Exaltar a MULHER
(…) Em
diversos países está sendo objecto de constante procura e, por vezes, mesmo de
reivindicações enérgicas, um estatuto da mulher, o qual faça cessar a efectiva
discriminação existente e estabeleça
relações de igualdade nos direitos e de respeito pela sua dignidade.
Não falamos, obviamente, daquela falsa
igualdade que negasse as distinções estabelecidas pelo mesmo Criador e que
estivesse em contradição com o papel específico e, quantas vezes capital, da
mulher no coração do lar e, também na sociedade.
A evolução das legislações
deve, ao contrário, orientar-se no sentido de proteger a sua vocação própria e,
ao mesmo tempo, de reconhecer a sua
independência, enquanto pessoa, e a igualdade dos seus direitos a participar na
vida cultural, económica, social e política.
in,Carta Apostólica
“Octogésima Adveniens” do Papa Paulo VI ao Cardeal Maurício Roy, Presidente do
Conselho dos Leigos e da Pontifícia Comisão “Justiça e Paz”, no 80º aniversário
da Encíclica “Rerum Novarum”)
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O texto que se reproduz faz parte do nº 13 da
“Carta Apostólica” e é antecedido duma reflexão do Papa Paulo VI sobre a
juventude quanto às suas aspirações de renovação, a que se
segue o texto dedicado à mulher, quanto ao estabelecimento de relações
de igualdade, conforme o preceituado pela doutrina católica, não daquela
falsa igualdade que se podem situar a partir da publicação em 1960 do livro “O Segundo
Sexo” de Simone de Beauvoir e assumido pelo movimento feminista - marcadamente
político - que advoga que a hierarquização dos sexos é uma construção social e
não a uma questão biológica, e em última análise, afirmam que a condição da
mulher na sociedade foi uma construção da sociedade patriarcal.
Sem se negar que
existe razão quanto aos maus tratos sofridos pela mulher, como a que adveio com
o advento do capitalismo, mormente com a Revolução Industrial em que ao
adquirir postos de trabalho se sentiu explorada, isso - que foi uma realidade e
uma nódoa social - não implica que se
queira de uma forma intelectual e teórica desnaturalizar a ideia da diferença
entre os géneros, que é entendível quanto aos direitos, mas não assim, quanto à
natural diferenciação natural, algo que não é considerado pelo feminismo,
porque agem no sentido de modificar a concepção de que a mulher não é mais
frágil que o homem.
Eis, porque, Paulo VI
chama a atenção para a falsa igualdade contraposta à
Criação e, em consequência - assinala com esmero o seguinte - em
contradição com o papel específico e, quantas vezes capital, da mulher no
coração do lar e, também na sociedade, como está a acontecer no tempo que passa, onde a mulher encontrou
a carta de alforria, que a faz participar
activamente na construção da sociedade, a par da dignidade que é dada ao homem,
pela participação empenhada da sua acção, de acordo com a nova concepção da
sociedade, mas longe dos estafados feminismos que tenderam, como o fim, colocar
a mulher contra o homem.
Jacques Leclercq
(1891-1971), no seu livro: “A Família”, sobre este assunto aborda-o do seguinte
modo: Todos os seres humanos são iguais,
com uma igualdade de natureza que lhes confere a mesma nobreza, o mesmo direito
de alcançarem o seu fim próprio e de utilizarem os meios necessários para o
conseguirem, para concluir num passo adiante: Mas esta igualdade fundamental combina-se com uma desigualdade
acidental: desigualdade de dons da natureza (…) e isto pressupõe, apenas -
o que é visível quanto à morfologia do ser
único e irrepetível, enquanto obra-prima da Criação.
E depois, acrescenta
esta asserção.
O ser humano encontra-se na terra para cumprir uma
missão; cada qual deve ocupar o seu lugar na obra do género humano, obra de
progresso humano ou de civilização. Cada qual deve ocupar o lugar
correspondente à sua capacidade. Tanto a mulher como o homem. Cada mulher como
cada homem.
Temos, assim, que o
pensador espiritualista ao afirmar, convictamente, que a sensibilidade da
mulher está acima da do homem e, como tal, lhe está destinado um desempenho da
máxima importância familiar e social - o que é uma evidência natural pelo facto
de ter em grau superior a inteligência
ligada àquela qualidade congénita - este facto que lhe faz apurar a intuição,
pode intuir-se, não passou despercebido ao
Papa Paulo VI no texto a que fazemos referência, levando-o a exortar o poder
legislativo, quanto è necessidade de proteger a sua vocação própria e, ao
mesmo tempo, de reconhecer a sua independência, enquanto pessoa, e a igualdade
dos seus direitos a participar na vida cultural, económica, social e política.
Não valem, portanto,
como norma os feminismos virulentos, mas, o amor, filho da assunção natural das
diferenças, que afinal, complementam os dois seres - homem e mulher - e lembrar
como fecho, os dois últimos versos do famoso poema de Victor Hugo: “O Homem e a Mulher”, que nos dizem que o
homem está colocado onde termina a terra / a mulher, onde começa o céu.
E, assim, exaltemos a
mulher que pela sua natureza é a matriz de todos os homens, tornando-se bem parecidas com Nossa Senhora, Mãe de
Jesus.
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