O PRIMEIRO PASSO
Quadro de Kaulbach
in, Revista "Branco e Negro" de 2 de Junho de 1879
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Desde o primeiro momento que os meus olhos tiveram a ventura de olhar para ela famosa tela do pintor alemão Wilhelm von Kaulbach, que ele intitulou - O PRIMEIRO PASSO - apeteceu-me colocar-lhe como sub-título - o "Anjo Tutelar" - porque se na tela o que o pintor quis simbolizar é que nos primeiros passos de cada criança existe, etéreo e sideral um anjo que a protege e a ajuda a dar o primeiro passo, há quem sustente que esse anjo é o da própria mãe de cada um de nós.
Eu sou dos que pensam assim, porquanto, as nossas mães são Anjos Tutelares que Deus se encarrega de colocar na vida de cada criatura, que elas, pelas dores do parto e das que lhe causamos depois de adultos - e até de velhos(as) - nos cobrem com as suas "asas" de anjos puros nos nossos passos mal dados - quando foram elas que nos ajudaram a dar o primeiro passo, tendo em mente que ele seria o primeiro de muitos milhares e, sempre, dado em frente e de rosto aberto para a vida.
A Mãe, é, efectivamente o nosso "ANJO TUTELAR".
Neste fim de ano em que é necessário fazer o balanço do que foi feito em cada um dos passos que demos - e, talvez, porque sinta que os meus passos estão cada dia a ficar mais duros, como se as pedras da calçada tivessem cola - embora, sem ter consciência do meu primeiro passo, mas porque sei que ele foi dado pelo anjo que tive - e me serviu de Mãe - fui ao baú das minhas lembranças e em sua santa memória fica aqui o Poema que ela me ditou no seu leito de morte, num tempo em que no LIVRO DA VIDA, ela desejava que eu escrevesse todas as folhas que ainda estavam em branco:
Continuo - apesar do peso dos anos - a pedir o mesmo à memória de minha Mãe: que me erga sempre em cada um dos passos, na certeza que tenho que ela continua a ser O ANJO TUTELAR que agora, no Céu, continua a amparar com o mesmo jeito como amparou o meu primeiro passo.
Eu sou dos que pensam assim, porquanto, as nossas mães são Anjos Tutelares que Deus se encarrega de colocar na vida de cada criatura, que elas, pelas dores do parto e das que lhe causamos depois de adultos - e até de velhos(as) - nos cobrem com as suas "asas" de anjos puros nos nossos passos mal dados - quando foram elas que nos ajudaram a dar o primeiro passo, tendo em mente que ele seria o primeiro de muitos milhares e, sempre, dado em frente e de rosto aberto para a vida.
A Mãe, é, efectivamente o nosso "ANJO TUTELAR".
Neste fim de ano em que é necessário fazer o balanço do que foi feito em cada um dos passos que demos - e, talvez, porque sinta que os meus passos estão cada dia a ficar mais duros, como se as pedras da calçada tivessem cola - embora, sem ter consciência do meu primeiro passo, mas porque sei que ele foi dado pelo anjo que tive - e me serviu de Mãe - fui ao baú das minhas lembranças e em sua santa memória fica aqui o Poema que ela me ditou no seu leito de morte, num tempo em que no LIVRO DA VIDA, ela desejava que eu escrevesse todas as folhas que ainda estavam em branco:
EM TUA MEMÓRIA, MÃE
Como se fosse uma finíssima
escultura
de um qualquer afamado artista
de Atenas
era uma estátua grega o teu
rosto mortuário.
Era de tal modo a talha e a
linha pura
que o teu rosto escondia as suas
penas
e tinha o ar de quem rezava o
seu Rosário.
Apesar disso, Mãe,
apesar da tua serenidade
amortalhada
e do ar que tinhas... como se
dormisses
por teres chegado ao fim da
estrada
nunca supus que após o fim da
tua vida
deixasses tanto vazio e tanto
escuro!
É que tudo é mais longe e é mais
além...
e é por me faltar a tua guarida
que em cada passo encontro um muro.
Ensina-me, Mãe, o modo de o
vencer.
Que há vidas que tenho de
cumprir
e sortes onde não posso perder.
Conto contigo, minha Mãe,
embora nunca mais me digas adeus
quando saía comovido do teu
ninho
- que era a nossa casa da aldeia
-
e me perdia na curva do caminho.
Sabes, Mãe, dou graças ao
destino
por ter sido eu quem te havia de
cerrar os olhos.
- Os teus olhos quase cegos -
mas que se abriam
para me ver, como se não houvesse crescido
e fosse sempre ao teu olhar o
teu menino!
Graças, Mãe, pela tua força e
pelo teu querer
Graças, Mãe, por tudo o que me
ensinaste,
Graças, Mãe, pela tua alegria de
viver
Graças, Mãe, por tudo quanto
amaste
Graças, Mãe, por tudo quanto me
deste:
- os teus inolvidáveis
presentes.
Graças, Mãe, pelo teu amor à
terra
e às suas gentes.
E agora, Mãe, embala-me
docemente,
como se eu fosse - e era para ti
-
o teu menino... sempre em teus
braços.
E reza por mim no alvor celeste
para que eu vença todos os
cansaços
e me erga sempre em cada um dos
passos
que tenha de cumprir na vida que
me deste!
Continuo - apesar do peso dos anos - a pedir o mesmo à memória de minha Mãe: que me erga sempre em cada um dos passos, na certeza que tenho que ela continua a ser O ANJO TUTELAR que agora, no Céu, continua a amparar com o mesmo jeito como amparou o meu primeiro passo.
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