Faz hoje 869 anos que a cidade de Lisboa foi tomada aos mouros com a entrada triunfante das tropas de D. Afonso Henriques no bastião mais forte da cidade: o Castelo de S. Jorge e cujo acontecimento, de tão importante não escapou à epopeia poética que Luís de Camões imortalizou nesse Livro Único que ele intitulou: "OS LUSÍADAS", dando conta da força dura mourisca que já havia conquistado tantas cidades, interrogando-se sobre o poderio, que afinal veio a soçobrar ao poder da força dura do nosso primeiro rei.
"Que cidade tão forte por
ventura
Haverá que resista, se Lisboa
Não pôde resistir à força
dura
Da gente, cuja fama tanto
voa?
Já lhe obedece toda a
Estremadura,
Óbidos, Alenquer, por onde soa
O tom das frescas águas, entre as
pedras,
Que murmurando lava, e Torres
Vedras.
in, “Os Lusíadas”
Canto III – estrofe 61
Manda a verdade dizer que D. Afonso Henriques contou com os Cruzados provindos de Dartmouth, Inglaterra, constituídos por normandos, inglese, escoceses germanos, cuja armada depois de ter arribado ao Porto rumou para o sul, por terra e mar, tendo os nautas penetrado no estuário do rio Tejo em junho de 1147 e tendo acampado no lugar a que hoje chamamos a Baixa de Lisboa
A Tomada de Lisboa
in, "Quadros Históricos de Portugal" de António Feliciano de Castilho
O facto é bem conhecido.
No dia 25 de Outubro de 1147, Martim Moniz morre esmagado contra as portas da entrada no Castelo de S. Jorge, e varado pela lanças mouriscas, dando aso com a sua heroicidade, que de portas abertas o tropel das tropas que haviam feito e cerco à cidade, tendo subido a colina entrassem no Castelo e o tomassem para a Coroa de Portugal.
Tela de Roque Gameiro
Entrada solene na cidade ( 25 de Outubro )
Aberta, pois, a porta e dada autorização de entrarem, os
colonienses e os flamengos, concebendo um astucioso ardil, solicitam aos nossos
que seja deles a honra de serem os primeiros a entrar. Dada, pois, a anuência
para tal efeito e chegada a ocasião, fazem entrada mais de duzentos com os que
anteriormente haviam sido designados, fora outros que se tinham intrometido
pela brecha da muralha que ficava à sua mercê da parte em que se encontravam,
enquanto ninguém dos nossos, que não fosse dos designados, presumira proceder à
entrada. 20
À frente, pois, ia o arcebispo e os outros bispos com a
bandeira da Cruz do Senhor e a seguir entram os nossos chefes juntamente com o
rei e os que para este efeito tinham sido escolhidos.
Oh! Quanta não foi a alegria de todos! Oh! Quanta não foi a
honra especial que todos sentiam! Oh! Quantas não foram as lágrimas que afluíam
em testemunho de alegria e de piedade, quando todos viram colocar no mais alto
da fortaleza o estandarte da Cruz salvífica em sinal de sujeição da cidade,
para louvor e glória de Deus e da santíssima Virgem Maria. O arcebispo e os
bispos com o clero e todos os outros, não sem lágrimas de júbilo, cantavam o Te
Deum laudamus com o Asperges me e orações de devoção.
Entretanto, o rei dá a volta a pé pelas muralhas do castelo
cimeiro
in, "O Portal da História"
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