vivesse em conformidade com ela e fosse feliz
Para ele, os deuses da sua Grécia haviam dado ao homem todas as formas para viverem felizes e que, para além dos conceitos sociais que deviam ser satisfeitos era importante a acção, o comportamento e o exemplo.
Só que isto aconteceu num tempo em que os homens aviltados pela dissolução dos costumes não souberam responder às interrogações de Diógenes, representando ele com a sua atitude a honra ultrajada e a consciência ferida da civilização do seu povo - que de pouco lhe serviu - porque o homem procurado não o encontrou nas ruas de Atenas que embora exibindo as roupagens da civilização helénica não foi capaz de lhe mostrar um só exemplar da dignidade humana.
Cinco séculos mais tarde, porém, entre os rugidos de uma multidão ébria de
furor e enlouquecida pelo ódio, deixou-se ver no balcão do Pretório, numa das praças
públicas de Jerusalém, a imagem de um réu, e ao seu lado a figura
austera de um gentio - Pôncio PIlatos - que, depois de declarar a sua inocência o mostrava solenemente a todos, proferindo estas proféticas e memoráveis
palavras:
«Eis o Homem!"
Jesus, com efeito, sem ser de modo algum a personagem que Diógenes procurou pelas ruas de Atenas, nem isso fazia parte da sua filosofia é, Aquele que estava nos desígnios de Deus, o Homem puro que estava ainda para vir no tempo exacto em que a Roda do Tempo o havia de mostrar a uma civilização - que como a de Atenas exibia as falsas roupagens que "vestiam" os doutores da lei no seu farisaísmo encapotado - mas que, mesmo no momento em que o pretor romano o apresentou à multidão, certo de não lhe achar culpa alguma, preferiu soltar um ladrão dos caminhos e em seu lugar prender e crucificar Jesus.
Na sua procura, o velho filósofo tinha em mente achar alguém superior ao comum dos mortais, mas esse Alguém que veio depois, correspondendo em tudo o que é humano às prerrogativas imanentes da sua filosofia, trazia algo mais da parte de Deus:
O humano e o divino fundidos numa só Pessoa, atributos que de nada serviram porque as gentes cultas de Jerusalém - embora, tendo-O à mão para exemplo - não O quiseram ouvir, sem cuidarem que o Homem que a populaça enfurecida crucificou, está vivo e no meio de todos nós e, de certo modo, com a sua atitude - anda como Diógenes por todas as cidades de candeia acesa - em busca de homens iguais aos que o velho filósofo procurou pelas ruas de Atenas, com uma diferença: é que, ao contrário do que sucedeu na velha e ilustre cidade da Grécia, Jesus - que é Universal - continua a encontrar homens exemplares por toda a parte do Mundo!
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