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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Vamos falar de LAICISMO

 
Vamos falar de Laicismo

(…) Pois, em virtude do próprio facto da criação, todas as coisas possuem consistência, verdade, bondade e leis próprias, que o homem deve respeitar, reconhecendo os métodos peculiares de cada ciência e arte. Por esta razão, a investigação metódica em todos os campos do saber, quando levada a cabo de um modo verdadeiramente científico e segundo as normas morais, nunca será realmente oposta à fé, já que as realidades profanas e as da fé têm origem no mesmo Deus. Antes, quem se esforça com humildade e constância por perscrutar os segredos da natureza, é, mesmo quando disso não tem consciência, como que conduzido pela mão de Deus, o qual sustenta as coisas e as faz ser o que são. Seja permitido, por isso, deplorar certas atitudes de espírito que não faltaram entre os mesmos cristãos, por não reconhecerem suficientemente a legítima autonomia da ciência e que, pelas disputas e controvérsias a que deram origem, levaram muitos espíritos a pensar que a fé e a ciência eram incompatíveis. Se, porém, com as palavras «autonomia das realidades temporais» se entende que as criaturas não dependem de Deus e que o homem pode usar delas sem as ordenar ao Criador, ninguém que acredite em Deus deixa de ver a falsidade de tais assertos. Pois, sem o Criador, a criatura não subsiste. De resto, todos os crentes, de qualquer religião, sempre souberam ouvir a sua voz e manifestação na linguagem das criaturas. Antes, se se esquece Deus, a própria criatura se obscurece

in, nº 36 da Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”  - Nota: os sublinhados são nossos.

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Só é entendível falar do laicismo - e do seu sentido social -  por esta corrente do pensamento libertário respeitar à sociedade onde vivemos e que, no seu todo, recolhe no seu seio, na pluralidade que a enforma, ideários como o do laicismo que ao apresentarem-se contra os valores  sobrenaturais tende a fractura espiritual da sociedade respeitadora da transcendência natural da sua origem.

De uma forma pertinente, desde o Renascimento o laicismo começou, paulatinamente, a assumir para si o papel de uma revolta contra Deus, com clara evidência no tempo moderno, impondo o homem ao mundo e vendendo-lhe a falsa ilusão deste se bastar a si mesmo, desembaraçando-o, assim, de um multissecular empeço e de um irritante e prejudicial obstáculo, como afirma Michele Federico Sciacca, no seu livro: “A Hora de Cristo”.

É contra isto, que através da “Gaudium et Spes” a Igreja deplora certas atitudes do espírito, que eivadas numa concepção da vida ao nível terreno aumentam a crise que está a afectar a Europa contemporânea, mergulhando-a num abismo onde falta o fundamento do absoluto da verdade e dos altos valores sobrenaturais e humanos que brotam das duas primeiras Leis que abem o Decálogo, e ao invés, o que o laicismo procura é a quebra deste compromisso histórico e amoroso entre Deus e o homem.

O autor acima citado e no mesmo livro, num dado ponto faz esta pergunta:: Esta é deveras a hora de Cristo. Deixá-la-ão passar os católicos assumindo a responsabilidade do advento da hora das trevas?
Há que responder, convictos de que sem o Criador a criatura não subsiste, porque se esta segue as peugadas do laicismo, a Verdade, enquanto a raiz mais funda da criatura centrada no Ser Supremo de onde ela emerge, arrisca-se a aceitar a razão como fundamento de si mesma e, como tal, a sua verdade é tida como contendo em si toda a verdade, o que, convenhamos, é uma “rasteira” que só, ilusoriamente, se passa a Deus que bem do Alto da sua magnanimidade,  desculpa o jogo rasteiro de quem O esquece, mas nos adverte para o perigo que corremos, porque se se esquece Deus, a própria criatura se obscurece, algo que com todo o propósito nos diz a Constituição Pastoral a que fazemos referência.

Eis, porque, a hora que vivemos tem de ser a Hora de Cristo porque Deus que O enviou jamais permitirá o triunfo das trevas.

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