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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Corpo e Alma: Uma unidade!





No seu livro - Psicologia do Homem - o seu autor Mário Gonçalves Viana, num capítulo dedicado à Unidade Humana, diz que a unidade psíquica do homem é um facto pressentido desde longa data.
E chama para defesa desta tese Frei Amador Arrais que nos "Diálogos" afirma que, tanta afinidade tem entre si a alma e o corpo, e tão estreitamente se comunicam, que um segue o hábito da outra, e a bondade interior da alma reluz na face exterior.

Não tarda a concluir Mário Gonçalves Viana, que o homem não é divisível: a alma e o corpo formam um todo indissolúvel e portanto inseparável, para rematar o seu pensamento pela afirmação de que o espírito e a matéria vibram em uníssono.

Foi esta conclusão que me levou até soneto de Fernanda de Castro - ALMA SERENA - para com ele tecer o meu louvor ao livro de Mário Gonçalves Viana, porque leio e sinto que na poetisa esta unidade - Corpo e Alma - estar patente logo no primeiro verso, assim expresso: Alma serena, a consciência pura, para concluir de imediato que é daquele modo, nessa unidade psíquica que ela quer levar a cabo a vida que lhe resta.

Pelo que, depois de ler com toda a atenção este capítulo do livro que tenho a sorte de possuir e depois de meditar no soneto de Fernanda de Castro, fiquei com a certeza que é sempre um erro que o homem comete quando separa, enquanto se vive, a alma do corpo, quando são uma unidade que se funde sem terem actividades independentes, porquanto o corpo age segundo os ditames que lhe impõe a alma que vive entro dele.

Alma Serena

Alma serena, a consciência pura,
assim eu quero a vida que me resta.
Saudade não é dor nem amargura,
dilui-se ao longe a derradeira festa.

Não me tentam as rotas da aventura,
agora sei que a minha estrada é esta:
difícil de subir, áspera e dura,
mas branca a urze, de oiro puro a giesta.

Assim meu canto fácil de entender,
como chuva a cair, planta a nascer,
como raiz na terra, água corrente.

Tão fácil o difícil verso obscuro!
Eu não canto, porém, atrás dum muro,
eu canto ao sol e para toda a gente.

in "Ronda das Horas Lentas"


Tão fácil o difícil verso obscuro!


Diz assim Fernanda de Castro, como se dissesse que a sua Alma Serena apenas vivia na obscuridade para quem não soubesse - ou não quisesse entender o seu verso obscuro - onde ela sentia viva a sua alma, que era a sua consciência erguida dentro de si, na certeza que era dessa predisposição humana do seu corpo que a sua alma não cantava, efectivamente, atrás dum muro.

E não cantava, porque todas as almas humanas acompanhando os ditames do corpo cantam ao sol e para toda a gente na tal unidade comunicacional de que nos fala Frei Amador Arrais, secundado pelo autor do livro quando nos diz que o espírito e a matéria vibram em uníssono, pelo acto simples de existirem.


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