Cântico da Glória - Coro da Sé Nova de Coimbra
Imagem da 1ª Missa do Galo presidida do Papa Francisco
ORIGEM DA MISSA DO GALO
É uma antiquíssima tradição cristã que o Natal que significa o nascimento de Jesus Cristo seja revivido numa celebração Eucarística a realizar perto da meia.noite por se crer que o nascimento tivesse ocorrido perto dessa hora.
Chama a Igreja a que o povo se associou a esta celebração - A Missa do Galo - porque se acreditar que por volta daquela hora um galo cantou alegremente, associando-se à vinda do Messias havia séculos esperado, advindo daí o costume de se ter escolhido o galo para símbolo deste magno acontecimento, uma razão que faz com que este seja erigido no campanário de muitas Igrejas, sobretudo, as mais antigas.
A Missa do Galo foi instituída logo após o Concílio de Éfeso no ano 431 que proclamou a Virgem Maria como Mãe de Deus, começando a sua celebração a ter lugar numa Igreja do monte Esquilino, uma das sete colinas de Roma e presidida pelo Papa Sisto III, que veio a ser dedicada a Nossa Senhora e mais tarde denominada Basílica de Santa Maria Maior, hoje, uma visita obrigatória para todos os peregrinos que visitam Roma.
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A esta tradição que não fugiram aos longo do anos grandes nomes da Literatura Universal com grande realce para os Poetas, que são pela sua sensibilidade mais apurada os que têm a arte de transformar estas velhas tradições da Igreja Católica Romana em trechos literários que de geração em geração têm chegado até nós como sustentáculos da Fé.
Murilo Araujo é um poeta brasileiro que sobre este assunto nos deixou em linhas suaves e puras o testemunho da fé que o moveu em vida, fazendo-a presente nesta formosa,
HISTÓRIA
CRISTÃ
Natal.
Missa
do galo assistida de estrelas.
E
à meia-noite havia tanta glória
Na
grande Catedral
Que
o Menino Jesus que não ama a riqueza
No
retábulo de ouro onde estava, no altar,
Moveu
os bracinhos, sério,
E
começou no berço a gritar e a chorar!
Logo
para acalmá-lo
O
sacerdote em vão o embalou nos joelhos
E
mostrou-lhe no alto as lâmpadas da festa
A
tremer e a brilhar.
Acenderam-se
em vão mais cristais com espelhos.
O
Menino Jesus continuava a chorar.
Embalde
o órgão gemeu cantilenas serenas
De
adormecer, de acalentar,
Em
vão maias docemente entoaran hosanas.
Mais incenso! Mais rosas!
E
o Menino Jesus a chorar, a chorar…
Cem
senhoras de escol
Com
perfumes e jóias e sorrisos em flor
o
tomaram nas mãos.
Cem
mantas de veludo em vão o aconchegaram
Em
cem colos cristãos.
E
o arcebispo até, de dalmática real,
Agitou
de mansinho aos olhos do Menino
Dez
campainhas, dez! todas em matinada
A
tocar:
tilim-tim!
tilim-tim!
Nada,
nada.
Jesus
continuou a chorar.
Então
uma preta humilde, uma preta descalça,
De
pixaim branquinho a tomá-lo se ergueu,
Afagou-o
a tremer com ingénua doçura
E
maternalmente o repreendeu:
- Vem drumi, vem drumi, “sinhô moço!”
E
ó milagre!
O
Menino Jesus adormeceu.
Poema
citado por Mons. António de Azevedo Pires
in,
“Poesia e Teologia” Poetas de Língua Portuguesa” – 1º vol.
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Que esta bela poesia nos dê a lição exacta, perfeita e biblicamente correcta, quando nos é dito que o Menino-Deus que nasceu, já passa de dois milénios dispensa festa de arromba, complicadas e, sobretudo, inúteis, porquanto Ele veio humildemente, de tal modo, que até para nascer não encontrou um palácio - e Ele era Rei - mas foi pobremente que chegou ao Mundo.
Um dia, num livro meu - já lá vão cerca de três dezenas de anos - escrevi deste modo, lembrando o Presépio.
Podes construir Presépios lindos
com papéis coloridos,
luzes, sons, caminhos,
Reis Magos e camelos…
mas se no teu Presépio
pões o Menino a dormir
em vez de sentires,
que a sua Voz interpela.
o teu Presépio
será uma encenação a mais
no grande Teatro do Mundo!
in, “Mensagens”
(Edições Paulistas) assim então designadas
Depois, de ler a poesia de Murilo Araujo, fiquei a pensar que aquela preta humilde foi a única pessoa que compreendeu a voz do Menino Jesus que chorava, porque no meio de tanta fausto, só ela entendeu que a sua Voz a interpelava para fazer sentir ao Mundo a humildade e o Amor que Ele trazia como o melhor dos presentes... que tantos de recusam a abrir num gesto indelicado pelo Menino-Deus que tanto nos deu e continua a dar em cada dia que passa.
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