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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O "Mestre de Aviz", primeiro restaurador da independência nacional!


Gravura publicada pela Revista "O Occidente" 
de 1 de Janeiro de 1882



Não vou perder muito tempo para concluir aquilo que me proponho alcançar.

Dizer, apenas, que o Mestre de Aviz que veio a ser o rei D. João I e pai orgulhoso de uma geração de grandes homens, foi aclamado Mestre daquela Ordem em virtude da crise dinástica de 1383-1385, estando em iminência a perda da independência de Portugal, mercê da morte de D. Fernando I a que se juntou a impopularidade da Rainha D. Leonor Teles acrescida do seu conluio com o seu amante João Fernandes Andeiro a que se juntava - por desdita nossa - o facto de D. Beatriz, única filha do casamento de D. Fernando com Leonor Teles estar casada desde os onze anos de idade com D. João I de Castela.

Resultava assim que haviam dois pretendentes ao Reino de Portugal: D. Beatriz e o príncipe D. João, filho de D. Pedro I e da castelhana D. Inês de Castro, visto a princípio com alguma simpatia por alguma parte do povo, mas à qual sucedeu um movimento mais amplo que sobre estas duas hipóteses - ambas com sangue estrangeiro . preferiu que a escolha recaísse totalmente em sangue português, tendo então emergido D. João, Mestre de Avis, filho bastardo de D. Pedro I e de Teresa Lourenço.

Pelas suas próprias mãos - depois de ver consolida a pretensão popular - feriu mortalmente o amante de Leonor Teles que originou a sua fuga de Portugal abrigando-se na corte do genro, o rei de Castela que não tardaria a invadir e cercar a cidade de Lisboa da qual se viu obrigado a fugir, mercê da peste que não poupou a própria Rainha.

Em resumo, depois de levantado o cerco o Mestre de Avis foi submetendo vilas e cidades até 1385, ano que assinalou o domínio sobre a cidade de Coimbra, tendo ali sido aclamado Rei de Portugal em 6 de Abril de 1385.


Finalmente, porque era este o propósito, conclui-se por dizer que este acontecimento narra o primeiro abalo por que passou a independência de Portugal e que o segundo - 1º de Dezembro de 1640 - com a derrota do domínio filipino e ascensão do rei restaurador D. João IV  nos confirma que, se o primeiro, recuado no tempo nunca mereceu que fosse festejado, já o segundo teve outra sorte com a honra de ter sido considerado um dia amplamente assinalado no período de toda a Monarquia Constitucional, tendo sido elevado a "feriado nacional" com a implantação da República em 1910, constituindo uma das primeiras decisões que então ocorreram.

A sua supressão - ainda que provisória pelo XIX Governo Constitucional liderado por Passos Coelho em 1912 - foi uma afronta à História de Portugal pelo que a sua reentrodução, quanto antes, no calendário oficial é um acto que se impõe em memória não apenas da segunda restauração, mas da primeira acontecida no século XIV, na certeza que qualquer povo que não honra as sua memória não perde apenas isso - o que já é muito - perde a sua identidade nacional, ou seja, perde tudo, porque é naquela "arca" imaterial que estão arrecadados todos os valores que valemos enquanto Nação independente.

E isto não se pode perder... de forma alguma!


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