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sábado, 15 de outubro de 2016

Os livre-pensadores

Acreditar naquilo que é possível, não é fé,
mas simples filosofia.
                                 Thomas Brown


Assistimos, hoje, ao despudor de se pensar que a arte de viver é uma corda que tange, apenas, nos que tendo muito, mais querem , e isto ao materializar-se naquilo que se alcança faz da conquista uma fé centrada no experimentalismo matemático da razão, postergando a transcendência da verdadeira Fé que bem longe de ser a filosofia dos materialismos é um fundamento teologal que ao unir Deus ao homem, cria a hipóstase que o levou a admitir como Fé, já no AT, um relacionamento  interpessoal com a divindade.

No NT esta definição havia de ganhar em S. Paulo a grande e definitiva expressão de ser a Fé o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê, para de um modo simples mas conciso, nos parecer que o Apóstolo responde aos que assim não pensam e apelidam de fé a acção que os fez ganhar coisas palpáveis ao contrapor que estas se deviam fundar no reconhecimento do mundo ter sido formado pela palavra de Deus e que as coisas visíveis se originaram do invisível. (Heb 11, 1-3)
É evidente que os livre-pensadores não querem saber disto.

Combatem a Igreja cristã e os seus erros, mas sem uma só vez se debruçarem sobre os erros laicos dos seus paganismos acirrados, movidos pelo desejo de a qualquer preço se erradicar dos povos ocidentais a tradição judaico-cristã fundada sobre o valor do monoteísmo e este firmado uma Fé adulta e crente.
A todo o custo querem implantar a adoração de novos “bezerros de ouro”, apregoando a fé em Deus como um absurdo intelectual, pois para eles o intelecto do homem só vale quando o outro se alinha pelo deles, onde o paganismo se implanta como fé, fazendo renascer um Romantismo qualquer colocado no pedestal mais alto do Modernismo das leis vazias de humanidade, porque esta só é verdadeira quando não esquece o homem como um conjunto harmónico de corpo e alma.
Os livre-pensadores vertem lágrimas fingidas sobre os mártires dos ditadores de direita, esquecendo-se de as chorar sobre os que tombaram fuzilados pelos ditadores de esquerda, como se estes mártires não tivessem o mesmo valor humano.

Impressiona, por isso, a desfaçatez com que alguns espíritos não admitem que a Igreja aponte o que é Bem e tenha um dedo apontado para o Mal, não lhe admitindo o facto dela ser a fiel depositária de milénios de uma crença que dá os rumos do Bem à vida do homem, desejando, os que se arrogam de terem a verdade fechada na mão, de chamar para si a virtude de nos dizer onde está o Bem e o Mal, como se fossem donos de uma igreja laica, desmiolada e longe dos propósitos que animam a verdadeira Igreja cristã fundada sobre a Fé autêntica de uma dúzia de homens valentes.

Paulatinamente o Ocidente está a adormecer ao som dos cantos destas sereias de águas turvas que escondem na fé dos seus materialismos o disfarce de poder fazer valer os seus projectos num desejo inconfessado de dominar as consciências adormecidas pela música de uma fé sem razão.

Ao invés, todos os que ousam ter Fé confrontando-a com a razão como fonte de raciocínio individual, cimentam a sua Fé na transcendência do pensamento paulino, de que as coisas visíveis se originaram do invisível, levando em linha de conta que nesta assunção de atitudes a razão é o motor da crença, porque nessa linha todas as conquistas materiais do homem ganham o sentido de Deus de quem tudo depende, porque como diz o pensador, acreditar naquilo que é possível, não é fé, mas simples filosofia.


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