Ano
Novo – Espírito Novo
Agora, mortos para essa lei que nos mantinha
sujeitos, dela nos temos libertado, e nosso serviço realiza-se conforme a
renovação do Espírito e não mais sob a autoridade envelhecida da letra. (Rom
7,6)
É da pena
gloriosamente iluminada de S. Paulo que nos chegam estas palavras para nos
dizer de peito aberto que tendo-se libertado da escravidão da lei mosaica, o
homem do seu tempo repleto do Espírito Santo devia passar a servir a Lei de
Deus, sob um novo regime de serviço e de amor.
Para o tempo
de hoje, se levarmos em conta que a própria lei antiga transfigurada por uma
sociedade hedonista mantém viva a teoria epicurista que elege o prazer como o
supremo bem, este facto por demais evidente é denunciador de um certo modo de
viver longe da espiritualidade como atributo que é e parte integrante da humanidade
de todo o homem, um facto que leva a reflectir quão preciso é mostrar aos
homens do nosso tempo a Nova Lei que emerge da mensagem libertadora de Jesus,
que ao revogar a autoridade envelhecida
da letra de Moisés renovou todas as coisas.
Este Ano Novo
agora começado é o tempo de se voltar a dizer, que verdadeiramente, só
viveremos um tempo novo se renovarmos o espírito, compaginando-o com a letra do
Evangelho, de que o Papa Francisco é, neste tempo novo da Igreja, o seu arauto por excelência, não nos conformando com aquilo que é apenas secular, mas dando-lhe a
altura para onde devem pender todos os nossos sentidos e todas as nossas
acções.
Eis porque se
torna imperioso a transformação de algumas realidades vivenciais pela renovação
do pensamento, crendo que todo o homem foi criado por Deus para ser parte
integrante da Pedra Angular, que força alguma é capaz de mover ou destruir,
porque todo aquele que está em Cristo é
uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo. (2 Cor
5,17), razão profunda que nos deve nortear neste Ano Novo, sentindo e vivendo
que com uma nova atitude é possível a todos ser uma nova criatura se for renovando o que é velho e profundamente
mundano.
Vivemos um
tempo difícil, é sabido.
Mas tenhamos
confiança nos homens e nas próprias estruturas, mesmo naquelas apontadas a dedo
como sendo as causadoras das horas menos boas que atravessamos, onde em muitas
delas, o que aconteceu foi o esquecimento de viverem o Tempo Novo inaugurado
por Jesus que hoje nos convida a enterrar o homem
velho que habita em nós, na certeza que Deus não abandona o homem, indo ao
ponto de o perseguir nas sua noites, como aconteceu na antiga história de Jacó,
deixando-se perder na luta que travaram para o conquistar. (cf. Gn 32, 23-33)
Há, pois, que
fazer um novo caminho para Deus e desejar a sua bênção, como aconteceu no fim
daquela estranha luta, algo que é preciso fazer hoje, pois que, nada se renova
sem luta, ou seja, sem a vontade de orar, longa e profundamente por alcançar a
bênção de Deus que magnanimamente, na “perseguição” que faz ao homem o que
pretende é, simplesmente, a sua salvação, porque não foi em vão que Jesus veio para renovar todas as coisas.
Se não
entendemos isto, de nada entendemos, que não seja daquelas coisas rasteiras que
se prendem como liames ao homem velho,
indiferente à renovação do espírito que chama Ano Novo àquilo que continua a
ser a mesma coisa, fazendo tábua rasa
das palavras sábias do Apóstolo, que era doutor
da lei e a abjurou perante a novidade das Palavras fundadoras da Lei
definitiva que Deus outorgou a favor de todos os homens.
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