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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Os desvios da personalidade


Muitas vezes - e aí reside um dos aspectos curiosos deste problema - o indivíduo julga, erradamente, que tem personalidade, quando, de facto, tal não acontece; outras ocasiões a sua personalidade real é, totalmente, diversa daquela que ele julga ter.

Há, no ser humano, uma tendência natural para justificar erros, vícios ou defeitos, atribuindo tudo isso à própria personalidade. É ver, por exemplo, o seguinte caso: Muitas pessoas praticam continuamente, actos de injustiça e acham.nos perfeitamente justos e certos; parece-lhes que aquela injustiça é a mais perfeita das justiças

Um dia, porém, alguém lhes paga na mesma moeda - tratando-os com injustiça - e logo acorda, então, neles, o sentido obscuro da justiça, até ali obliterado e desviado da sua directriz. Essas pessoas estavam iludidas, julgando possuir uma personalidade recta; de facto  serviam as suas paixões. Por isso mesmo, afirma Rassak que "é insistindo sobre a injustiça, que se põe em acção o instinto da justiça".

in, livro "Psicologia do Homem", de Mário Gonçalves Viana


Debruçando-nos sobre este pequeno texto, numa análise à sua leitura, o que fica líquido é uma coisa muito simples: ter personalidade não é, de forma alguma, estar sempre em desacordo, como se se fizesse gáudio de se possuir um complexo de rebeldia contumaz, quanto ter personalidade é agir, imprimindo àquilo que se faz - mesmo sob a ordens emanadas dos seus superiores hierárquicos - um sentimento de ordem, deixando ficar na acção que se faz o sinal da sua presença.

Diz, por isso Mário Gonçalves Viana que a personalidade é uma síntese da pessoa humana, pois modo como se actua é que se pratica a rectidão e a clareza dos sentimentos que se põem em confronto neste joga da vida, pelo que devemos estar precavidos com os que se vangloriam da sua personalidade, porque é nela, muitas vezes que escondem os seus caprichos, paixões e vaidades humanas.

E isto é valido para qualquer acção do homem na sua vivência social em qualquer campo da sua actividade social ou política, não faltando hodiernamente, neste último campo, motivos de quem julga ser justo aquilo que o senso comum vê como injusto, quando, afinal, a rectidão morava, apenas, dentro das suas paixões que viam estar ordenado, aquilo que era uma desordem

Estou a referir-me ao que se passou nas últimas eleições legislativas, que conduziram ao poder quem tudo tendo feito para as ganhar, as perdeu, pelo que o pensamento de Rassak é insistindo na injustiça, que se põe em acção o instinto da justiça me leva a manter viva a esperança, que, um dia , a sociedade farta de ver injustiças, acordará para por a render o instinto da justiça, e pô-la no lugar de onde nunca deve sair.

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