Quando Pedro Santana Lopes foi nomeado Primeiro-Ministro em 17 de Julho de 2004 sucedendo a Durão Barrosso, por demissão deste, o Partido Socialista então liderado desde Setembro de 2004 por José Sócrates, a todo o transe, por tudo e por nada acusava Pedro Santana Lopes de exercer um poder politicamente ferido de autenticidade democrática pelo facto do mesmo não ter sido sufragado pelo voto popular.
Tal facto, acrescido a razões que sempre ficaram na nebulosa do tempo que se viveu e que levaram o Presidente da República, Jorge Sampaio a demitir o Governo da Santana Lopes - que tinha a maioria no Parlamento - com a queda deste, o Parlamento foi dissolvido e José Sócrates foi eleito Primeiro-Ministro em Fevereiro de 2005.
Esta é a lembrança.
Quanto ao recado a António Costa, na eventualidade de vir a ser Primeiro-Ministro, para manter a coerência política do Partido Socialista que veio a ganhar as eleições legislativas em 24 de Fevereiro de 2005 e empossado José Sócrates, Primeiro-Ministro em 12 de Março, atendendo a que:
- Com a queda do anterior executivo, António Costa veio a fazer parte desse Governo como Ministro da Justiça,
- Que tal facto só ocorreu, porque o Partido Socialista verberava Santana Lopes de não exercer o cargo legitimamente.
- Pede-se, por isso, a António Costa - na eventualidade de vir a ser Primeiro-Ministro - não tendo o seu poder sido sufragado pelo povo, pelo facto do Partido Socialista ter perdido as eleições de 4 de Outubro de 2015,
- Que, coerentemente, como aconteceu em 2004 com o Partido Socialista a acusar Santana Lopes de não exercer um Poder legítimo e, consequentemente, a pedir ao Chefe do Estado a necessidade de haver eleições antecipadas para se clarificar a situação política,
- Que António Costa, naturalmente - porque a política da oposição não vai esquecer isso - vai ser ser, de igual modo acusado de não exercer um poder político sufragado pelas urnas, derivando isto,
- Do facto incontroverso do Partido Socialista se ter apresentado autonomamente ao eleitorado no sentido de vir a ser o vencedor das eleições - tendo até pedido a maioria absoluta - e não o tendo conseguido e, até, tendo-as perdido,
- Só uma soma aritmética de votos com Partidos que se opuseram nas urnas ao Partido Socialista, se António Costa vier a ser Primeiro-Ministro - tal facto - a efectivar-se só será possível contra o modo como o PCP-PEV e o BE se apresentaram ao sufrágio popular,
- Que, se isso acontecer, seja António Costa que venha a pedir eleições antecipadas para, do mesmo modo, como aconteceu em 2005 ser clarificada a situação política de dois blocos, um à direita e outro à esquerda.
- E assim, o povo quando for chamado às urnas tem a consciência do peso eleitoral do seu voto, o que não aconteceu com os votos repartidos pelo PS, PCP-PEV e BE, nas eleições do passado dia 4 de Outubro de 2015.
- Claro como água. É assim, não é?
- Então, que António Costa tenha esta atenção com o povo eleitor.
Este é o recado que fica.
E o recado fica assim exposto sem qualquer azedume contra o homem, mas verberando o seu acto político, pelo respeito que deve merecer a todos os portugueses - políticos ou não - a assunção da verdade histórica, sobretudo, agora, que Portugal vive um momento em que mais que nunca para quem exerce o Poder em nome de todos nós, o deve fazer incólume a censuras que minam a necessidade de haver equilíbrio e sossego político, tendo em conta os compromissos internacionais com que Portugal se confronta.
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