Acreditar
naquilo que é possível, não é fé,
mas simples
filosofia.
Thomas Brown
Assistimos, hoje, ao despudor de se pensar que a arte
de viver é uma corda que tange, apenas, nos que tendo muito, mais querem , e isto ao materializar-se
naquilo que se alcança faz da conquista uma fé centrada no experimentalismo
matemático da razão, postergando a transcendência da verdadeira Fé que bem
longe de ser a filosofia dos materialismos é um fundamento teologal que ao unir
Deus ao homem, cria a hipóstase que o levou a admitir como Fé, já no AT, um
relacionamento interpessoal com a
divindade.
No NT esta definição havia de ganhar em S. Paulo a
grande e definitiva expressão de ser a Fé o
fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê, para de
um modo simples mas conciso, nos parecer que o Apóstolo responde aos que assim
não pensam e apelidam de fé a acção que os fez ganhar coisas palpáveis ao
contrapor que estas se deviam fundar no reconhecimento do mundo ter sido formado pela palavra de Deus e que as coisas
visíveis se originaram do invisível. (Heb 11, 1-3)
É evidente que os livre-pensadores não querem saber
disto.
Combatem a Igreja cristã e os seus erros, mas sem uma
só vez se debruçarem sobre os erros laicos dos seus paganismos acirrados,
movidos pelo desejo de a qualquer preço se erradicar dos povos ocidentais a
tradição judaico-cristã fundada sobre o valor do monoteísmo e este firmado uma
Fé adulta e crente.
A todo o custo querem implantar a adoração de novos
“bezerros de ouro”, apregoando a fé em Deus como um absurdo intelectual, pois
para eles o intelecto do homem só vale quando o outro se alinha pelo deles,
onde o paganismo se implanta como fé, fazendo renascer um Romantismo qualquer
colocado no pedestal mais alto do Modernismo das leis vazias de humanidade,
porque esta só é verdadeira quando não esquece o homem como um conjunto
harmónico de corpo e alma.
Os livre-pensadores vertem lágrimas fingidas sobre os
mártires dos ditadores de direita, esquecendo-se de as chorar sobre os que
tombaram fuzilados pelos ditadores de esquerda, como se estes mártires não
tivessem o mesmo valor humano.
Impressiona, por isso, a desfaçatez com que alguns
espíritos não admitem que a Igreja aponte o que é Bem e tenha um dedo apontado
para o Mal, não lhe admitindo o facto dela ser a fiel depositária de milénios
de uma crença que dá os rumos do Bem à vida do homem, desejando, os que se
arrogam de terem a verdade fechada na mão, de chamar para si a virtude de nos dizer onde está o Bem e o
Mal, como se fossem donos de uma igreja
laica, desmiolada e longe dos propósitos que animam a verdadeira Igreja cristã
fundada sobre a Fé autêntica de uma dúzia de homens valentes.
Paulatinamente o Ocidente está a adormecer ao som dos
cantos destas sereias de águas turvas
que escondem na fé dos seus materialismos o disfarce de poder fazer valer os
seus projectos num desejo inconfessado de dominar as consciências adormecidas
pela música de uma fé sem razão.
Ao invés, todos os que ousam ter Fé confrontando-a com
a razão como fonte de raciocínio individual, cimentam a sua Fé na
transcendência do pensamento paulino, de que as coisas visíveis se originaram do invisível, levando em linha de
conta que nesta assunção de atitudes a razão é o motor da crença, porque nessa
linha todas as conquistas materiais do homem ganham o sentido de Deus de quem
tudo depende, porque como diz o pensador, acreditar
naquilo que é possível, não é fé, mas simples filosofia.
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