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sábado, 3 de dezembro de 2016

Primeira Fábrica de Bolachas em Portugal


 

Amassador das massas
Preparação das massas em lâminas
Fornos
Toda a informação captada in, Revista "O Occidente" 11 de Março de 1902
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Localização da Fábrica 
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Esta Fábrica de Bolachas começou a laborar no ano de 1872, alcançando-se pela Travessa dos Brunos, a direita de quem sobe a Av. Infante Santo,  com sede no Alto da Pampulha, de que hoje resta a Calçada da Pampulha e tinha acesso pelo então chamado Aterro da Boa Vista iniciado em 1855 que ligou o Cais do Sodré a Alcântara conquistando terreno ao rio Tejo, e por onde corre, hoje, o traçado da Av. 24 de Julho.

Coube a Eduardo António da Costa lançar mão à construção desta unidade fabril que não tardou em merecer prémios, tendo arrecadado em Viena de Áustria uma Medalha de Mérito e na Exposição de Filadélfia em 1876 um galardão semelhante, distinção que se veio a repetir na Exposição Universal de Paris de 1878 e em Lisboa, em 1884 o prémio atribuído às bolachas e biscoitos que produzia, distinção que se veio a repetir em 1888 com a Medalha de Ouro, na Exposição Industrial Portuguesa.

Vivia-se,então, um tempo em que a letargia fabril portuguesa começara a acordar de um sono profundo que ao não ter conseguido acolher o ímpeto da primeira industrialização de Portugal que coube ao III Conde da Ericeira, Luís de Meneses (1632-1690) porque àquela data o Estado ao fazer do ouro vindo do Brasil a sua maior riqueza esquecia a mentalidade do desenvolvimento económico assente numa estabilidade política, fazendo daquele bem que vinha de além-Atlântico o equilíbrio da balança comercial, ao mesmo tempo que mantinha a opulência da corte e a dos seus vassalos, garantindo uma falsa projecção de Portugal na cena internacional, algo que veio a ter no reinado de D João V a sua expressão maior, algo que só veio a esmorecer com o declínio da exploração aurífera em terras brasileiras.

A tudo isto se veio a juntar o Bloqueio Continental, as Invasões Francesas, a fuga da Família Real e depois as Guerras Liberais, de que adveio a escassez de pagamentos dos bens importados,  como aqueles que garantiam a indústria naval e a compra de lanifícios, sedas e outros bens afins, com o vidros, pelo que urgia promover o desenvolvimento da indústria nacional - fechado o ciclo do ouro do Brasil e os endividamentos a que Portugal ficou sujeito - donde surgiu a necessidade do Estado refrear as importações e promovendo as indústrias internas que conseguiu uma produção, ainda que regionalizada, como aconteceu com a Fábrica de Bolachas da Pampulha, que teve em Eduardo António da Costa o seu grande impulsionador.

Lembra isto, hoje, é um modo de render homenagem a um homem, entre outros que no século XIX - finalmente - com a sua tenacidade e sentido patriótico deram continuidade a uma ideia que tinha tido no século anterior a sua génese no tocante à industrialização do Pais e que não produzira os bens que lhe augurara o III Conde da Ericeira, cuja memória não pode ser esquecida, porque em cada tempo hão-de existir homens que cuja visão de Estado está para além do tempo em que viveram.

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