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sábado, 17 de janeiro de 2015

As obras de fachada da Ditadura e da Democracia.


Noticia publicada pela Revista "Mundo Gráfico" nº 9 - 15 de Fevereiro de 1941



Obra de referência do Estado Novo, o Estádio Nacional é, ainda hoje, possivelmente, o campo de futebol mais bonito de Portugal pela sua concepção e construção em anfi-teatro helénico a que acresce a envolvente da paisagem que lhe serve de moldura entre a Cruz Quebrada e Linda-a-Pastora.

Nele se gastou economias que no tempo melhor seriam ter sido gastas na melhoria social de um povo sofredor, vítima de uma I República sem norte e de duas Ditaduras: a militar e a civil, então conduzida por Oliveira Salazar.

Recordo-me de o ter visitado em 1945 incluído à força na "rapaziada" da minha velha Escola Primária e a imagem que tive e guardei na retina dos meus olhos é bem maior que a de hoje, mas é a antiga que eu guardarei para sempre, apesar dos motivos que me empurraram até ali

Não esqueço o momento. 
Só muito mais tarde tive consciência do que serviu e para que serviu aquela construção

Se ele constituiu, como é sabido, uma obra de afirmação e propaganda do Estado Novo, constituiu - com toda a justiça e isto tem de ser dito - um hino ao trabalho dos homens que naquela massa informe do terreno tiveram a arte de construir uma concha feita de pedra aparelhada e bujardada que lhe dá, no conjunto, a beleza estética que enche o olhar admirado das bancadas que sobem até envolverem o espaço nas linhas puras que ora se arqueiam, ora se encontram na linearidade fronteira ao edifício da Tribuna.

Este apontamento é, apenas, uma realidade de um tempo histórico em que, perante tanta miséria social esta obra ao desmentir as privações que se viviam, foi uma afronta ao povo, como foram, em tempo bem recente, as construções dos estádios de futebol construídas para o "Euro", estando algumas, no tempo que passa completamente desaproveitadas.


Sempre fomos assim, em Ditadura ou em Democracia.
Não temos juízo!
Sofremos de um mal endémico!


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