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domingo, 15 de novembro de 2015

A falta de confiança




Um homem tinha-se perdido no deserto. Esgotada a provisão de alimentos e de água, arrastava-se dolorosamente nas areias quentes. De improviso, viu diante de si palmeiras e ouviu o murmúrio da água.
Ainda mais desanimado, pensou: «Isto é uma miragem".
A minha fantasia projecta diante de mim os desejos profundos do meu subconsciente. Na realidade não existe nada. Sou um homem culto e sei estas coisas».

Sem esperança, delirando, caiu sem forças ao chão. Pouco tempo depois, passaram dois beduínos. O pobre homem já estava morto. Disse o primeiro:
— Não percebo. Tão perto de um oásis, com água a dois passos e as tâmaras quase a caírem-lhe na boca, como é possível que tenha morrido?
Sacudindo a cabeça, disse o outro:
— Era um homem culto, um homem moderno...

Há pessoas que julgam que a ciência lhe dá todas as respostas para a sua vida. Orgulhosos no seu pensamento científico, julgam saber todos os mistérios acerca do homem. Mas a ciência não nos pode dizer qual o sentido da nossa vida neste mundo.

 in, "O Astrolábio" de 8 de Março de 2015
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O que é a confiança?
Para a ter não basta ser sábio ou ter muita cultura.

Na história o homem que caiu morto, desconfiado do que via na sua frente e lhe tinha salvo a vida pertence ao magote daqueles que, segundo o pensamento de Juan Luis Vives, fazem da vida "uma morte constante", algo que não abona da sua filiação divina que lhe dá - se ele a quiser aceitar - a certeza que com Ele o que é constante é a vida e o acto responsável de a viver sem miragens, porque em cada acto existencial, ou seja, cada passo que é dado vai ao encontro da "água que mata a sede" por maior que seja o deserto da vida.

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