Um homem tinha-se perdido no
deserto. Esgotada a provisão de alimentos e de água, arrastava-se dolorosamente
nas areias quentes. De improviso, viu diante de si palmeiras e ouviu o murmúrio
da água.
Ainda mais desanimado,
pensou: «Isto é uma miragem".
A minha fantasia projecta
diante de mim os desejos profundos do meu subconsciente. Na realidade não
existe nada. Sou um homem culto e sei estas coisas».
Sem esperança, delirando,
caiu sem forças ao chão. Pouco tempo depois, passaram dois beduínos. O pobre
homem já estava morto. Disse o primeiro:
— Não percebo. Tão perto de
um oásis, com água a dois passos e as tâmaras quase a caírem-lhe na boca, como
é possível que tenha morrido?
Sacudindo a cabeça, disse o
outro:
— Era um homem culto, um
homem moderno...
Há pessoas que julgam que a
ciência lhe dá todas as respostas para a sua vida. Orgulhosos no seu pensamento
científico, julgam saber todos os mistérios acerca do homem. Mas a ciência não nos pode
dizer qual o sentido da nossa vida neste mundo.
in, "O Astrolábio" de 8 de Março de 2015
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O que é a confiança?
Para a ter não basta ser sábio ou ter muita cultura.
Na história o homem que caiu morto, desconfiado do que via na sua frente e lhe tinha salvo a vida pertence ao magote daqueles que, segundo o pensamento de Juan Luis Vives, fazem da vida "uma morte constante", algo que não abona da sua filiação divina que lhe dá - se ele a quiser aceitar - a certeza que com Ele o que é constante é a vida e o acto responsável de a viver sem miragens, porque em cada acto existencial, ou seja, cada passo que é dado vai ao encontro da "água que mata a sede" por maior que seja o deserto da vida.
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