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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

D. António Barroso: um réu da I República

in, Wikipedia
in, Jornal "O Thalassa" de 4 de Julho de 1913
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O Bispo do Porto D. António Barroso, quando em 1911 foi dada a conhecer a "Pastoral do Episcopado Português"  datada de 24 de Dezembro de 1910 em defesa dos direitos da Igreja em face dos atropelos da I República de leis opressivas e espoliadoras dos bens da Igreja e de que D. António Barroso foi um corajoso opositor, encorajando os Padres e os fiéis contra tais acendalhas, viu reavivar-se a luta anticlerical que selvaticamente o atingiu.

O dia 26 de Fevereiro - um Domingo - foi o escolhido para o documento ser lido em todas as Igrejas da Diocese do Porto, contra a vontade do Governo que a todo o custo pretendia evitar o conhecimento público da "Pastoral", o que levou D. António Barroso no dia 2 de Março de 1911 a enviar uma carta-circular a todos os Párocos com a finalidade urgente da leitura, pedindo  aos Vigários que seriam suspensos os Párocos que se recusassem a ler o documento no Domingo seguinte aos seus paroquianos.

Afonso Costa não lhe perdoou a ousadia.

Esta pertinácia levou a que no dia 7 de Março, D. António Barroso tivesse sido chamado a Lisboa por Afonso Costa e exposto aos insultos de uma multidão para o efeito condicionada, tendo o Bispo em Tribunal político sido destituído das suas funções episcopais e governo da Diocese do Porto, tendo-lhe sido proibido voltar a qualquer território da mesma.

É o seu exílio, no Colégio das Missões em Cernache do Bonjardim e aldeia de Remelhe, a sua terra natal de Barcelos.

O seu aparecimento público só se viria a dar no dia 16 de Maio de 1913, no elogio fúnebre que fez na Igreja Matriz de Vila do Conde, em memória do Arcebispo de Braga, D. Manuel Baptista da Cunha, falecido durante o desterro imposto pelo governo da República, tendo no dia 12 de Junho sido conduzido ao Tribunal de S. João Novo, acusado de ter ido a S. Tiago de Custóias, Matosinhos, em representação do Papa pio X, apadrinhar o baptismo de uma criança, tendo sido absolvido, sem antes se ver envolvido em mais um caso, até que, beneficiando de uma amnistia, regressa à Diocese do Porto em 22 de Fevereiro de 1914, mas tendo-lhe sido ocupado o Paço Episcopal, instala-se na Casa de Sacais,

No dia 4 de Abril de 1914 reassume as suas funções episcopais, celebrando o 25º aniversário e no dia 19 de Fevereiro de 1917 - atacado pela doença contraída nas missões que tivera em África - faz o seu testamento, onde diz: "Nasci pobre, rico não vivi, e pobre quero morrer, em obediência às sábias leis da Santa Igreja Católica", para só no dia 9 de Dezembro de 1917, um Decreto da Junta Revolucionária assinado por Sidónio Pais o ter ilibado de todos os castigos que haviam sido motivados pela Lei da Separação das Igrejas do Estado,

D. António Barroso falece na Casa de Sacais no dia 31 de Agosto de 1918.

Réu da I República, este homem de "antes vergar que torcer" é um exemplo do sofrimento psíquico e moralmente reprovável do que fez Afonso Costa, de quem padeceu os males que lhe advieram da defesa que fez da Igreja Católica, pelo que lembrá-lo no soneto que me chegou às mãos e acima reproduzo é um dever moral que assumo, pela simples razão de nunca me ter identificado com a I República, nem deveras, com qualquer regime republicano que assenta o seu ideário em acções com esta - uma entre mil outras mais - pelo que aqui declaro o meu antagonismo, especialmente, àqueles anos em que o desvario político entregou a Nação a um regime - hoje vigente - mas que devia corar de vergonha pelos princípios que teve.

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