in, Revista "O Thalassa" de 17 de Outubro de 1913
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A história passa-se entre as duas margens de um rio.
1º Acto - Os apaniguados da Revolução Francesa, todos eles exibindo uma "auréola" de "santos" - para enganar os incautos - mostram em letras garrafais a divisa: LIBERDADE, IGUALDADE; FRATERNIDADE, propósitos bem nobres, mas com a desfaçatez de nada disto se ter cumprido no decurso de 1789-1799 e, virem propor o mesmo em Portugal com a Revolução de 1910, convidado de braços abertos o povo português incarnado na célebre figura de Rafael Bordalo Pinheiro, que a Pátria - na figura de uma Rainha - segura junto a um mastro representativo da gesta portuguesa, com medo deste se passar para o outro lado.
2º Acto - O povo português não ouviu os rogos da Pátria e atirou-se de roldão, seduzido pelo convite daqueles homens que tomou como "santos", mas de tal modo imtempestivo que voaram as suas "auréolas" e eles mesmo, vendo que o salto era arriscado - pois não podiam cumprir o que prometiam, atropelara-se uns aos outros...
3º Acto - O povo, ao ver a desordem que provocara e temendo ter deixado a Pátria petrificada, sem lhe ter aprovado o gesto, temeu pela sua sorte e ao não ser recebido como lhe haviam dito, antes de ter uma sorte bem pior que aquela que tinha, deixou-se cair no rio... e, embora falte aqui um 4º Acto, tudo leva a crer que voltou à margem de onde partira e pediu desculpa da figura que fez.
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Esta pode ser uma interpretação do desenho do artista colaborador da Revista "O Thalassa" que se sabe era de cariz monárquico, embora tendo tido a coragem de ridicularizar figuras republicanas que naquele tempo, volvido mais de um século (114 anos) ainda acreditavam candidamente na divisa da Revolução Francesa.
Foi um disparate com que Portugal iniciou o século XX e do qual ainda sofremos, sem no entanto abjurarmos a divisa, porque ela nos seus princípios éticos e morais trazia um sol nascente, com a pena de não ter durado o tempo suficiente para a felicidade do povo francês, nem tão pouco para quem - como nós - em 1910 a quisemos seguir, a mando dos revolucionários, porquanto não temos sido dignos dos seus atributos, socialmente correctos, com pena de não ser para todos, mas para só para alguns.
Ontem como hoje!
Ontem como hoje!
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