O
sentido social da palavra política
(…) A
Igreja que, em razão da sua missão e competência, de modo algum se confunde com
a sociedade nem está ligada a qualquer sistema político determinado, é ao mesmo
tempo o sinal e salvaguarda da transcendência da pessoa humana. No domínio próprio de cada uma, comunidade
política e Igreja são independentes e autónomas. Mas, embora por títulos
diversos, ambas servem a vocação pessoal
e social dos mesmos homens. E tanto mais eficazmente exercitarão este
serviço para bem de todos, quanto melhor cultivarem entre si uma sã cooperação,
tendo igualmente em conta as circunstâncias de lugar e tempo. Porque o homem
não se limita à ordem temporal somente; vivendo
na história humana, fundada sobre o amor do Redentor, ela contribui para
que se difundam mais amplamente, nas nações e entre as nações, a justiça e a
caridade. Pregando a verdade evangélica e iluminando com a sua doutrina e o
testemunho dos cristãos todos os campos da actividade humana, ela respeita e promove também a liberdade e
responsabilidade política dos cidadãos.
(nº 76 da Constituição “Gaudium
et Spes”) Nota: os sublinhados são nossos.
Nota: os sublinhados no texto da Igreja são nossos.
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Subordinado ao tema “A Importância da Boa Vontade”, Albert Einstein em “in,
Discurso-1948” ,
num dado passo declarou: (…) devemos
estar hoje claramente conscientes do peso que uma pequeníssima justificação e
uma boa vontade honesta podem exercer sobre os acontecimentos na vida política.
Mas, independentemente disso, e independentemente do nosso destino, podemos
estar certos de que sem os esforços incansáveis daqueles que estão preocupados
com o bem-estar da humanidade como um todo a maioria da espécie humana estaria
muito pior do que se encontra realmente agora.
O grande cientista
acusado de ateísmo e, até, de lançar dúvidas sobre Deus, não deixou de seguir
nesta prelecção um pensamento religioso ao proferir estas palavras onde deixou
entrever o quanto as linhas da religião e da ciência são complementares uma da
outra. Eis, porque,a Igreja saída do Vaticano II ao assumir-se como sinal
e salvaguarda da transcendência da pessoa humana, encaminha os
seus fiéis para que sintam nas palavras de Einstein - e noutras semelhantes de
ontem ou de hoje - um clarão espiritual em cima da sombra que passa.
Efectivamente,
se nos lembramos das palavras do cientista, ele disse: sem os esforços
incansáveis daqueles que estão preocupados com o bem-estar da humanidade como
um todo, a maioria da espécie humana estaria muito pior do que se encontra
realmente agora, o
que faz haver nestas palavras ressonâncias de Deus, porquanto, sem a boa vontade honesta que vista por
qualquer ângulo tem sempre ressaibos do Evangelho se for posta ao serviço da
política, esta a quem cabe gerir a res
publica como a Igreja, a quem cabe a difusão da doutrina dos Evangelhos, têm
caminhos independentes e autónomos mas são convergentes em relação ao bem
do homem.
Mas isto não acontece se ao invés da boa vontade, imperarem a desordem e a
imoralidade sem respeito pela dignidade humana, porque o que resulta é o
abastardamento da sociedade e, com ele, a falta de amor pelo progresso caldeado
no cadinho onde se “misturam” os homens de boa vontade que gerem a política e
aqueles que gerem os destinos da Igreja, porque - como diz o Texto do Vaticano
II, ambas as realidades servem a vocação pessoal e social dos mesmos
homens.
Era extremamente
urgente que os homens do nosso tempo, sobretudo, os políticos tomassem
consciência destas verdades para deixarmos de dar alguma razão a Eça de Queirós
que em 1867 no jornal “Distrito de Évora” dizia que em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar
oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a
moralidade nestes dois factos que constituem o movimento político das nações.
Há honrosas e
gratificantes excepções a esta asserção azeda, todos o sabemos, mas falta
percorrer, ainda, muito caminho. Assim, que os homens não se limitem, como diz
o texto a viver, somente, a ordem temporal,
mas que todos vivam sobre o amor do
Redentor para que a justiça e a caridade - e a moralidade - caminhem juntas nos campo políticos e, deles saiam
como emanação natural para o comum dos cidadãos, na certeza que há-de ser no
exercício da boa vontade que temos -
sociedade civil e Igreja- de definir os caminhos da liberdade e responsabilidade política dos cidadãos.
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