Cada uma destas folhas secas do Outono, no poema de Cecilia Meireles
simboliza uma pessoa, a folha seca que é preciso levantar do chão.
Canção de Outono
Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?
E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando aqueles
que não se levantarão...
Tu és folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
E vou por este caminho,
certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...
Cecília Meireles , Poesia
completa:
Volume 2.
Obrigado Cecília Meireles!
Grato pela "Canção de Outono", porque quantas vezes eu choro pelo que não fiz e podia ter feito, como ajudar a levantar do chão a folha seca, que mais não é que uma imagem dos homens e mulheres - folhas secas - que podíamos e devíamos ter levantado dos Outonos em que, quantas vezes, por nossa culpa, são pisadas pelas nossas desatenções e das que a sociedade se encarrega de fazer?
Obrigado Cecília Meireles!
Que a sua "Canção de Outono" - escrita num tempo em que viveu entre nós - seja um motivo que nos leve a não pisar as folhas secas dos nossos companheiros e companheiras de jornada e, tenhamos a força de as levantar dos Outonos em que caíram as suas vidas.
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