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sábado, 21 de novembro de 2015

O nosso "Livro Branco" anda a pairar nas nuvens!



in, Infoeuropa (Biblioteca)

Livro Branco sobre a Educação e a Formação
Ensinar e Aprender rumo à Sociedade Cognitiva

COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS
Bruxelas, 29.11.1995

"Ë necessário ousar tudo examinar, tudo discutir e mesmo, tudo ensinar".
Condorcet
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PREAMBULO

O presente Livro Branco inscreve-se numa linha de actuação que tem simultaneamente em vista propor uma análise e definir orientações de acção nos domínios da educação e da formação. Põe em prática o Livro Branco "Crescimento, Competitividade, Emprego", o qual sublinhou a importância que reveste para a Europa o investimento imaterial, em particular na educação e na investigação. Este investimento na inteligência desempenha de facto um papel essencial para o emprego, a competitividade e a coesão das nossas sociedades. A apresentação deste Livro Branco foi sugerida com vista ao Conselho Europeu de Madrid nas conclusões do Conselho Europeu de Cannes frisando que "as políticas de formação e aprendizagem, elementos fundamentais para a melhoria do emprego e da competitividade, deverão ser reforçadas, especialmente a formação contínua".

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A cultura literária e filosófica desempenha o mesmo papel perante os "educadores selvagens" que são os grandes meios de comunicação de massas e que serão, em breve, as grandes redes informáticas. É ela que facilita o discernimento, desenvolve o sentido crítico do indivíduo, inclusive contra o pensamento dominante. Pode proteger o indivíduo contra a manipulação, permitindo-lhe decifrar a informação que lhe chega.

Convém no entanto sublinhar o papel educativo que os grandes médias podem desempenhar. Assim, cadeias de televisão generalistas, como a BBC no Reino Unido, por exemplo, ou especializadas, como a Cinco em França, propõem programas educativos - e, nomeadamente, programas a horas fixas - que oferecem verdadeiros menus deformação aos telespectadores.

Em associação com as autoridades públicas, os grandes médias permitem também atingir objectivos pedagógicos que não seriam realizáveis com meios clássicos. Foi deste modo que a BBC, por exemplo, conduziu recentemente, com grande sucesso, uma campanha pontual ("Read and Write") para lutar contra o iletrismo. Esta campanha destinada a consolidar a prática da leitura e da escrita dirigia-se às famílias desfavorecidas, tanto pais como filhos.

Uma base sólida de cultura geral confere ao cidadão meios para se orientar na sociedade da informação, isto é, para ser capaz de situar e compreender, de forma crítica, as imagens e os dados que lhe chegam de múltiplas fontes. (...)

https://infoeuropa.eurocid.pt
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Lendo este pequeno trecho sobre o "Livro Branco" da Comissão das Comunidades Europeias que tem a data de 29-11-1995, a sensação que fica é que os nossos  "médias" relativamente ao que aqui é proposto  de "programas educativos" que respeitam as horas de poderem chegar, no caso da TV ao maior número de espectadores, são uma miragem, porquanto nessas horas - por causa dos "shares" ou quotas de mercado - o que dá aos telespectadores portugueses são telenovelas em catadupa, como acontece com a TVI.

São uma afronta à cultura.

E de um outro modo, o mesmo tem de ser dito da informação escrita, mesmo em jornais de grande circulação nacional que antigamente tinham páginas dedicadas à cultura geral que, como diz o texto acima transcrito confere ao cidadão meios para se orientar na sociedade da informação, isto é, para ser capaz de situar e compreender, de forma crítica as imagens e os dados que lhe chegam de múltiplas fontes, na actualidade tudo - ou quase tudo - desapareceu.

É uma outra afronta à cultura.

Eis, porque, a meu pesar, sou um crítico da informação que temos - que devia lutar contra o iletrismo social e político em que grande parte do povo português vive - parece, de toda a justiça apelidar o "Livro Branco" que o Estado português tinha a obrigação de nos dar, obrigando os "média" a ser uma das primeiras portas por onde ele devia entrar, anda por aí a pairar nas nuvens, quando devia estar rente ao chão da vida onde surgem os problemas que exigem menos iletrismo e em consequência, mais saber, que o mesmo é dizer mais cultura social e política.

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