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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A caridade autêntica



Há pessoas que desejam saber só por saber, e isso é curiosidade; outras, para alcançarem fama, e isso é vaidade; outras, para enriquecerem com a sua ciência, e isso é um negócio torpe; outras, para serem edificadas, e isso é prudência; outras, para edificarem os outros, e isso é caridade"
                                                                        Santo Agostinho
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No Catecismo da minha infância - que ainda guardo -  aprendi que eram três as "Virtudes Teologais": Fé, Esperança e Caridade, e recordo-me, de ter fixado que estas virtudes por aquilo que representam serem modos comportamentais da dignidade que o homem deve ter com o Mundo e com Deus, dividindo-se, por isso em Humanas e Teologais, as primeiras para serem usadas no convívio com os semelhantes e as segundas no relacionamento da nossa humanidade com a divindade de Deus.

Tudo isto acudiu ao meu espírito ao dar com o pequeno texto de Santo Agostinho - que na juventude andou arredio da Igreja, sem que isso o tivesse impedido depois da sua conversão de vir a ser um dos seus maiores pilares - para a partir das suas palavras me fixar nas pessoas que ele refere que vivem para edificarem os outros, e isso é caridade.
Fiquei a pensar que esta é, possivelmente, a maior definição da CARIDADE que algum dia foi dada, porque ela ao ser vivida deste modo confunde-se harmoniosamente com o AMOR.
A caridade - porque tende a edificar o outro -  não se resume na moeda que se dá ao pobre ou no prato de comida que se lhe dá e, muito menos, quando se tira do que temos a mais no nosso guarda-roupa para vestir quem precisa, porque podemos dar isso tudo, mas sem edificarmos a pessoa com o amor humano que ela nos merece, o que damos não é caridade, mas apenas, um modo de nos livramos de quem nos pede, seja comida ou um agasalho.

Por isso edificar o outro, como diz Santo Agostinho, compreende:

  • Fazê-lo sentir pessoa.
  • E assim, ajudá-lo a erguer-se, a edificar-se, ou seja, fazer que o "edifício" humano que ele é, se erga para cima e possa olhar os seus semelhantes de olhos nos olhos e não de olhos em baixo, envergonhado da sua pobreza.
  • Fazer isto - edificando-o como pessoa que ele é -  é exercer o AMOR que vai buscar à CARIDADE autêntica a sua maneira de agir perante o outro.

Tudo isto fez renascer em mim o meu velho Catecismo e o que nele se dizia da FÉ, ESPERANÇA e CARIDADE, e num relance revi as três virtudes a começar pelas duas primeiras, porquanto precisamos delas para "vermos" com os nossos olhos humanos e limitados, algo em que acreditamos e não podemos ver, e um dia - com a nossa morte se dissiparão - ficando apenas de nós, como se fosse um rasto que deixamos, a CARIDADE que fizemos, ou seja, o AMOR como vivemos e esse nunca morre.

E foi por isso, que me veio ao pensamento o seguinte: Santo Agostinho, dizendo o que disse nas últimas palavras da sua reflexão, certamente teve por seu mestre um outro Santo e convertido como ele, S, Paulo, que na sua primeira Carta aos Coríntios (13, 13) declara o seguinte: 

Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor; mas a maior de todas é o amor.

Nisto reside, efectivamente, a caridade autêntica, que pela sua identidade com Deus é a irmã perfeita do amor humano.

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