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domingo, 22 de novembro de 2015

Duas verdades!


Um pensamento que parece mais que evidente 
de Almada Negriros
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Miguel Torga in, "Diário 1948"
Humanidade às Cegas

Tanto jornal, tanta rádio, tanta agência de informações, e nunca a humanidade viveu tão às cegas. Cada hora que passa é um enigma camuflado por mil explicações. A verdade, agora, é uma espécie de sombra da mentira. E como qualquer de nós procura quase sempre apenas o concreto, cada coisa que toca deixa-lhe nas mãos o simples negativo da sua realidade.
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Lê-se Almada Negreiros e Miguel Torga e a estranha sensação que fica é que, se como diz o primeiro dos autores citados, no tempo do seu nascimento já tudo estava escrito - tim, tim por tim, tim - de como se podia salvar a Humanidade, Miguel Torga no seu positivismo transmontano vem dizer que apesar de tudo estar escrito, nunca vivemos tão às cegas, pelo que a verdade de Almada Negreiros parece entroncar-se no que diz Miguel Torga, porquanto a verdade do primeiro é no segundo uma espécie de sombra de mentira, como se fosse, também, uma verdade mas camuflada por mil explicações.

Em que ficamos, afinal?

Penso que na verdade que Almada Negreiros deixou: Salvar a Humanidade, porque ela continua a debater-se entre o luminosos e o tenebroso, o positivo e o negativo, o bem e o mal, o ser e o não ser, ou seja, somos parecidos em muitas das nossas acções com o antigo deus romano - Jano - que tinha duas caras, uma a olhar em frente e a outra a olhar para trás, e em vez de, existir em cada um de nós a virtude de nos vermos a caminhar em cima da Verdade, continuamos a usar as duas faces de Jano e, por isso, ao usarmos o negativo da realidade o que deixamos por fazer é Salvação da Humanidade.

Podíamos, sem corrermos riscos, ter a atitude de Jano - e olhar em ambas as direcções até se chama prudência - mas devíamos para nos salvarmos do atoleiro em que estamos a cair tirar a bissectriz dos dois olhares e fazer dela o caminho mais prudente.



A lição bifronte do velho deus romano, efectivamente bem podia ser a sábia prudência da Humanidade para ser usada - em nome de todos nós - o pudor intelectual da consciência inibitória que devia seguir o caminho qualificador dos seres con-viventes que somos, pelo que é de toda a justiça entender-se o que diz Miguel Torga de apesar de tanta informação, vivermos às cegas - porque vinda de tantos lados se torna difícil fazer a "bissectriz"-  e, em consequência, termos a certeza que estando tudo escrito - quando nascemos - falta-nos saber como Salvar a Humanidade e dar toda a razão a Almada Negreiros.

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