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sábado, 10 de janeiro de 2015

Ser santo.



O ensaista Jacques Riviére (1886-1925) é um convertido do século XX.

Num dos seus escritos, depois da conversão ao Cristianismo deixou este desabafo: Senhor afasta de mim a tentação a santidade. Contenta-te com a vida paciente e pura que eu me esforço por levar. Não confundas, Senhor, que eu não tenho fibra de santo. Sou um homem casado e pai de família... não me tentes com coisas impossíveis...

Penso, que se Jacques Riviére tivesse pensado num pequeno texto que S. Lucas descreve nos "Actos dos Apóstolos" (9 32) onde se diz: Pedro que andava por todas essas regiões (Damasco, Galileia e Samaria), foi ter também com os santos que havia em Lida.(...) entenderia que o Apóstolo ao deslocar-se à cidade de Lida - onde no tempo não havia santos canonizados como hoje os conhecemos - ia, simplesmente, à procura de homens já convertidos ou dos que pela sua bondade eram tidos como santos.

Em traços largos é o que Pierre Blanchad nos quer transmitir com este livro, onde uma tese bastante generalizada do nosso tempo quer inculcar aos homens que a santidade não é um apelo universal de Deus feito a todos, mas uma vocação especial dedicada apenas a alguns.
Essa a razão que o levou a abrir o livro "A Santidade e o Nosso Tempo" com um capítulo a que chamou: "A Nostalgia da Santidade no Mundo Contemporâneo" chamando à colação Montalembert a quem um dia perguntaram: "Qual o período em que gostaria de ter vivido?" tendo ele respondido: "Este"

A resposta breve não deixou de ser um livro aberto para todos aqueles que em face de uma certa descristianização da sociedade - que é evidente - bem gostariam de ter vivido uma época atrás onde o Cristianismo era mais actuante, o que não quer dizer que fosse mais profícuo junto dos homens, porquanto aquilo que hoje se nos oferece é mais desafiante, porque o poder do Espírito ao contrário dos católicos que desesperam com o tempo actual, não se ausentou do Mundo e, muito menos o abandonou, porque estará connosco "até à consumação dos séculos" (Mt 43, 20).

Ler este livro precioso é elevar a alma e ter ao alcance um tónico que Pierre Blanchard vai buscar, citando o "Diário" de Julien Green: Os meus romances deixam entrever em grandes remoínhos o que eu creio ser o fundo da alma e que escapa sempre à observação psicológica: a zona oculta onde Deus opera, dando-nos com esta citação a certeza que devia animar todo o homem do nosso tempo, por ser através dessa zona oculta onde Deus opera que é possível criar os santos parecidos com aqueles que S. Pedro ia procurar a Lida.

Eis, porque, a santidade, seja a mais comum e que passa todos os dias pelas ruas da cidade ombro a ombro connosco, seja a que pela sua grandeza merece ser, não adorava, mas venerada, encontramos nos Templos de Deus, é possível a todos os homens, bastando para tanto lembrar o que aconteceu no século XX, para além de Jacques Riviére, com:
  • Charles Nicole
  • Max Jacob
  • Edith Stein
  • George Desvalliéres
  • Gertrudes van le Fort
  • Heri Ghéon
  • Ernest Psichari
  • Takashi Nagai
  • Adolfo Retté
  • Manuel Garcia Morente
  • Eva Lavalliére
  • Fred Copeman
  • Charles Foucauld
  • Charles du Bos
  • Léon Bloy
  • Kenyin Reinolds
  • Giovanni Papini
  • Gabriel Marcel
  • Thomas Elliot
  • Charles Péguy
  • Luiis Bertrand
  • Francis Jammes
  • Paul Claudel
  • Evelyn Waugh
  • Alexis Carrel
  • João Verkade
  • Douglas Hyde
  • Karl-Stern
Por fim, dir-se-á que ser santo exige, apenas, uma conduta normal do homem social que longe de se excluir do mundo o vive para si mesmo e o ajuda a viver para os outros, bastando citar:

  • Não sou um santo, a menos que vejam um santo como um pecador que continua a tentar. (Nelson Mandela)
  • Um santo é um pecador morto, revisto e corrigido. (Ambrose Bierce)
  • O melhor modo de venerar os santos é imitá-los. (Erasmo de Rotterdam)
  •  A santidade talvez não seja mais do que o cúmulo da delicadeza. (Marcel Jouhandeau)

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