Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Uma história em três actos


in, Revista "O Thalassa" de 17 de Outubro de 1913
................................................................................................................

A história passa-se entre as duas margens de um rio. 

1º Acto - Os apaniguados da Revolução Francesa, todos eles exibindo uma "auréola" de "santos" - para enganar os incautos - mostram em letras garrafais a divisa: LIBERDADE, IGUALDADE; FRATERNIDADE, propósitos bem nobres, mas com a desfaçatez de nada disto se ter cumprido no decurso de 1789-1799 e, virem propor o mesmo em Portugal com a Revolução de 1910, convidado de braços abertos o povo português incarnado na célebre figura de Rafael Bordalo Pinheiro, que a Pátria - na figura de uma Rainha - segura junto a um mastro representativo da gesta portuguesa, com medo deste se passar para o outro lado.

2º Acto - O povo português não ouviu os rogos da Pátria e atirou-se de roldão, seduzido pelo convite daqueles homens que tomou como "santos", mas de tal modo imtempestivo que voaram as suas "auréolas" e eles mesmo, vendo que o salto era arriscado - pois não podiam cumprir o que prometiam, atropelara-se uns aos outros...

3º Acto - O povo, ao ver a desordem que provocara  e temendo ter deixado a Pátria petrificada, sem lhe ter  aprovado o gesto, temeu pela sua sorte e ao não ser recebido como lhe haviam dito, antes de ter uma sorte bem pior que aquela que tinha, deixou-se cair no rio... e, embora falte aqui um 4º Acto, tudo leva a crer que voltou à margem de onde partira e pediu desculpa da figura que fez.

........................................................................................

Esta pode ser uma interpretação do desenho do artista colaborador da Revista "O Thalassa" que se sabe era de cariz monárquico, embora tendo tido a coragem de ridicularizar figuras republicanas que naquele tempo, volvido mais de um século (114 anos) ainda acreditavam candidamente na divisa da Revolução Francesa.

Foi um disparate com que Portugal iniciou o século XX e do qual ainda sofremos, sem no entanto abjurarmos a divisa, porque ela nos seus princípios éticos e morais trazia um sol nascente, com a pena de não ter durado o tempo suficiente para a felicidade do povo francês, nem tão pouco para quem - como nós - em 1910 a quisemos seguir, a mando dos revolucionários, porquanto não temos sido dignos dos seus atributos, socialmente correctos, com pena de não ser para todos, mas para só para alguns.

Ontem como hoje!

Sem comentários:

Enviar um comentário